Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com
frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Depois do ótimo Joe, melhor filme protagonizado por
Nicolas Cage nos últimos dez anos, o jovem cineasta norte-americano David
Gordon Green volta as telonas dessa vez para dirigir uma lenda do cinema, Al
Pacino. Manglehorn é um filme que caminha lentamente rumo ao fundo
do poço de uma alma em martírio por atitudes não tomadas em seu passado. O
projeto beira ao inusitado, com algumas cenas estranhas e um protagonista que
não consegue se desenvolver ao longo dos 97 minutos de projeção. O filme
concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza 2014, além de ser exibido nos
festivais de Toronto e do Rio em 2014.
Na trama, conhecemos o chaveiro Manglehorn (Al Pacino), um
homem que vive em meio a tristeza de seu cotidiano tedioso. Seu relacionamento
com o filho é quase inexistente, não consegue mais entender os sentidos das
coisas, vive dentro de uma depressão profunda e desabafa para si mesmo os erros
do passado. A única parte do dia que lhe dá algum tipo de satisfação é quando
chega em casa e interage com seu gato de estimação. Assim, ao longo da trama,
vamos acompanhando o cotidiano do personagem principal, esperando por alguma
surpresa que possa transformar essa história.
Manglehorn é um
filme muito difícil de se conectar. O uso de metáforas em forma de situações
peculiares deixa o espectador confuso. O personagem principal tenta ser
empático a todo instante, muito pela delicadeza de Pacino em sua interpretação.
Porém, o roteiro, às vezes detalhista demais, às vezes com falhas, tornam a história
quase insuportável. Os personagens coadjuvantes, que geralmente ajudam a contar
uma história densa como essa, não conseguem provocar no espectador qualquer
tipo de interessante.
Sem previsão para estrear no Brasil ainda, provavelmente
deve chegar ao circuito neste ano ainda, esse novo trabalho de Al Pacino é bem
abaixo dos últimos filmes deste espetacular ator (O Último Ato e Não Olhe para
Trás). Este projeto prova que não adianta ter em seu elenco atores acima da
média se a sua história não é bem construída para ser exibida na telona.