Até na pessoa mais cansada o amor é como um despertar. Dirigido
por Michael Showalter Hello, My Name Is
Doris, ainda sem previsão de estreia no circuito brasileiro, é uma história
bem comovente mas narrada de maneira charmosa que conta com uma bela atuação da
veterana Sally Field. Falar sobre o amor na terceira idade é a mesma coisa que
falarmos sobre o despertar para a vida e assim, ao longo dos curtos 95 minutos,
entre diversas situações diferentes (aos olhos da protagonista), vamos conhecendo
melhor a incompreendida e adorável Doris.
Na trama, conhecemos a contadora Doris (Sally Field), uma
mulher para lá de 60 anos que vive solitária em seu mundinho que gira em torno
de um trabalho entediante em uma promissora agencia de publicidade e sua casa
que mais parece um brechó de tanta coisa em pouco lugar. Sua pacata rotina muda
quando conhece o novo diretor de arte da empresa que trabalha, John (Max
Greenfield), por quem logo nutre uma paixão daquelas de adolescente. Assim,
explorando a paixonite, acaba ganhando coragem após participar de um seminário
de auto ajuda, ministrado por Willy (Peter Gallagher), e acaba entrando de
cabeça no mundo de John e sem querer redescobre os prazeres da vida.
A princípio, o raio-x das emoções da protagonista é bastante
complexo. Possui um relacionamento instável com seus irmãos, sua mãe falecera a
pouco tempo e possui poucas colegas. A chama do despertar para a vida chega
quando o amor a encontra, de maneira inusitada sem dúvidas (vocês vão perceber que ela parece a avó de Walter Mitty), mas quase como um
empurrão de suas emoções para que ela redescubra uma nova maneira de viver. Aos
poucos vamos conhecendo a personagem, seu grande amor distante que deixou para
cuidar de sua mãe, a obsessão que possui com as coisas dentro de casa, a
relação próxima mas quase superficial com as amigas. Assim, aos olhar atento
dos cinéfilos, Doris vai se desabrochando e o filme ganhando contornos cômicos,
românticos e dramáticos.
O longa possui algumas pitadas de açúcar além da conta mas
nada que atrapalhe o bom desenvolvimento da curiosa trama. A direção de Showalter
é correta, o roteiro também, esse último deixa sua protagonista brilhar e não
esquece de explorar os ótimos personagens que a cercam. Mas nada ganha mais destaque do que a ótima
atuação da duas vezes ganhadora do Oscar de Melhor Atriz (Norma Rae e Um Lugar no Coração),
Sally Field. A atriz de 69 anos dá um show de simpatia e mostra mais uma vez a
todos nós que um simples papel vira um grande papel nas mãos de uma excelente
artista.