Na adolescência tudo parece o fim do mundo, mas é apenas o
começo. Debutando em longas metragens o cineasta Felix Thompson (que dirige e
escreve o projeto) consegue realizar um trabalho muito consistente que fala
sobre tempos difíceis de um jovem que vive lutando intensamente e diariamente
contra seus instintos adolescentes praticamente sem referências. Com competente
atuação de seu protagonista Charlie Plummer, King Jack é o que podemos falar de pequena obra com muito valor,
aquela raridade que nós cinéfilos adoramos encontrar.
Na trama, conhecemos o jovem meio rebelde chamado Jack
(Charlie Plummer), um garoto de 15 anos que mora em uma cidade pequenina onde
consegue em pouco tempo arranjar confusão para todos os lados. Quando sua tia
distante fica doente, seu primo acaba indo morar com Jack, sua mãe e seu irmão
mais velho. Aos poucos uma grande amizade vai surgindo e Jack vai começar a
descobrir a importância da família em sua vida.
Há muitos pontos a se analisar nesta pequena grande obra. A
relação do protagonista com sua família é caótica, daí a consequência de uma
personalidade fragilizada por impulsos juvenis, raiva, dor e sem nenhum
perspectiva. Sua mãe parece não se importar com ele e seu irmão mais velho
parece ser aquele típico irmão mais velho de filmes norte-americanos dos anos
90. Quando começa a descobrir o amor, é rejeitado e traído. A única pessoa que
parece oferecer algum tipo de esperança é uma amiga (rejeitada por ele) que
sempre está por perto nos momentos mais difíceis que enfrenta. Com a chegada do
primo, o personagem principal começa a amadurecer forçadamente. Valores que
nunca existiram para ele começam a aparecer em sua frente, principalmente o da
amizade. Viver em um universo limitado e sem referências fizeram com que Jack
buscasse outros sentimentos para se sentir mais forte.
A única coisa que deixa nós cinéfilos tristes é que esse filmaço
indie muito provavelmente não entrará em cartaz nos cinemas brasileiros, talvez
por falta de espaço, talvez por falta de percepção das distribuidoras. Mas fica
aqui a dica deste belo olhar sobre o rito de passagem da adolescência para a
juventude em um universo não muito distante de todos nós.