Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos
você tem? Depois de duas aparições em duas produções, Bem-Vindo aos 40 (2012) e Um
Domingo de Chuva (2014), o conhecido vocalista da banda Green Day, Billie
Joe Armstrong estrela seu primeiro filme como protagonista e para surpresa de muitos
interpreta com muita naturalidade um personagem pra lá de melancólico e com
suas crises de meia idade. Escrito e dirigido pelo ainda pouco conhecido
cineasta Lee Kirk, Ordinary World possui
mais coisas positivas do que negativas.
Na trama, conhecemos o ajudante de uma loja de construção
Perry (Billie Joe Armstrong), um homem que está chegando aos 40 anos de idade,
é casado com Karen (Selma Blair) com quem tem dois filhos. Perto do seu
aniversário, Perry é fisgado por sentimentos nostálgicos de quando era um vocalista
de uma banda de rock e idolatrado pelos colegas, assim, resolve, em plena
terça-feira de tarde promover uma festa em uma suíte presidencial e a partir
das conseqüências da mesma as lacunas de sua própria identidade vão começando a
aparecer.
Sem previsão para chegar nos cinemas brasileiros, Ordinary World até certo ponto chega a
ser surpreendente pela maneira corajosa e criativa de expressar a naturalidade
das ações de muitos de seus personagens. Há um carisma evidente na figura de Billie
Joe Armstrong como um papel meio nerd, de óculos, que adora deixar o cabelo
desarrumado e tocar seu violão. O roteiro é bastante eficaz no molde e montagem
de características do protagonista principalmente porque há semelhanças entre
personagem e intérprete nesse caso. As canções, muito bonitas por sinal, que
compõem parte da trilha do filme foram assinadas pelo próprio Billy Joe, o que
deixa a parte sonora do filme um complemento eficiente.
De negativo, entre alguns pontos e outros, não fica muito
bem definida a estrutura emocional de Perry com sua família, principalmente o
seu vínculo amoroso com sua esposa. Quando focam na crise de meia idade,
esquecem um pouco de estruturarem essa relação, o que deixam lacunas abertas e
que completamos com criatividade a partir das conseqüências que vemos no clímax
da história.Mesmo assim, Ordinary World é um pequeno achado na
galeria de inúmeros filmes norte americanos de menor porte. Vale a pena conferir!