29/01/2017

Crítica do filme: 'Jackie'

O recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. Filme de estreia do excelente cineasta chileno Pablo Larraín (O Clube, Neruda, Tony Manero, No) em Hollywood, Jackie mostra a visão de da ex-primeira dama dos Estados Unidos Jacqueline Kennedy sobre a tragédia que aconteceu com seu marido, o ex-presidente John F. Kennedy. O roteiro, assinado por Noah Oppenheim (A Série Divergente: Convergente), é bem detalhista sobre os fatos apresentados e mostra uma Jackie repleta de indecisões logo após o falecimento de seu amado marido. No papel principal, Natalie Portman, em uma atuação irretocável e sensível, indicada ao Oscar de Melhor Atriz esse ano.

Na trama, ambientada em novembro de 1963, acompanha a ex-primeira dama dos Estados Unidos Jacqueline Kennedy (Natalie Portman) dias após a tragédia que o país mais poderoso do mundo nunca esquecera, a morte do 35° presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy durante uma carreata presidencial em Dallas, no Texas. Acompanhamos em detalhes toda a dor e o sofrimento de Jackie e o desenrolar intenso logo após a morte de seu companheiro. Bobby Kennedy (Peter Sarsgaard, em ótima atuação), irmão do ex-presidente, tem papel importante nessa história com diálogos intensos com a ex-primeira dama.

Esses dias após o luto são narrados de maneira muito intensa, e, assim vamos construindo um interessante quebra cabeça sobre os pensamentos e personalidade de Jacqueline Kennedy. Seus intensos diálogos com um padre -confissões de pensamentos constantes – sua relação carinhosa com uma das assessoras da Casa Branca Nancy Tuckerman (interpretado pelo irreconhecível Greta Gerwig) que vira seu porto seguro em exposição com a mídia mostrado com detalhes na apresentação da Casa Branca para um programa de televisão, sua revolta na hora de tomar fortes decisões para se despedir do marido já que Jackie queria um enterro emblemático mas os Estados Unidos estava com receio de novos ataques. Bobby Kennedy também muito afetado pela tragédia tenta sempre ser um porto seguro para a cunhada e os sobrinhos se mantendo a frente das decisões políticas já com o novo presidente Lyndon B Johnson e assessores em exercício.


O filme tem um ritmo deveras lento, ganha mais com a força de seus personagens. Flashbacks curtos ganham contornos explicativos que rodam uma entrevista que um jornalista, interpretado pelo ator Billy Crudup faz com Jackie, já afastada da loucura de Washington, dias após a tragédia. Para quem quer saber mais sobre a história pessoal que cercou um dos presidentes mais famosos do planeta, Jackie é uma visão diferente sobre alguns fatos sempre apresentados. Um filme corajoso e com belíssimas interpretações.