Colocando a nostalgia na ponta da chuteira, os cineastas Johnny
Araújo e Gustavo Bonafé nos fazem voltar aos tempos das boy bands de décadas
passadas. Dominó? N’Sync? Backstreet Boys? Não! Chocante! Abrindo as
cortinas do passado, em formato de sátira ou algo parecido, o projeto explora o
antes e depois de jovens com o mundo em suas mãos que de repente precisam
seguir por caminhos diferentes após uma briga ao vivo no programa do Gugu (sim,
isso mesmo). As pitadas cômicas, que contornam os 94 minutos de fita, se
restringem a tentativas de destaques individuais, pouco explorando o conjunto.
Do segundo arco em diante parece que nada funciona, além de decepcionar com um
desfecho pra lá de pouco inspirado.
Na trama, acompanhamos Téo (Bruno Mazzeo), Tim (Lúcio Mauro
Filho), Clay (Marcus Majella) e Tony (Bruno Garcia), amigos já na faixa dos
quarenta anos, que vinte anos atrás fizeram grande sucesso como integrantes de
uma banda chamada Chocante. Após o quinto integrante, Tarcisio, falecer, eles
que mal se falavam faz anos, se reúnem em seu funeral e começam a relembrar os
dias de glória da Boy Band que faziam parte. Assim, após as boas lembranças do
momento que viveram, resolvem voltar a serem uma banda e realizar um show relembrando
os velhos tempos.
A ideia era muito boa, explorar esse mundo dos grupos
musicais de antigamente e os inúmeros programas de televisão que participavam. Mas
nem toda boa ideia vira um bom filme. E Chocante,
fica pelo caminho rapidamente. Muito por conta de muitas subtramas pouco
detalhadas, personagens soltos no roteiro, além de exageros em cima de
exageros. Um elo importante dentro do roteiro, talvez a figura mais emblemática
dentro do filme, é o papel do fã, representado por Quézia (Débora Lamm), responsável
pelas lembranças da banda, como histórias, fotos, vídeos, momentos marcantes.
Mesmo a personagem aparecendo pouco, se torna um desafogo e ajuda a dar sentido
no primeiro arco.
O roteiro não busca a profundidade em nenhum momento, seja
na relação de amizade entre os integrantes da banda, seja na relação pai e
filho de um dos ex-cantores, seja em subtramas pouco relevantes. Parece que o
filme não tem clímax, é uma linha reta sem emoção. A música chiclete, choque de
amor, serve apenas para grudar em nossas cabeças e se torna cada vez mais
sonolenta a cada novo play. Falta carisma dos personagens, juntos decepcionam,
individualmente não brilham.