Um roteiro Straight Flush. Talvez, o patinho feio da
temporada e pouco lembrado pelas escolhas sempre polêmicas dos indicados ao
Oscar, A Grande Jogada é um filme
rico tecnicamente, com atuações profundas e personagens explosivos com
personalidade impactante. Protagonizado pela ótima Jessica Chastain, o filme
navega nos guetos luxuosos da oportunidade, onde fazer o dinheiro é questão de
minutos. A produção também marca a estreia do roteirista Aaron Sorkin que
também assina o roteiro.
Na trama, baseada em fatos reais e no livro Molly's Game:
From Hollywood's Elite to Wall Street's Billionaire Boys Club, My High-Stakes
Adventure in the World of Underground Poker, A Grande Jogada conta a história de uma ex-atleta de alto
rendimento do esqui norte-americana chamada Molly Bloom (Jessica Chastain) que
após insucessos na carreira, resolve embarcar em uma jornada inusitada que a
leva ao centro de comando das mesas de pôquer mais exclusivas – repletas de
pessoas famosas e bilionários – de toda Los Angeles e Nova Iorque. O roteiro
faz um bate e volta, passando pelo início de Bloom nessa carreira de empresária
e todas as conseqüências que vieram quando chega ao apse do poder.
Uma das coisas mais importantes em uma produção
cinematográfica é o ritmo. A Grande Jogada
acerta o tom na maior parte dos intensos 140 minutos. Dinâmico, revelador e
charmoso, o roteiro de Sorkin (que já ganhou o Oscar por A Rede Social) nos leva a uma viagem ao submundo da jogatina onde o
dinheiro rola solto, e as emoções junto com os egos se misturam transformando
mesas de pôquer exclusivas – e porque não dizer secretas – em uma roda gigante
de blefes, flushes, dramas e disputas pelo poder. Uma das imensas curiosidades,
é saber quem era de fato o ‘Player X’, talvez o grande adversário de Molly, um
astro mega famoso que muitos dizem ser Tobey Maguire (porém, informação nunca
revelada pela verdadeira Molly Bloom).
Como parte da composição da personagem, nos aproximamos de
todo um contexto familiar da protagonista, personificado pelas fortes brigas
com o exigente pai, o psicólogo Larry (Kevin Costner, em uma interpretação
cirúrgica), e a disputa que vivia em casa já que seus irmãos eram bem sucedidos
no que escolheram como profissão. Os conflitos com seu advogado Charlie (Idris
Elba) também dão força à trama e aos poucos vamos desvendando facetas da personagem
principal.
Dia 22 de fevereiro você tem um encontro nos cinemas com uma
das personagens femininas mais fortes da temporada. Reunindo uma tempestade de
confiança misturada com dramas existenciais, Molly Bloom até hoje guarda
segredos de muitos. Um quebra cabeça misterioso, repleto de algo parecido como
ética, de uma mulher que tem o poder de informações sobre gente muito poderosa.