As distâncias entre a paz e a moral. Traçando um profundo recorte do ponto de vista de um dos mais famosos cientistas da nossa história, a produção original da Netflix Einstein e a Bomba, em menos de 80 minutos, caminha por contextos históricos marcantes que levaram o homem a lançar, sem dó nem piedade, uma poderosa bomba que traçaria para sempre o destino da humanidade e colocaria em xeque a moral. A culpa e a responsabilidade são variáveis que contornam todos os contextos por aqui.
Uma mente brilhante, um pacifista, famoso por inúmeras
descobertas como a relação entre a matéria e a energia. Baseado em eventos que
circularam a trajetória da vida de Albert Einstein, ambientado em um contexto
histórico onde a Europa vive os primórdios dos horrores da ascensão do nazismo,
acompanhamos o aclamado físico, na maior parte do tempo, exilado na Inglaterra,
fugindo do pesadelo que virou sua rotina na Alemanha. Nesse lugar isolado, depois
de perder todo seu patrimônio para os seguidores de Hitler, revisitamos memórias
sobre sua trajetória e visão do mundo até ali.
Esse ponto central da narrativa é o divisor de águas do
personagem principal com sua relação, mesmo que indireta, com a corrida pela
bomba nuclear que desencadeou o tão falado e ultrassecreto projeto manhattan
(do qual Einstein não participou). No governo de Truman, os Estados Unidos
jogariam a primeira bomba nuclear da história na cidade de Hiroshima.
Desbravador de até então enigmas indecifráveis da natureza,
Einstein usou estruturas matemáticas como ponto de apoio para se chegar em
soluções que ele nunca imaginara, em seu tempo, serem utilizadas como base para
algo bem distante da paz que tanto almejava. As descobertas da pequena
quantidade de massa convertida em uma quantidade bem grande de energia, além de
uma carta enviada ao até então presidente Franklin Roosevelt, viraria o ponto
central de vantagens políticas e a sede insaciável pelo poder logo virando conclusões
em desabafos no pós bomba levando-o ao confronto com a culpa e a
responsabilidade.
A narrativa opta pelo vai e vem temporal, o que gera
dinamismo, com um bem detalhado contexto de eventos e fatos históricos
marcantes. Os avanços e as novas perguntas que surgem a partir das palavras do
grande físico geram caminhos para o espectador responder sobre a importância da
ciência mas também sobre os rumos do destino da humanidade e as associações com
a moral.