O poder e os egos inflados em meio a uma paisagem deslumbrante. Pegando carona na fórmula de bolo certeira definida pela aclamada Yellowstone, a minissérie australiana Territory é um novelão, com alguns núcleos, que busca sua força nas intrigas, traições e desencontros que são vistos ao longo dos seis episódios.
Criado pela dupla Ben
Davies e Timothy Lee, se
constrói a partir de uma premissa simples: Uma dinastia indo pro precipício a
largos passos e os problemas de comando para uma reviravolta. Mas a solidez no
seu discurso vai de encontro a uma narrativa muitas vezes desinteressante e
sonolenta, com um calcanhar de aquiles alarmante: a falta de força e carisma
nos personagens. É difícil uma forte conexão.
Na trama, acompanhamos os Lawsons, uma família que domina
Marianne, a maior propriedade rural (estância) de gado do mundo, situada no norte
da Austrália. Assim, conhecemos o chefe da família Colin (Robert Taylor), o filho mais velho Graham (Michael Dorman) e sua esposa Emily (Anna Torv), além da filha deles Susie (Philippa Northeast) e o filho distante de Graham, Marshall (Sam Corlett). Quando o filho que tomava
conta dos negócios morre de forma surpreendente, a família passará por enormes
atritos para manter o controle e legado de toda região.
Os núcleos compõe as peças em ebulição. É quase um tabuleiro
de War com jogadas movidas também pela oportunidade e sorte. Aqui, o contexto é
amplamente revisitado, deixando a narrativa numa redundância perceptível,
alguns personagens parecem que não saem do lugar. Há os ladrões de gado, os
poderosos de olho em Marianne, os nativos e suas reivindicações ligados
fortemente ao lado cultural da região, as questões políticas e os jogos de
influência.
Decisões tomadas na emoção moldam características em
subtramas afastadas e que são forçadamente colocadas em confronto. Por meio de
reviravoltas e algumas surpresas que são apresentadas em momentos chave,
rumamos até o sexto - e último episódio - com uma série de incertezas e pontas
soltas.
É muito difícil não vir logo uma comparação com Yellowstone. Família poderosa em eterno
conflito interno, um chefe de clã impiedoso, empresários cheios da grana
querendo uma parte das terras, questões com os nativos da região. Mas indo a
fundo, algumas questões se afastam na maneira como chegamos até essas
histórias.
Com um elenco encabeçado pela atriz Anna Torv – protagonista de uma das séries mais lembradas dos anos
2000, Fringe – Territory peca na construção de seus personagens. Isso é uma flecha
danosa em qualquer alicerce que se baseia nas relações conflituosas que se
seguem.
Com suas paisagens deslumbrantes, rodado no Território do
Norte e na Austrália do Sul, incluindo o Parque Nacional Kakadu, considerado
Patrimônio Mundial da UNESCO, Territory
usa da dinastia do gado para mostrar a ganância e o ego inflado. Se você
conseguir se distanciar de Yellowstone,
pode ser que ache mais méritos. Mas em resumo, é uma minissérie visualmente
chamativa mas com carência no desenvolvimento de seus inúmeros personagens.