Sem medo de escorregar nos clichês - de forma nada pretenciosa - a comédia francesa Invasão de Lua de Mel, novo sucesso da Netflix, nos leva até uma história longe de ser inovadora, com a autodescoberta dominando o desenvolvimento e os conflitos dos personagens. Dirigido pelo cineasta Nicolas Cuche, o roteiro bem ajustado busca a diversão abordando com certa maturidade sobre relações mães e filhos, também a diferença de idade nas várias formas do amar.
O destino vem pregando peças no introspectivo - e por vezes
chato - Lucas (Julien Frison), um
homem que quando encontra o amor de sua vida é abandonado no altar. Sem saber o
que fazer e com a viagem de lua de mel já comprada, resolve chamar sua mãe Lily
(Michèle Laroque) para aproveitar
alguns dias mais relaxados num verdadeiro paraíso repleto de casais. Nesse
período irá descobrir mais sobre ela e também novas formas de enxergar o mundo
que sempre se colocou à sua disposição.
Destrinchando um relacionamento maternal, algo que sempre
chama a atenção em qualquer linha de roteiro, esse projeto consegue um interessante
recorte no presente de um dos personagens principais em conflito dominado pelas
amarguras da vida. Nada de muito novo até aqui. Mas olhando mais profundamente,
mesmo com os exageros correndo soltos e uma ingenuidade na resoluções de
conflitos, uma coisa chama muito a atenção: há uma leveza e maturidade nos
pontos de reflexões.
Entre o riso e as pitadas dramáticas encontram-se elementos
harmônicos que nos levam até ações e consequências sem muitas camadas. O duplo
protagonismo e a duas visões da vida naquele presente, vira duas linhas que
andam em paralelo mas com pontos que se encontram dentro de um contexto improvável.
Ajudando a contar essa história, merece destaque o elenco super carismático,
com nomes como: Michèle Laroque, Kad
Merad e a fabulosa artista espanhola Rossy
de Palma.
Invasão de Lua de Mel
ainda brinca com os sentimentos e os olhares sobre as diferenças de idade,
situação que de alguma forma aproxima a ficção de pitacos para análises do
comportamento, da realidade. Nesse projeto água com açúcar, o que vale como
entretenimento é o distrair em forma de divertimento mas sem esquecer de abrir
o olhar para questões sobre a vida cotidiana.