Uma viagem pelos Estados Unidos de dois jovens recém noivos termina com apenas um deles voltando pra casa. Partindo desse ponto para montar peças de um quebra-cabeça macabro que envolve a violência doméstica e a dependência emocional, chegou ao catálogo da Netflix uma série documental de três episódios que apresenta os fatos de um crime que chocou um país.
Homicídio nos EUA:
Gabby Petito nos leva até acontecimentos de anos atrás, um true crime que
mostra muito mais do que um frio assassinato mas contribui para bons debates
sobre o circo midiático em casos como esse, além de reflexões sociais profundas
na ação policial.
Uma van e um sonho. Depois de pouco mais de um ano juntos, o
casal Gaby e Brian partiram para morar um tempo juntos, vivendo como nômades, num
veículo com tudo que precisam. Ela com o sonho de ser vlogueira, ele
acompanhando. Quando Gaby fica sem dar notícias por duas semanas, sua família
entra em contato com a polícia e assim inicia-se um capítulo triste dessa
história.
Usando a inteligência artificial para recriar a voz de Gabby
para textos do seu diário e mensagens, o documentário - também investigativo -
acompanha detalhes dessa relação através de depoimentos dos pais, das forças
policiais e amigos próximos. Um retrato de Brian vai sendo montado sob o ponto
de vista de todos que cercam Gaby. Não há um outro lado dessa história pois
todos ligados a Brian não quiseram dar depoimentos.
Conduzindo o documentário com os elementos que tem em mãos,
a dupla de diretores consegue chegar até mesmo em críticas sociais profundas,
com duas delas em destaque. Uma sequência chama muito a atenção, quando a van
do casal é parada por policiais numa estrada, após uma denuncia ser feita, o
tratamento e conclusões da situação escancaram o machismo e o despreparo
policial em identificar um grave problema. Outro ponto é a questão do
jornalismo em relação aos fatos. O documentário apresenta questões que vão
muito além do circo midiático que virou o caso.