01/03/2025

Crítica do filme: 'O Reformatório Nickel'


Com uma narrativa que chama a atenção com sua criatividade e dinamismo, um dos indicados ao Oscar de Melhor filme em 2025, O Reformatório Nickel, mostra desde seu arco inicial a força que esse filme teria para trazer através de memórias dolorosas reflexões importantes para a sociedade. Esse é um daqueles filmes que você assiste e não esquece.

Ambientado em partes na década de 1960, acompanhamos Elwood (Ethan Herisse) um jovem negro, cheio de sonhos, que um dia após pegar uma carona acaba sendo enviado injustamente para um reformatório conhecido pelo tratamento abusivo. Nesse lugar, vive experiências marcantes numa época de separação racial e enorme preconceito, encontrando na amizade do colega Turner (Brandon Wilson) uma força para passar pelos obstáculos que o destino colocou em sua frente.

Baseado no livro homônimo ganhador do Prêmio Pulitzer de ficção em 2020, escrito pelo romancista norte-americano Colson Whitehead, o filme tem uma ótima sacada ao seguir com a câmera o ponto de vista dos protagonistas, provocando uma imersão fantástica que agrega imagens e movimentos para as intensas emoções dessa jornada de angústia, dor e preconceito. Essas trocas de perspectivas dão um fôlego interminável para a narrativa, com ângulos e imagens aleatórias completando uma experiência marcante e emocionante.

Com a surpresa de atravessar o tempo, num antes e depois, que vira uma única reta, contextualizando toda a experiência vivida num lugar cruel, acompanhamos a indignação, o preconceito descarado, em uma época triste da nossa história. Aos olhos de Elwood e Turner, um repleto de ideais e outro completamente cético ao futuro, exemplos entre tantos outros que sofreram a mesma dor, percorremos essas memórias doloridas que se mostram presentes, presos ao passado difícil de esquecer.

Com mais de 50 vitórias em premiações e com duas indicações ao Oscar 2025, O Reformatório Nickel entrou na Prime Video nesse início de 2025. Não deve ganhar o Oscar mas não deixa de ser um dos mais profundos filmes da seleção desse ano. Belo trabalho!