Respeitável público cinéfilo, chega diretamente da França um
dos filmes mais carismáticos que vão entrar no circuito em breve aqui no
Brasil, Chocolate. Selecionado para
o Festival Varilux de Cinema Francês deste ano o longa-metragem dirigido pelo
ator e diretor Roschdy Zem conta a história do primeiro palhaço negro da França
e ao longo dos 110 minutos de projeção vamos acompanhando a trajetória deste grande
artista. Para dar vida ao eterno Chocolate, o carismático ator Omar Sy (que
ficou bastante conhecido pelo filme Intocáveis)
que mais uma vez mostra todo seu talento. Outro grande destaque do longa
metragem é a atuação fenomenal do ator suíço James Thierrée, neto de Charlie
Chaplin.
Na trama, conhecemos a trajetória de Rafael Padilha, um ex-escravo
que nasceu em Cuba no ano de 1868 e foi vendido quando ainda era criança.
Tentando sobreviver mesmo sem ter a documentação para viver na França, resolve
embarcar no universo mágico do circo e assim após encontrar-se com George
Footit (James Thierrée), um palhaço em franca decadência, resolvem juntos
montar um espetáculo em dupla que é um tremendo sucesso num dos principais
teatros de uma Paris que respirava grandes espetáculos. Mas nem tudo são flores
na vida de Chocolat, seu vício em jogos e bebidas acabaram levando sua carreira
de sucesso para um sofrimento sem limites.
Por conta do dinheiro fácil ganho e seus vícios oriundos de
má amizades que fez quando estava no clímax de sua carreira, Chocolate sofre
bastante durante toda sua trajetória. Ingênuo e sem muitos amigos, encontra um
porto seguro apenas quando está por perto de Footit. Quando resolve embarcar em
uma trajetória solo, montando o espetáculo Otelo, de Shakespeare, Chocolate
sofre durante e novamente com a questão do preconceito. Toda a trajetória é
mostrada com eficiência e boas ligações entre um arco e outro.
Nem mesmo quando o amor entra na história do artista sua
vida entra em equilíbrio. Após uma tarde de autógrafos nas ruas de Paris,
Chocolate conhece a linda enfermeira Marie Hecquet (Clotilde Hesme), mulher que
o acompanha até sua prematura morte em 1917 causada por um desenvolvimento de
uma tuberculose não combatida. Trazendo um paralelismo para a paixão de nosso
país, a carreira de Chocolate é muito parecida com a de muitos ex-jogadores de
futebol que nos bons momentos eram conhecidos, tinham fama e dinheiro mas que
após o repentino sucesso , alguns, caíram no esquecimento e perderam quase tudo
o que conquistaram.
Com um orçamento de cerca de 18 milhões de dólares, Chocolate possui uma direção muito
competente de Roschdy Zem além de atuações que transformam esse drama em um
delicado e profundo retrato sobre o mundo artístico francês.