03/06/2022

Crítica do filme: 'Quem me Ama, me Segue!'


A vida é feita de escolhas mas sempre é possível voltar atrás em algumas delas. Caminhando em cima do tema: ‘Nunca é tarde para mudar’, o longa-metragem francês Quem me Ama, me Segue! , disponível no streaming da Looke, é um projeto que apresenta as dores da não liberdade e as mudanças que podemos guiar nossas vida em qualquer fase dela. Os personagens, brilhantemente interpretados por um trio de ótimos experientes artistas franceses (cada um deles com mais de 90 trabalhos no currículo) dão o tom dessa simpática fita europeia escrita e dirigida pelo cineasta José Alcala.


Na trama, conhecemos o casal Simone (Catherine Frot) e Gilbert (Daniel Auteuil) que vivem em um vilarejo e estão juntos faz mais de 35 anos. A primeira é uma mulher infeliz que se relaciona com o vizinho Etienne (Bernard Le Coq), um amigo de longa data do casal. O segundo é um marido estúpido, machista, nada cavalheiro que sempre oprimiu sua esposa ao longo de todo esse tempo. Certo dia, Simone resolve fugir de casa e ir atrás de Etienne que havia se mudado fazia dias. Completamente perdido, Gilbert embarcará em uma jornada na tentativa de convencer a esposa a voltar pra casa, ele contará com a ajuda do neto que quase não tem contato por conta de uma briga antiga com a mãe do garoto (sua filha).


A força do filme está no seu elenco. O entrosamento é nítido, parece que Bernard Le Coq, Daniel Auteuil e Catherine Frot muitas vezes parecem se divertir em cena. A profundidade de seus ricos personagens nos chega através da falsa sensação de melancolia por conta de escolhas do passado que acabaram moldando de alguma forma a grande amizade que existe nessas relações. Mesmo mais focado em Simone e Gilbert, Etienne é uma espécie de contraponto e algumas vezes até mesmo ponto de interseção para entendermos os sentimentos que rolam na confusão instaurada.


Quando olhamos para Simone, o leque de reflexões cresce. Muito magoada por não se sentir livre para fazer o que deseja, passou anos de sua vida estacionada em um relacionamento agressivo sem o quase romantismo do início. Esse duelo interno de Simone, fugir ou continuar sendo infeliz, acaba moldando as ações dos outros personagens que na ausência dela acaba criando uma oportunidade de redenção, principalmente por parte do carrancudo Gilbert.


Simples e objetivo, Quem me Ama, me Segue! pode ter seus momentos confusos mas de alguma forma consegue passar sua mensagem sobre as escolhas que podemos ter na vida quando temos a liberdade bem na nossa frente.