Grande Vencedor do Prêmio de Melhor Longa-metragem na segunda edição do Festival de Cinema de Vassouras no Vale do Café, Horizonte nos mostra de forma delicada e poética a história de um homem condenado a vive em um cubículo, tendo seus direitos jogados para fora de um lugar que já chamou de lar, juntamente com seus restos de sonhos, ficando preso a uma solidão angustiante. A virada nesse projeto é um ponto de partida para surpresas e emoções, quando a coragem bate à sua porta e um novo amor chega trazendo de volta para sua vida tudo que lhe havia sido roubado. Dirigido por Rafael Calomeni, filmado em grande parte na cidade de Aparecida de Goiânia, segundo município mais populoso do estado de Goiás, Horizonte nos mostra que, as vezes, nas mais simples histórias estão inesquecíveis reflexões sobre a vida.
Na trama, conhecemos, um senhor já na parte final de sua
vida (Raymundo de Souza) que se vê em
um presente tumultuado, com a família em conflito após a morte de um membro. Morando
numa casa onde não é bem-vindo, onde a solidão bate mais forte a cada segundo
que passa, certo dia, após ouvir um anúncio numa rádio local, resolve se mudar
para um condomínio de casas que está sendo construído com o apoio da
prefeitura. Nesse lugar descobre um novo sentido da vida e até mesmo é
surpreendido por um novo amor.
Onde há esperança em meio ao caos de um cotidiano triste,
sem vida? As traduções de linhas do abstrato mundo dos sentimentos camuflados
pela solidão, em muitas histórias dentro de uma casa dividida, acaba sendo o
pontapé inicial desse roteiro surpreendente. Uma câmera inquieta, em constante
movimento, busca completar lacunas por meio de detalhes. Seja num gesto, num
olhar, num ato de confronto, aqui o espectador precisa estar preparado para
refletir sobre a desconstrução, principalmente quando quatro paredes logo se
tornam oito em um recorte profundo sobre a solidão que nunca encontra a
solitude.
Se queres que eu sofra é grande o teu engano! Um clima de conflitos
e mais conflitos, longe de primeiros passos para uma possível fuga acaba
despertando no protagonista uma necessidade de viver melhor o tempo que lhe
resta, ele sabe que só terá uma oportunidade quando essa chegar. É o que
acontece! Quando resolve desbravar o mundo, sempre com seu violão no colo, a redescoberta
da vida logo chega. E com ela, surpresas. Nesse caminho para um tantinho de
esperança tudo começa a fazer mais sentido aos seus olhos, que não estão
chorando!
Produzido por Dostoiewski
Champangnatte (um dos roteiristas do sucesso Fala Sério, Mãe!), o filme conta com boa direção de Calomeni, uma
fabulosa e inesquecível atuação do experiente ator Raymundo de Souza. Horizonte deixa suas reflexões pelo
caminho, com um final aberto que deve gerar várias interpretações. A única
certeza é de que é um filme que merece ganhar o circuito de exibição e emocionar
plateias de todos os cantos de nosso país.