Uma sátira mais que certeira sobre a hipocrisia alheia. Buscando fora da caixa sair das mesmices de outros melodramas com pitadas satíricas e ácidas, o longa-metragem sueco A Hipnose caminha pela desconstrução de uma protagonista que estava em crise e nem sabia. Através de linhas de um roteiro ácido, debochado, que diz verdades pelas entrelinhas, somos levados até as verdades de um relacionamento que também esbarra nas hipocrisias culturais de um mundo que busca o real sentido de algo impossível: a normalidade.
Na trama, conhecemos os sócios e namorados Vera (Asta Kamma August) e André (Herbert Nordrum) que estão prestes a
conseguir alavancar um importante investimento para o aplicativo que criaram,
focado na saúde das mulheres. Em paralelo, buscando parar de fumar, Vera
resolve ir até uma hipnoterapeuta, fato esse que mudará sua maneira de enxergar
a bolha em que vive e também suas relação sociais, se tornando o estopim para
situações em meio a uma viagem de negócios.
Os deslizes da moral são vistos aos montes, aqui muitas
vezes camuflados por atitudes e ações fora do padrão estabelecido por uma
cultura que preza pelo capitalismo e esquece das simplicidades das relações
humanas. Esse enorme experimento social, entre seus muitos méritos, possui uma
trilha sonora bem encaixada complementar a uma narrativa envolvente que de
forma certeira e contundente prende a atenção dos espectadores.
Escrito e dirigido por Ernst
De Geer, A Hipnose nos faz pensar sobre um mundo que corre num paralelo
onde muitas vezes não o enxergamos. A partir de dois personagens em conflitos
que se sucedem, dentro da relação estabelecida de namorados e sócios, acompanhamos
com muita atenção e curiosidade uma disputa com tons cômicos, guiado pelo
constrangimento onde logo se chega as novas maneiras de pensar e agir. Esse mar
de desconstruções é o ponto alto desse longa-metragem disponível na Mubi.