Um dos filmes mais interessantes desse segundo semestre de 2024 é sem dúvidas: A Substância. Explorando de forma aterrorizante inconsequências rumo as derrapadas sombrias dos pensamentos que se chocam na realidade, acompanhamos em intensos e tensos 140 minutos de projeção uma série de reflexões sociais, críticas evidentes e pelas entrelinhas. Uma bomba relógio que mete o dedo nos deslizes da sociedade, nos padrões de beleza, na mídia e nas camadas incontroláveis do inconsciente.
Na trama, conhecemos Elisabeth (Demi Moore), uma artista que vive seu presente longe dos holofotes
e fama de outros tempos. Em total declínio na carreira, um dia é convidada a
participar de um experimento com uma substância que replica células criando
assim uma nova versão, e mais jovem, de si mesma. Assim, surge Sue (Margaret Qualley). Embarcando nessa, Elisabeth
perceberá que as consequências tomam um caminho sem volta.
Escrito e dirigido pela cineasta francesa Coralie Fargeat, A Substância é um
filme que demora a sair de nossas memórias. Usa do chocar e do poder de assuntos
que se mostram amplos para debates sobre a sociedade de consumo, dos equívocos
da moral, entre outros. Tudo isso é feito numa narrativa imersiva que contorna
a psicologia de uma mente em conflito que se apoia na necessidade de aceitação.
O ambiente claustrofóbico onde o clímax causa mais impacto
vira um espelho de pensamentos, um reflexo das idas e vindas dos pensamentos
enclausurados que tem a chance de nascer numa realidade através de uma
oportunidade repleta de inconsequências. Seguindo nessa linha do ‘até as
últimas consequências’ o público tem a chance de refletir através do sinistro,
das personificações que levam esse drama a patamares da alta tensão.
Chocante e com atuações fantásticas – Demi Moore com altas
chances de estar indicada as principais premiações do cinema - esse
longa-metragem chegou na MUBI após uma rápida passagem pelo circuito exibidor.