...O velho bacon, os velhos ovos com a gema dura, o talento de sempre de uma dupla que enche sessões desde sempre...
O novo trabalho do diretor nova-iorquinho David Frankel não era fácil, dirigir na
telona dois grandes atores que só por constarem no elenco de um filme já geram
expectativa. Para a alegria dos cinéfilos, o cineasta que dirigiu, entre outros
filmes, "Diabo Veste Prada"
e "Marley & Eu"
consegue fazer um filme maduro, como os personagens que estão no epicentro de
uma crise no seu casamento. Com o lema “Mesmo bons casamentos tem anos ruins”, “Um Divã para Dois” é uma comédia com
pitadas de drama que agrada de uma maneira geral, pena que a trilha sonora não
encaixa com o filme. Uma grande decepção nesse aspecto.
Na trama, um casal já na flor da terceira idade enfrenta uma
crise intensa em seu relacionamento. Para tentar fugir da mesmice procuram se
entender em algumas sessões de aconselhamento de casais, sob o comando de um
médico experiente no assunto. A lembrança de momentos vivos na vida daquele
casal reacende a chama que não mais existia. O pedido de casamento com direito
a anel no pão doce, noites inesquecíveis, viagens memoráveis, todas essas
situações despertam novamente aquele sentimento que estava guardado dentro
daquele casamento de 31 anos.
É um filme maduro como os personagens. Interpretar um mal-humorado
rabugento é com o Tommy Lee Jones,
impressionante como está na sua essência (assim como o Sean Bean para interpretar reis em histórias medievais). O ganhador
do Oscar chega a rouba a cena em alguns momentos, excelente atuação. Seu
personagem Arnold é rabugento, mão de vaca que curte golf e há tempos que não
abraça sua mulher, entra em um processo de grande transformação ao longo do
filme. Sua mulher, Kay, é interpretada pela grande rainha dos cinéfilos. O
jeito de falar, o encaixe nos trejeitos, Meryl
Streep consegue, como poucas, fazer qualquer papel muito bem, é
impressionante. Interpretando o doutor especialista em recuperar casamento,
temos o comediante Steve Carell. Em
alguns momentos, é engraçado ver o Steve
sério, ser cômico está em sua essência.
O filme tem seus méritos por falar de sexo na terceira idade
sem ser vulgar. Méritos do roteiro de Vanessa
Taylor (que já escreveu episódios de seriados como "Game of Thrones" e "Everwood"), aproxima o público, de
todas as idades, da história facilmente com diálogos leves e descontraídos. O velho bacon, os velhos ovos com a gema dura, o talento de
sempre de uma dupla que enche sessões
desde sempre. Uma ótima diversão, lotem as salas de cinema!