O dia em que o cinema salvou vidas
O que pensar de um filme que verdadeiramente salva pessoas?
Baseado em fatos reais, “Argo”, é
uma história inacreditável que mistura piadinhas hollywoodianas à uma tensão
política que ocorreu entre Irã e EUA no final da década de 70 e início dos anos
80. Dirigido pelo ator e também diretor (graças a Deus) Ben Affleck, o drama consegue prender a atenção do público, do
início ao fim, nos poucos mais de 110 minutos de fita e tem tudo para ganhar
muitos Oscars na próxima cerimônia dessa grande festa.
Na trama, somos guiados para o dia 4 de novembro de 1979
quando a embaixada americana no Irã foi atacada por militantes, fazendo
inúmeros reféns. No meio desse caos, seis americanos conseguiram fugir por uma
saída secreta e se refugiaram na casa do então embaixador canadense. Após
acharem fotos de todos que estavam na embaixada, os militantes descobrem que
faltam 6 pessoas e vão à caça dos mesmos. A CIA, sabendo disso, chama o
especialista em "exfiltração" Tony Mendez (Ben Affleck) que arruma um plano incrível, inventar a gravação de
um filme (uma ficção científica, à la “Duna”,
talvez) e fazer os seis se passarem por parte dessa produção e assim retirar
todos dessa zona de perigo.
Quem diria que um filme dentro de uma guerra gerasse uma
trama tão inteligente inserido nessa revolta mundial. O país todo dependia
daquele ato, só alguns sabiam. O roteiro é bem amarrado, consegue utilizar
clichês mas de maneira superficial, o que ajudará o longa a ter muita aceitação
do mundo cinéfilo. O público não tira os olhos da telona, torce a cada instante
para um desfecho positivo sempre guiados, dentro dessa tensão, pela fabulosa
trilha sonora do genial Alexandre
Desplat. Entre partidas de xadrez, cigarros e discussões a tensão aumenta a
cada dia na vida daquelas seis pessoas. Os dramas individuais vão se
unificando, totalmente reféns daquela situação que não tem fim. Destinam suas
vidas a um homem com uma ideia mirabolante, fato que os deixam preocupados e em
saber que decisão tomar (também, não era pra menos , né?).
Além de problemas políticos, vidas em risco, Cia, Governos,
Eua e Irã, o filme tem um grande espaço para falar sobre cinema. Nessa ótica
temos que aplaudir esse terceiro filme dirigido por Affleck e toda sua produção
que fora impecável na retratação dessa grande história, principalmente o lado
em que bate nessa grande indústria e seus envolvidos. Falando nisso, precisamos
destacar os excelentes John Goodman e Alan Arkin. O primeiro interpreta o
lendário John Chambers, artista famoso no mundo do cinema (ganhador do Oscar de
melhor maquiagem por "Planeta dos Macacos" em 1968) que tem papel
primordial para que a missão aconteça. Goodman consegue dar uma veracidade
impressionante ao personagem sempre com ótimas sacadas. Já o segundo interpreta
Lester Siegel, produtor famoso de décadas atrás, que junto com Chambers eram os
únicos civis que sabiam de todo o plano. Arkin dá um show, humor, tensão e
excelentes diálogos, merece todos os prêmios de coadjuvante no ano que vem. As
duas atuações, marcantes, junto com o roteiro e a direção são os grandes
pilares do filme.
Com tantos elogios, está feito o convite. O cinema salva
vidas! Você duvida? Vá conferir nos cinemas!