Quando o amor não basta, o medo consome. Para falar sobre as
problemáticas nucleares, uma pincelada crítica dos abalos energéticos de muitos
países, a diretora Rebecca Zlotowski (em seu segundo longa-metragem) utiliza
uma cobertura romântica protagonizada pela mais nova musa do cinema francês, Léa
Seydoux. Grand Central pode ser definido também como a história de
homens e seu traiçoeiro trabalho que geram conflitos emocionais, físicos e
familiares muito bem reproduzidos na telona.
Na trama, conhecemos Gary Manda (Tahar Rahim), um homem sem
objetivos que vive pulando de trabalho em trabalho em diversas cidades. Quando
os ventos do destino mudam outra vez sua direção, consegue um emprego em uma
usina nuclear na França. Por lá faz novos amigos e conhece um grande amor,
Karole (Léa Seydoux), namorada de Toni (Denis Ménochet) um dos que o melhor o
recebe na nova cidade. Lutando contra um desejo reprimido, tenta sobreviver a um
trabalho perigoso e a um amor proibido.
A conflituosa relação que o destino cravou gira quase que
exclusivamente em torno do protagonista, um homem que nunca esteve apaixonado e
que vive de maneira intensa sua vida. Nas mesas de sinuca ou na estrada andando
como nômade à procura de uma razão para sua existência, encontra no amor seus
conflitos mais profundos. Um jogo de paixão, desejo e razão vão se misturando,
deixando o personagem à deriva de ações inconseqüentes.
Obviamente, a intenção da fita era transmitir e criar uma
discussão em cima da problemática e os perigos das usinas nucleares. Só que a
história que a princípio viria em segundo plano, o amor singelo e bruto entre
dois personagens, acaba tomando o papel de protagonista no processo de
interação com o espectador muito por conta da intensidade e competência da
atriz Léa Seydoux, iluminada (mais uma vez) em cena.
Longe de ser o melhor filme da coadjuvante principal de Azul
é a Cor Mais Quente (nem tão pouco seu filme mais polêmico), Grand Central
merece ser conferido por todos os cinéfilos pois consegue encontrar em suas
subtramas uma inteligente razão de existência.