Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas
isso não é desespero, eles sabem que o amor existe. Após alguns curtas de muito
sucesso no cenário independente, o cineasta nova iorquino Ned Benson, em seu
primeiro longa-metragem, resolve falar profundamente sobre um sentimento que
consome muitos de nós, em determinadas partes de nossas vidas, o amor. Para
tal, escreveu um roteiro muito interessante, que soa várias verdades universais,
e chamou uma talentosa dupla de artistas para compor o casal protagonista. A fórmula
dá mais que certo, leva o público à emoção em cada sequência.
Na trama, conhecemos o casal apaixonado Connor (James
McAvoy) e Eleanor (Jessica Chastain), uma dupla de pombinhos que tinham uma
relação maravilhosa até que por circunstâncias do destino o único filho do
casal falece precocemente. A partir dessa situação, o casal não consegue mais
se entender e começam a trilhar caminhos diferentes. Após uma tentativa de
suicídio por parte de Eleanor, Connor reacende a paixão que há nessa relação e
passa a tentar reconquistar sua esposa, percorrendo caminhos que machucam a
todos os envolvidos.
A entrega dos atores em cena é algo louvável, visceral.
Jessica Chastain tem uma de suas melhores atuações em um longa-metragem. Um
absurdo ela ser esquecida por algumas premiações como o Oscar. Sua complexa
personagem navega em sentimentos turbulentos e se constrói e descontrói a cada
nova sequência, fazendo o público se emocionar bastante. Conseguimos sentir bem
próximo a dor que a personagem possui, e o pior, o bloqueio que ela cria em
torno de sua relação com o marido. Torcemos a cada instante para um final feliz
mas conforme o filme avança em seus longos 120 minutos, percebemos que a
felicidade é algo relativo nessa história que também podemos ler como uma
espécie de redescoberta do amor.
Para um primeiro trabalho no mundo do cinema, Ned Benson
passa com louvor no teste. A ideia era super arriscada, afinal falar sobre amor
pode se tornar clichê e nunca atingir aos nossos corações com a profundidade
que é necessária para se tornar inesquecível em nossa memória cinéfila mas, no
fim desse projeto, é muito difícil o cinéfilo sair sem dar aquele sorrisão de
quem viu um grande filme. Dois Lados do
Amor estreia no brasil nesse primeiro semestre. Você não vai perder né?