O inimigo é a imagem que temos do herói. O cineasta sueco Ruben
Östlund resolve voltar as telonas de todo mundo para contar uma história tensa
sobre medos, constrangimentos e uma relação deteriorada por uma ação
inconsequente. Com uma trilha sonora moldada a partir de solos intensos de
violinos, Força Maior é um daqueles
filmes que causam um grande impacto em todos nós durante as duas horas de fita.
O diretor, que também assina o roteiro, dá um show atrás das câmeras, a cena da
avalanche, epicentro da trama, é simplesmente eletrizante.
Na trama, conhecemos uma família sueca que vai para uma
estação de esqui para passar um período de férias. Tudo ia bem até que um dia,
almoçando em um restaurante ao ar livre, uma avalanche inesperada surge, dando
um grande susto. Na hora em que estava se aproximando o fenômeno natural, o pai
pega suas luvas e celular e sai correndo, deixando o restante da família para
trás. Agora, a partir desse ato, terá que viver as consequências que impulsionarão
brigas e desconfianças com sua mulher.
O sofrimento causado pela inusitada situação é enorme, atinge todos os membros da família com a mesma
intensidade. A mulher, Ebba (Lisa Loven Kongsli), não se conforma que o marido
não admita que saiu correndo por medo da avalanche. O homem, Tomas (Johannes
Kuhnke), fica constrangido toda vez que o assunto volta a tona em conversas,
parece lutar para não admitir sua ação no trauma em que passaram, é uma vítima
de seus próprios instintos. Outros casais (e seus outros problemas) vão passeando
pela história e os protagonistas precisam segurar seus pensamentos e tentam
blindar a família a todo instante. Porém, o assunto da atitude durante a
avalanche nunca perde espaço e propaga uma série de reações inesperadas.
O diretor realiza um trabalho muito competente atrás das
câmeras. Ajuda a compor várias cenas emblemáticas como: a forçada não troca de
olhares no espelho do banheiro, a tentativa de sexo entre o casal de
protagonistas visto pelo reflexo de uma janela, entre outras. A capacidade de
gerar ao público um raio-x completo sobre os problemas que um relacionamento
pode enfrentar é feito com louvor.
O longa-metragem, que figurou entre os melhores filmes do
cinema europeu ano passado, chega ao Brasil em março e promete deixar a plateia
satisfeita pelo belo trabalho de Östlund e todo o elenco. É um grande filme,
sem dúvidas.