Conceição eu me lembro muito bem. E você também! Quem nunca
ouviu essa música, mesmo sem saber quem cantava essa canção? Dirigido pelo
cineasta Nelson Hoineff, Cauby -
Começaria Tudo Outra Vez, mostra um pouco da intimidade de uma das maiores
vozes da história da música brasileira. Influenciado pelos figurinos de
Liberace (famoso pianista norte-americano que recentemente ganhou uma espécie
de biografia, Minha Vida com Liberace, pelas mãos de Steven Soderbergh e com interpretações
fabulosas de Michael Douglas e Matt Damon), o rei do chique com brega é
desmistificado e o público ganha pela emoção da
inigualável Voz.
Na trama, conhecemos mais a fundo a trajetória e um pouco da
vida pessoal do cantor, e porque não dizer grande artista, Cauby Peixoto. Pai
professor de violão, mãe que tocava violino, nasceu e cresceu em um ambiente
musical e aos poucos foi aprendendo as técnicas do canto. Em sua casa em
Higienópolis, São Paulo, vamos conhecendo suas intimidades, e, em paralelo ao
universo Cauby, uma história de um jovem fã e a aventura de encontrar o ídolo
pela primeira vez.
Aquela vitrola antiga, aquele som que nunca deveria deixar
de ser obsoleto. Ao longo do ótimo documentário de Hoineff vemos depoimentos de
artistas renomados como Aguinaldo Rayol e algumas pessoas próximas ao grande
cantor. Histórias e mais histórias que chegam impactantes aos olhos do público
pois contam curiosidades de toda a trajetória não só de Cauby mas da música
brasileira.
Mas, não há como negar. Por mais que o longa-metragem, que
estreia dia 28 de maio nos cinemas brasileiros, tenha tido um competente
processo de pesquisa, algumas imagens históricas de arquivos e um momento
marcante do filme quando Cauby fala sobre homossexualismo e suas experiências
sexuais, a força do documentário está na voz impactante desse ícone brasileiro.
Nas cenas intercaladas dele cantando seus grandes sucessos como intérprete
corre um ventinho gostoso de arrepio no espectador.
Um calmante, um excitante. Cauby, nunca deixará de ser um ídolo
de milhares de brasileiros e felicidade maior é esse presente não só para seus
fãs mas para os cinéfilos. Por isso, Cauby: cante, cante e não pare jamais.