Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. Dirigido
pelo cineasta alemão Christian Petzold (do ótimo Barbara), o longa-metragem Phoenix
possui uma narrativa bastante lenta, um ritmo próprio que deixa o público
um pouco com sono, conta com uma ótima atuação de sua protagonista e uma
direção apenas boa de Petzold. Esse longa-metragem, que estreia no Brasil no
mês de julho tem coisas muito boas e coisas que deixam a desejar,
principalmente quando falamos em roteiro.
Na trama, ambientada no ano de 1945, acompanhamos a saga de Nelly
Lenz (Nina Hoss), uma sobrevivente dos campos de concentração nazistas que, apesar
de ter escapado do sofrimento que passou, sofreu vários ferimentos e seu rosto ficou
totalmente desfigurado. Sem qualquer terror, vê a desunião das moléculas de sua
própria existência, até que chega em sua vida, Lene Winter (Nina Kunzendorf), funcionária
de uma agência judaica, que toma como missão cuidar e ajudar ela de todas as
maneiras que é capaz. Junto com Lene, chega também a possibilidade de Nelly
reencontrar seu marido. Mas será que ele vai reconhecê-la? O que será do
destino dessas almas?
Nina Hoss interpreta com maestria sua sofrida Nelly Lenz. A
agonia desta bela personagem somente é compreendida no segundo arco. E no arco
final, já no desfecho da trama, carregada de emoção, surpreende o público com
uma cena muito bem executada e que explica muito de todo o contexto da trama. O
elenco, que leva o filme nas costas, ainda conta com Nina Kunzendorf e Ronald
Zehrfeld, ambos inspirados em seus papéis.
O filme todo é modelado em atos recheados que vão melhorando
conforme descobrimos mais sobre os personagens. A narrativa lenta que se
destaca no início do filme, acaba deixando o andamento da história um pouco
arrastado, muito porque acaba acontecendo uma certa sonolência pela falta de
informação. É difícil ter empatia pelos personagens quando eles simplesmente
são jogados em cena, mesmo assim as atuações dos artistas são acima da média deixando
que pelo menos o suspense seja interessante para o respeitável público.