A tensão é um mecanismo de defesa para as possibilidades do
que achamos ser inevitável. Selecionado para a Quinzena dos Realizadores do
Festival de Cannes 2015, o excelente filme Green
Room é o que chamamos de pérola em meio a inúmeros blockbusters que
circulam anualmente nos circuitos de cinema pelo mundo. Sem nenhuma pretensão
de ser um filme politicamente correto, o projeto é uma aula de roteiro, explora
o universo da tensão de maneira original, simples e com objetividade. As cenas
são bem complexas, fica nítida a dedicação estafante de todo o elenco. Méritos
do desconhecido Jeremy Saulnier que escreveu e dirigiu esse impactante filme. De
triste para o universo cinéfilo mesmo é que projeto marca um dos últimos filmes
do jovem ator russo Anton Yelchin que faleceu poucas semanas atrás.
Na trama, conhecemos uma banda de punk rock formada por
jovens liderados por Pat (Anton Yelchin) que entre um show e outro acabam
parando em um bar barra pesada neonazista. Após o show, quase indo embora,
parte da banda presencia um assassinato e eles acabam ficando presos dentro de
um quarto onde precisarão manter a calma e tomar as melhores decisões caso
queiram sair com vida deste tenebroso lugar. Lançado em abril deste ano nos
Estados Unidos, o longa vem fazendo grande sucesso com o público cinéfilo mundo
a fora.
Na trajetória de seu clímax, que para deleito dos cinéfilos
dura bastante tempo, o filme caminho em passos quase ronceiros mas que entram
em compasso de maneira furiosa e mexem com nossas pulsações ao extremo. Impressionante
o clima de tensão criado. As personalidades dos personagens ajudam muito a nos
deixar curiosos com os inúmeros caminhos que o roteiro pode traçar e mesmo
assim somos surpreendido a quase todo instante. O elenco também está fantástico,
destaques para o protagonista Anton Yelchin, a jovem atriz Imogen Poots e o
veterano professor Xavier Patrick Stewart.
Exibido em diversos festivais de cinema, inclusive na última
edição do Festival do Rio, Green Room
é uma daquelas gratas surpresas que muitas vezes só ficamos sabendo por conta
do boca a boca de quem conseguiu conferir. Uma das coisas mais legais ao
analisarmos o projeto é que o filme possui seu próprio gênero, para mim um
subtópico em meio ao Thriller psicológico. Em 90% dos casos, a marca registrada
de um filme bom é a sua originalidade em trabalhar seus elementos em cena,
modelando entre gêneros e consequentemente fazendo o público se interessar pela
trama. Green Room consegue isso com
louvor.