Acreditar em si mesmo leva a um destino infinito. Acreditar
que falhou pode ser o fim da sua jornada. Assim, é preciso recomeçar. Escrito e
dirigido pela atriz e diretora francesa Lucie Borleteau, A Odisseia de Alice é uma jornada em busca do saber amar, do
conquistar ser reconhecida em sua profissão e também do saber esquecer e seguir
em frente. A poderosa protagonista, interpretada pela excelente e bela atriz
grega Ariane Labed (vencedora do último prêmio de melhor atriz no Festival de
Locarno), é o centro de todos esses conflitos e emoções que vão ganhando um
certo charme libertário, com uma pegada feminista, ao longo dos intensos 97
minutos de projeção.
Na trama, conhecemos a jovem engenheira Alice (Ariane Labed),
uma mulher de menos de 30 anos que trabalha na marinha mercantil. Entre uma
viagem e outra, algumas que duram meses em alto mar, ela acaba reencontrando um
dos grandes amores de sua vida, o capitão Gael (Melvil Poupaud). O problema é
que Alice deixou em terra seu noivo, Felix (Anders Danielsen Lie - do excelente
Oslo, 31 de Agosto) por quem tem
grandes sentimentos. Ao longo dos dias, Alice precisará descobrir realmente
para quem deseja entregar seu coração, ou se simplesmente prefere viver um dia
de cada vez sem compromissos.
Alice, mesmo analisando de maneira trivial, é uma personagem
bastante complexa que chega até certo ponto esconder os sentimentos de si
mesmo. Há um conflito dentro dela, praticamente um triangulo isósceles onde
duas posições mudam de posição constantemente. Lutando pelo reconhecimento em
um lugar de trabalho onde vive cercada de homens e poucas mulheres, a protagonista
coloca sua profissão em primeiro lugar.
Fica bem claro logo nos primeiros minutos de filmes que
estamos prestes a sermos testemunhas de uma trajetória inconsequente de quem
não sabe como amar. Há um sentimento bem forte de egoísmo da personagem principal.
Alice é adepta da liberdade e, por causa de sua imaturidade nos relacionamentos,
nunca pensa como o coração dos outros pode ficar por conta de suas atitudes. Ela
sofre, chega próximo do amar mas prefere ser inconsequente. É uma escolha.
Com uma fotografia belíssima e ótimas atuações do simpático
elenco, A Odisseia de Alice estreou
no circuito brasileiro algumas semanas atrás de vem ganhando diversos elogios
da crítica e dos cinéfilos. Merecido, é um belo trabalho.