Quase sempre é preciso um golpe de loucura para se construir
um destino. Dirigido pelo cineasta Tom Ford, em apenas seu segundo filme na
carreira (o primeiro foi o ótimo A
Single Man), Animais Noturnos é
uma série de insanidades intelectuais que fala basicamente sobre o descontrole
emocional, rica em detalhes estéticos que dão um verdadeiro nó na mente do
espectador. É preciso muita atenção para entender alguma mensagem que o filme
queira transmitir. Indicado a três categorias no Globo de Ouro desse ano, o
projeto conta com uma atuação inspirada de Aaron Taylor-Johnson.
Na trama, conhecemos a desiludida Susan (Amy Adams), uma
rica e chique Srta. Que trabalha em uma prestigiada galeria de arte. Casada com
o milionário Hutton (Armie Hammer), que passa por problemas financeiros, a
protagonista é uma alma triste que escolheu tempos atrás ter estabilidade do
que acreditar no sonho de seu ex-marido, o escritor Edward (Jake Gyllenhaal). Certo
dia, Susan recebe em sua casa um esboço do novo livro do ex-marido e acaba
embarcando na aterrorizante história que acaba mudando suas escolhas de alguma
forma.
Tudo é muito difícil de se entender nesse filme, por isso,
paciência e atenção. Orçado em 20 Milhões de dólares, Animais Noturnos fala em sua maior parte do tempo do descontrole
emocional e as dúvidas nas escolhas que traçam as principais direções de vida
dos personagens. Reclusa em seus pensamentos a maioria do tempo, abalada
emocionalmente, tendo noites sem dormir, Susan é uma personagem intrigante e
que vai mudando de personalidade conforme vai avançando nas páginas de leitura
intensa do livro do ex-marido. Essa transformação acaba mudando não só sua
maneira de ver as coisas mas a de todos ao seu redor.
O paralelo, talvez o pulo do gato que Tom Ford queira expor
mas que se dificulta o entendimento por conta da narrativa extremamente
peculiar, é a associação da história lida por Susan (e mostrado paralelamente à
rotina da protagonista) com sua própria vida. E nessa junção, a interseção é
somente uma: a vingança. Correndo em longas distâncias, os paralelos seguem
rumo a um desfecho que motiva o espectador a assistir até o final (prende a
atenção) por mais que o resultado não seja tão satisfatório.