Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre
é o tempo. Dirigido pelo cineasta Marc Webb (do ótimo 500 Dias com Ela), Gifted explora
um retrato emocionante de uma família de uma garotinha excepcional e todas as
variáveis que a cercam. Bem objetivo em seu roteiro, assinado por Tom Flynn, o
longa metragem, sem previsão de estreia no Brasil, conta com apaixonantes
atuações de Chris Evans (o Capitão América) e Mckenna Grace.
Na trama, conhecemos a rotina de Frank (Chris Evans) um
mecânico de barcos autônomo que largou as salas de aula para se dedicar a
criação de sua sobrinha, agora com sete anos, logo após o falecimento trágico
de sua única irmã. Ao longo dessa jornada que mudou sua vida radicalmente,
Frank percebe que a pequena é super dotada e possui uma mente matemática
brilhante levando a jovem a vários conflitos na escola que é matriculada.
Quando a direção orienta Frank a matricular Mary em uma escola especializada em
aulas com grande eficiência nos estudos avançados de matemática, a avó da
criança Evelyn (Lindsay Duncan) aparece na história e resolve lutar pela guarda
da jovem prodígio levando a todos a uma batalha judicial.
A objetividade do roteiro chama a atenção. Não se perde em
nenhum momento e preenche as lacunas deixadas com muito eficiência por meio de
diálogos e surpresas que vão aparecendo ao decorrer dos 101 minutos de
projeção. Os arcos são divididos cirurgicamente e entendemos as razões e
consequências por meio de muitas sequências de emoções que o filme provoca. O
carinho do tio/pai Frank e a visão filosófica que ele tem do mundo servem de
aplicação e complemento para a mente super desenvolvida da jovem. Frank quer
que ela cresça como uma criança comum, que tenha amigos e desenvolva uma vida
em sociedade. Já a avó que entra na história de maneira fervorosa é traz
consigo mágoas de um passado constante por conta do conturbado relacionamento
com os filhos, principalmente com a mãe da menina.
Os conflitos provocados por essas duas linhas do pensar são
apresentados, os personagens se constroem e se desconstroem em sua maneira de
pensar, principalmente o protagonista. Os coadjuvantes, a professora de Mary e
a vizinha de Frank chegam na trama dando novas óticas e opiniões sobre a
situação. Quando o caso vira jurídico, novos argumentos são apresentados
rumando para um final emocionante onde o amor e suas variáveis tendem ao
infinito.