As páginas não viradas de absurdos atemporais. Emplacando
belos filmes em sequência, A Hora mais
Escura, Guerra ao Terror, a excelente cineasta californiana Kathryn Bigelow
traz para o público uma história baseada em fatos que ocorreram, sobre ações de
elementos do corpo policial em um hotel, em meio a uma Detroit perturbada pelo
caos nas ruas no ano de 1967. Detroit em
Rebelião explora o preconceito vivido pela população negra em uma cidade
completamente desgovernada e com ações policiais polêmicas. O roteiro, é do
excelente nova iorquino Mark Boal (A
Hora Mais Escura, Guerra ao Terror), que faz da carga dramática um filme
explosivo que não nos deixam tirar os olhos da tela.
Estimado em cerca de 34 milhões de dólares, o filme conta a
história de uma batida policial em um hotel no centro de Detroit onde forças
policiais buscam a todo instante incriminar algumas das testemunhas sobre um
tiro dado pelas costas. Assim, acompanhamos essa situação através de algumas
óticas, como o segurança Dismukes (John Boyega), o policial estressado Krauss (Will
Poulter) e um grupo de músicos talentosos que tiveram o show cancelado por
conta dos terríveis atos de violência que aconteciam pelas ruas. Ao longo dos
134 minutos de projeção, vemos os absurdos abusos da lei (na figura do
policial), situações constrangedoras que sofrem as pessoas que estavam no hotel
e um julgamento meses após o ocorrido.
A tensão e as ações desenfreadas de três oficiais da lei da
polícia de Detroit tomam conta do clímax. Os absurdos atos de pressão para uma
confissão que não existe, destruindo qualquer lei sobre direitos civis, e
invocando um preconceito acentuado em uma reta final da década de 60, onde as
emoções estão a flor da pele. As lentes de Bigelow captam e expõem ao público
uma versão guiada através de testemunhos de pessoas que estavam presentes no
lugar. Com poderosas atuações de todo o elenco, Detroit em Rebelião merece ser lembrado na temporada de premiações
do cinema.
Detroit em Rebelião é
um filme forte, corajoso, que prende a atenção do espectador do início ao fim,
em mais de duas horas de projeção. O racismo, os direitos civis, a má conduta
da polícia, são assuntos, infelizmente, atemporais que vemos até os dias de
hoje. O cinema é uma ferramenta de denúncia e nada melhor que um ótimo filme,
extremamente bem filmado, para nos fazer refletir sobre toda uma sociedade e
seus preconceitos.