Até aonde vai a dor de uma perda? Indicado em seis categorias
ao Globo de Ouro 2018, eleito pelo público o Melhor Filme do Festival de
Toronto e com grandes chances de ter mais de cinco indicações ao próximo Oscar,
Três Anúncios para um Crime explora
uma tragédia de maneira intensa, com uma narrativa envolvente, trilha sonora
fantástica, uma bela direção, e atuações memoráveis de três atores fantásticos:
Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell. O filme que deve estrear no
circuito brasileiro de exibição no final de janeiro, é uma jornada de dor e
sofrimento com três óticas e sentimentos sobre um assassinato brutal, sem
solução, que acontece em uma cidade do interior no sul dos Estados Unidos.
Na trama, conhecemos Mildred (Frances McDormand), uma mulher
de idade quase avançada que trabalha em uma lojinha e recentemente perdeu sua
filha de maneira aterrorizante. Tentando pressionar as autoridades que a sete meses
não conseguem ter uma única pista do assassino, resolve publicar em três
outdores em sequência uma mensagem para a polícia, principalmente para o chefe
da delegacia Willoughby (Woody Harrelson), esse que está com um câncer terminal.
Assim, tentando descobrir novas pistas sobre o ocorrido e pressionando cada vez
mais os policiais, Mildred divide opiniões na cidade onde tudo ocorre.
A protagonista é uma mulher corajosa que se sente culpada
pela morte da filha, não entendendo como sequer um nome ainda não foi ligado a tragédia
que aconteceu na sua família. Separada, o marido tem uma nova namorada bem mais
nova, com um filho ainda para criar, reúne todas as forças que possui para
tentar alguma solução para o caso. O longa tem uma pegada irmãos Coen, talvez, Frances
McDormand se encaixou tão bem no papel por já conhecer esse universo que lhe
deu o Oscar por Fargo anos atrás. Os coadjuvantes são peças fundamentais no
tabuleiro de surpresas e reviravoltas de personalidade que vão aparecendo a
cada frame.
Cada um dos personagens que mais vemos em cena possuem
dramas pessoais com a tragédia do assassinato sem solução sendo um ponto de
interseção. Sam Rockwell e seu Dixon, um policial preconceituoso e totalmente
sem noção é o que mais passa por transformação chegando ao desfecho sem
sabermos direito o que será de seu futuro. Peça chave nas viradas do roteiro, Willoughby
(Woody Harrelson brilhando novamente) vai se revelando aos poucos ao público com
suas cartas que mudam de trajetória essa curiosa trama de roteiro afiado, um
dos melhores nas listas de filmes que serão indicados nas grandes premiações em
2018.
O cineasta britânico Martin McDonagh (Sete Psicopatas e um Shih Tzu, Na Mira do Chefe) é o responsável
pela direção e roteiro. Cumpre seu papel com muita eficiência nesse universo
que poucos em Hollywood tiveram a coragem e competência de entrar.