Nostalgia com sotaque ‘gauchês’. Uma coisa muito importante quando pensamos em
cinema é a coragem/verdade que alguns cineastas impõem em suas obras, nunca
tentando fugir do que suas tramas realmente propõem. Em 97 era Assim, é um pequeno filme vindo da região sul do nosso
país que propõe o exercício de voltarmos no tempo, na época de nossa
adolescência, e, assim, passar 90 minutos navegando em memórias afetivas. O bom
desse tipo de filme é que se não estiver interessante o que acontece na telona,
ativa-se automaticamente as nossas próprias memórias de outros tempos. O
público sai ganhando sempre.
Na trama, acompanhamos um grupo de amigos que tem por volta
de 15 anos e estão no ano de 1997, um período de descobertas na vida de cada um
deles. Entre as diversas personalidades dos jovens, Renato, o mais tímido e
romântico do grupo, o narrador de toda a história. Também somos apresentados
aos seus amigos Moreira, Alemão e Pilha. Os quatro embarcarão em uma viagem
rumo a perda da virgindade mas até lá entenderão melhor o que é o conceito da
amizade.
Às vezes inocente demais, às vezes maduro como determinadas
situações pedem, o roteiro tenta ser o mais divertido possível. Em 97 era Assim é o ‘Superbad’ brasileiro. Os arcos são bem
definidos, entendemos os pensamentos dos jovens e as consequentes atitudes, em
alguns pontos oriundas de uma educação mais rígida, outras mais largadas. O
foco na amizade é o grande trunfo do filme, não há como também não lembrarmos dos
nossos tempos de juventude, onde as perguntas geravam apreensão e medo a todo
instante.
Escrito e dirigido por Zeca Brito, o projeto chega para
preencher uma lacuna no circuito exibidor, a de filmes nacionais com público
alvo entre 14 e 16 anos. Mas a questão também é quais os cinemas apostarão em
um filme com pouca verba de divulgação? Talvez encontre um caminho mais fácil
na televisão.