15/02/2020

Crítica do filme: 'Simonal'


O pecado de um artista que tinha tudo e ficou com nada. Lançado em meados do ano passado, o longa-metragem nacional Simonal traz à tona a vida de um homem que teve tudo em suas mãos, o principal músico do Brasil na década de 60/70, Wilson Simonal, e seu declínio após um acontecimento ocorrido durante a ditadura. Com arcos corridos, tentando apresentar os fatos mais marcantes da vida do artista, o filme busca apresentar argumentos que o levaram do topo ao nada ao longo de 105 minutos. No papel principal, o ótimo Fabricio Boliveira, a direção é de Leonardo Domingues.

Orçado em 7.5 milhões de reais, Simonal nos mostra o sempre animado Wilson Simonal (Fabricio Boliveira) e seu início na carreira de músico se apresentando em festas e eventos com o grupo Dry boys. Após conhecer Carlos Imperial e seu assistente na época, Erasmo Carlos, ganha a grande chance de sua vida e daí vira um dos grandes cantores do Brasil. Um dos pioneiros na criação da própria gravadora, Simonal, no auge, é envolvido em um escândalo, condenado por sequestro e extorsão, além de sair dessa história como dedo duro da ditadura. Exilado no próprio país, sendo negado pela grande maioria da classe artística, restou apenas pelas décadas seguintes tentar provar que nunca havia sido um delator a serviço da ditadura militar.

Um homem com um carisma único que queria levar sua música a todos, branco, preto, pobre ou rico. Um homem com uma vida recheada de emoções. Reunir tudo em um filme de 105 minutos realmente é uma tarefa árdua mas bem executada, com leves pitadas de imagens originais do próprio Simonal, o filme navega pelos principais shows, os mais emblemáticos e marcantes além de seus problemas fora do palco que acabaram derrotando essa figura tão popular da nossa música. Mais de 300 shows por ano, porém gastos extravagantes pessoais vão aos poucos minando tudo que ele conquistara e por conta do destino chega-se ao fato que o marcou como dedo duro.

Do país tropical à ditadura. Explorado em um arco já no seu fim o tão polêmico envolvimento com agentes do DOPS durante a ditadura, e também a acusação de sequestro e extorsão contra um ex-funcionário de sua gravadora levaram o rei do swing ao declínio. Em resumo, o filme cumpre seu papel em apresentar os fatos deixando o público dar o seu veredito, mas uma coisa não pode-se negar, Simonal em cima do palco foi um dos artistas mais importantes de toda nossa história.