A força da paixão do artista, da inigualável margarida em francês. Baseado em fatos reais, Pacarrete, dirigido pelo cineasta Allan Deberton conta a história de uma personagem feminina, uma mente iluminada de criatividade, incompreendida, ex-professora, vaidosa, amante da cultura francesa que nos faz acreditar do início ao fim que o palco é lugar onde bate mais forte o coração de um artista. Uma personagem tão forte quanto as mensagens do filme. Ficamos hipnotizados com o impacto a todo instante da presença dessa mulher sonhadora e tão carismática. Nunca fez tanto sentido que os gritos lá de fora não são mais fortes que as emoções que alguém pode carregar dentro de si. Uma atuação inesquecível de Marcélia Cartaxo, rimos e choramos com ela. Um dos grandes filmes nacionais de 2020.
Na trama, que possui uma bela trilha sonora, conhecemos
Pacarrete (Marcélia Cartaxo), forte
como um mandacaru, uma ex-professora que veio de Fortaleza para morar com a
irmã Chiquinha (Zezita de Matos), moradora do município de Russas. Ela tem o sonho em se apresentar
como bailarina em um grande evento da cidade, os 200 anos de Russas, mas acaba
encontrando muitas dificuldades em ser compreendida. Ao longo dos quase 100
minutos de projeção somos testemunhas da determinação, sonhos, desilusões dessa
personagem que vai ser difícil esquecermos.
O belo, o bonito, está no desejo em se apresentar, no gesto
da bailarina. Pacarrete é um recorte
delicado e muito profundo de uma mulher batalhadora, guerreira cujo os sonhos
parecem somente ter sentido para ela, muito criticada pelos outros ao seu
redor. Dorme em sua rede todos os dias junto com seus sonhos junto a verdade de
que uma artista nunca deve deixar os palcos.
Poderia até virar seriado, sendo esse belo filme a primeira
temporada. Reflexivo, nos diz muito nas entrelinhas, nos momentos de pausas dos
diálogos deixa uma certeza: o mundo é um lugar muito pequeno para o quanto grandioso podem ser nossos sonhos, mas mesmo assim nunca deixamos de sonhar e
sonhar e sonhar...