Cortesia, profissionalismo e respeito. Será? Concorrente ao Oscar de melhor curta-metragem em 2021, Dois Estranhos explora o eterno giro de 360 graus constante onde os paralelos entre a autoridade e o preconceito parecem dois rios que acabam se unindo gerando dor e sofrimento. Dá um aperto no peito, são cenas fortes e infelizmente muitas dessas vistas por muitos olhos nas ruas pelo mundo todo o dia, tamanho o preconceito e intolerância dos olhares brancos contra os negros. É um filme arrebatador, conversa demais com muitos dos acontecimentos viralizados sobre preconceito e violência policial nos Estados Unidos que nos trazem muito tristeza. Dirigido por Travon Free e Martin Desmond Roe. Imperdível! Disponível na Netflix.
Na trama, conhecemos um jovem trabalhador chamado Carter (Joey Bada$$), em um dia de grande
alegria por ter conhecido um provável futuro amor, Perri (Zaria). Ele está voltando para casa onde está seu cachorrinho fofo
o qual ama muito e até mesmo aciona via wi-fi um lança biscoitinhos para ele
enquanto não chega em casa. Ainda na calçada, em frente ao prédio onde estava é
abordado de maneira abrupta e desleal pelo policial branco Merk (Andrew Howard) e assim, em fração de
segundos, sua vida corre sérios riscos. Acontece que um loop infinito é ativado
(volta sempre ao mesmo dia e momento da tragédia) e agora o protagonista
precisa encontrar alguma maneira de ter um final diferente para essa história.
Mas será que existe?
Um filme reflexivo, que coloca o dedo bem fundo na ferida de
uma sociedade polarizada, ainda muito preconceituosa, em alguns momentos nada
amistosa, onde a cor da pele vira questão de escolha de quem é bom ou mau. Two Distant Strangers, no original, usa
da criatividade para mostrar diversas formas onde o preconceito se instaura
tendo os mesmos personagens. Somos testemunhas oculares das várias abordagens
policiais equivocadas, com o preconceito dentro da força desproporcional, na
mira da metralhadora...
O desfecho é emblemático, lembra de diversos nomes de
pessoas negras que tiveram suas vidas tiradas em questões muito parecidas das
quais o filme aborda. Um projeto para todos nós, brancos e negros, refletirmos
sobre o mundo em que vivemos e se de alguma forma podemos caminhar para uma
melhora através do diálogo.