A prova de quando a ganância não tem limites. Baseada no livro Dopesick: Dealers, Doctors and the Drug Company that Addicted America, de Beth Macy, Dopesick é um filme denúncia, um projeto que grita aos nossos olhos, que nos mostra como a ganância de uma empresa farmacêutica que criou um poderoso opioide, medicamentos prescritos para o tratamento e alívio da dor, altamente viciante, que mata mais que armas de fogo nos Estados Unidos, mais forte da mesma classe da morfina e da heroína. Os absurdos de todo o processo burocrático de legalização, campanhas mentirosas de marketing, as dores de quem fica viciado são bem detalhados nos seis únicos episódios dessa intensa minissérie. Michael Keaton e Kaitlyn Dever, foram indicados ao Globo de Ouro 2022 por suas impecáveis atuações.
Na trama, que possui dinâmicas passagens de tempo,
acompanhamos o surgimento de um medicamento que impactaria negativamente a
sociedade norte-americana (depois a mundial), o OxyContin, e toda a veia de
destruição em famílias do interior dos Estados Unidos que buscando alívio para
suas incansáveis dores acabam entrando em uma dependência a esse fármaco
opioide analgésico potente, análogo semi-sintético da morfina (duas vezes maior
que a mesma).
Do lado jurídico vemos a saga dos procuradores adjuntos Rick
(Peter Sarsgaard) e Randy (John Hoogenakker) em busca de reunir
provas contra a Purdue Pharma, pertencente a membros da rica família Sackler
por conta de mentiras na aplicação de validações a circulação de um remédio que
causa uma dependência e que é causa de morte de muitas pessoas. Os doutores que
eram convencidos pelos representantes de venda da Purdue são aqui representados
pelo Dr. Samuel (Michael Keaton) um
viúvo que praticamente é o único médico de uma cidadezinha. Uma das pacientes
de Samuel, Betsy (Kaitlyn Dever), nos
mostra os horrores de um viciado a uma medicamento e toda a dor e tristeza que
causa não só a si mas a todos que estão ao seu redor. Bridget Meyer (Rosario Dawson) é a personagem que nos insere
nas agências de controle, a DEA e a FDA, travando batalha poderosas em busca de
provas que possam ajudar a conter o medicamento em circulação. Richard (Michael Stuhlbarg), é o médico
responsável pelas estratégicas do medicamento e parte da família Sackler que
enfrenta embates internos para ter cada vez mais poder e controle.
A roteiro caminha pela narrativa não linear (com muitas
passagens ida e volta no tempo) o que de fato faz muito sentido com a edição
certeira. A dor é o elemento de interseção
entre todas as subtramas, por ela passam os objetivos de uma empresa gananciosa
e nada boazinha que encontra um caminho mortal no sofrimento dos outros para
inserir na sociedade um medicamento que causa dores e horrores até hoje. Absurdamente,
esse remédio ainda é vendido em alguns lugares de maneira bem menos restritiva
do que deveria. O projeto tem o poder de denúncia e tomara que sua mensagem bem
forte e clara seja ouvida!