As raízes que contam várias histórias. Selecionado para o Festival do Rio 2022, o longa-metragem canadense Wildhood: Busca Pelas Raízes nos apresenta em sua trama um emocionante road movie que navega na troca de perspectiva sobre a vida através de um recorte sobre sexualidade e família na visão de um adolescente. O projeto também mostra um profundo destaque para os Miꞌkmaq (indígenas do leste do Canadá), principalmente o lado cultural. Esse é o primeiro trabalho de longa-metragem, de Bretten Hannam, roteirista e cineasta canadense, não-binário, de raízes Mi'kmaq.
Na trama, conhecemos Link (Phillip Lewitski), um jovem adolescente com raízes indígenas, que
mora no Canadá e tem um cotidiano de conflitos com muitas discussões e
violência no relacionamento com o pai. Certo dia, ele descobre que sua mãe (que
ele pensara estar morta) está viva e morando em um lugar longe dali. Ele
resolve ir atrás dela, e leva seu irmão caçula junto. Ao longo dessa viagem
cheia de surpresas acaba encontrando outro jovem, Pasmay (Joshua Odjick), que embarca com eles nessa jornada.
Ao longo de quase 110 minutos de projeção, caminhamos pelas
estradas sempre tumultuadas das descobertas e redescobertas. O protagonista é
um jovem solitário, com uma rebeldia presente, se vê em conflito pelas suas
relações familiares (evidente na relação com o abusivo pai) e também por não
conseguir liberdade para expressar sua sexualidade em um universo machista que
está inserido. A troca de perspectiva, onde o personagem se descontrói para se
construir novamente é oriunda da necessidade de conhecer sua mãe e entender
mais sobre sua história com raízes em um povo indígena que foram um dos
primeiros povos a habitarem a região Atlântica do Canadá. Esse olhar mais
próximo sobre as tradições indígenas caminha junto com a história de Bretten Hannam com inspiração na
própria caminhada.
O olhar para a sexualidade do protagonista também é algo
destacado no longa-metragem (sem previsão de estreia no Brasil). A descoberta
do amor, do desejo, a partir da amizade com Pasmay é algo que surge aos poucos
produzindo belíssimas cenas. Exibido no Festival Internacional de Cinema de
Toronto, Wildhood: Busca Pelas Raízes é
um delicado trabalho, repleto de poesia, que fala sobre auto descobertas,
desejos, sonhos tudo isso numa fórmula poética que combina diálogos com
significados.