Imaginem um gângster daqueles das antigas mesmo, com seu terno arrumado, falando com sotaque, jogado em nossa atualidade após algumas décadas preso, onde ao alcance de um clique uma comunicação mundial acontece. Esse é um início do caminho da nova série da Paramount Plus, Tulsa King, que brinca de forma inteligente com o novo e o antigo de forma equilibrada, sem perder a profundidade dos conflitos dos ótimos personagens, trazendo para o público um protagonista carismático, um clássico anti-herói, violento, exigente, mas com um coração enorme, que precisa entender de forma rápida o mundo de hoje. O projeto marca a primeira aparição do astro Sylvester Stallone como protagonista em uma série de televisão.
Criada pelo texano Taylor
Sheridan (de sucessos como Yellowstone,
O Dono de Kingstown e outros sucessos), na trama, conhecemos Dwight ‘The
General’ Manfredi (Sylvester Stallone)
que após quase três décadas preso sem falar uma palavra sobre a família da
máfia nova-iorquina da qual pertence acaba indo parar na cidade de Tulsa no
estado de Oklahoma, situado no centro-oeste dos EUA, com um único objetivo de levantar
um domínio criminoso na região. Aos poucos vai conhecendo outros personagens
que se juntam a ele nessa jornada que também navega pelo campo pessoal, principalmente
no relacionamento conturbado com a única filha.
Uma bomba pronta pra explodir? Um romântico das antigas? Quais
as vantagens e desvantagens de não conhecer o mundo de hoje, repleto de
tecnologias, criptomoedas? Empreendendo pelas vias da violência pois é a única
forma que enxerga o sucesso, Dwight, um orgulhoso nova-iorquino, durante toda a
vida antes da prisão pensando de uma forma, vai se tornando um peixe fora d' água
em uma região completamente diferente de tudo que viveu. Os coadjuvantes que
cruzam seu caminho o fazem entender melhor aquele momento que vive onde vai
percebendo aos poucos que precisa se descontruir sem perder sua essência. Mas
como fazer isso? Várias antíteses o perseguem, violento e doce por exemplo,
cabem na mesma frase desse que é um dos melhores personagens da vitoriosa
carreira do ator norte-americano de 76 anos.
Ao longo dos nove episódios da primeira temporada (já
renovada para uma segunda jornada), o ótimo roteiro abre espaço para uma
jornada familiar repleta de conflitos e aqui por dois caminhos há reflexões. O
sentido de irmandade da máfia, que se tratam como irmãos, e as quebras dos
protocolos e seus sangrentos e obsessivos conflitos. Em paralelo, Dwight tem
uma difícil missão de se reaproximar com a filha que tem uma visão muito
negativa sobre ele. Essa última parte é algo que deve ser mais explorado nas
próximas temporadas.
Tulsa King não é
um retorno mas sim a estreia de Stallone no universo em expansão das séries via
streamings. E que estreia! Seu personagem domina nossos olhares exalando
carisma do primeiro ao último episódio. Parece seguir rumo ao sentido de um
conceito contido na frase de um revolucionário da realidade: ‘É preciso ser
duro, mas sem perder a ternura, jamais’.