A criatividade para todo o mundo. Nos tempos dos primeiros Game Boys, da toda poderosa Nintendo, na época da União Soviética, que considerava os EUA como inimigo número um (até hoje, né?), um engenheiro de computação russo criou em poucos dias um jogo super interessante que se tornaria epicentro de uma disputa comercial enorme envolvendo burocracias legais e conflitos geopolíticos. Tetris, dirigido por Jon S. Baird e roteirizado por Noah Pink, fala sobre a criação desse famoso jogo e a luta de seu criador e um holandês, empresário do ramo de jogos, para que o jogo ganhasse o mundo.
Na trama, toda rodada na Escócia, conhecemos Henk Rogers (Taron Egerton), um ex-programador e
depois empresário do ramo de jogos eletrônicos. Ele é holandês, criado nos
Estados Unidos, que conheceu a esposa em uma universidade do Havaí e foi morar
em Tóquio com ela, abrindo sua empresa lá. Durante uma feira de jogos, consegue
(ou pelo menos acha que) a licença para consoles e Pcs no Japão de um jogo que
viria a ser uma enorme sensação em todo o mundo: O Tetris. Só que logo ele
percebe que não era algo fácil assim e embarca em uma história onde seu destino
irá se confrontar com o regime russo da época, empresários gananciosos de Londres
mas ele contará com a ajuda do criador do jogo, o engenheiro de computação Alexey
Pajitnov (Nikita Efremov).
Nos tempos do assembler, pascal, C, essa curiosa história
começa em 1988, em meio a época de liderança de Mikhail Gorbatchov, por isso é
importante uma forte introdução, fato que o roteiro busca fazer em partes. Com
a tecnologia e o avanço do consumo dos jogos eletrônicos sendo enxergadas como
uma mina de ouro, um futuro próspero, para quem estivesse nesse segmento. Henk
busca ser um visionário do setor mas investe em projetos falidos tendo quase sempre
problemas com seus financiadores (como muitos na época). Quando navega no mundo
obscuro das burocracias soviéticas, se vê em conflito com a forte pressão do
governo russo que enxerga no potencial jogo uma maneira do capitalismo invadir
com força seu território.
Combinação da palavra ‘quatro’ em grego com um simples jogo de
tênis (esporte que o criador do jogo adorava), o Tetris a princípio foi desenvolvido
como um passatempo de um ótimo programador russo que passava por disquetes aos
amigos versões do jogo. Ele trabalhava no centro de informática soviético, um lugar
controlado muito rígido com informações controlado 100% pelo governo. Esse
jogo, que viria a ser o mais vendido da história dos games, sendo superado
somente em 2020 pelo Minicraft, se tornou a franquia de jogos mais vendida no
mundo depois do Mario com mais de meio bilhão de cópias vendidas. O filme Tetris vem trazer à luz os bastidores desse
sucesso e principalmente toda a luta inicial para o jogo sair da restrita União
soviética e ganhar o planeta.
Com filmagens iniciadas em dezembro de 2020 e com diversas
licenças poéticas, mesmo o roteiro sendo lido pelos personagens reais, a
narrativa consegue ser dinâmica, empolgante, unindo a fantasia de uma produção
cinematográfica com fatos chaves que aconteceram na realidade. Dezenas de
portas que se abrem nessa fantástica história que une criatividade, jogos,
negócios e geopolítica.