O que pode estar lá fora? Desde os tempos inesquecíveis de episódios semanais de Arquivo X, nos primórdios das produções seriadas, nos deparamos com situações ligadas as incertezas do universo. A nova minissérie da Netflix, O Sinal, percorre o mesmo caminho, nos levando a questões sobre as verdades que estão lá fora de uma forma inteligente, costurando o que é real e o que a mente projeta.
Tendo como alicerce misteriosas situações que acontecem em
uma estação espacial, ao longo de quatro episódios com cerca de uma hora de
duração, essa produção alemã parte para suas reflexões existenciais a partir da
certeza que a história da humanidade nada mais é que um ciclo vicioso,
explorando as ações do ser humano quando existe a possibilidade de se achar a
ruptura disso.
Na trama, conhecemos Paula (Peri Baumeister), uma brilhante cientista alemã enviada por uma
empresa privada para o espaço com um único objetivo de realizar pesquisas sobre
possíveis sinais vindos de fora da Terra. Ao mesmo tempo, seu marido, o
professor de história Sven (Florian
David Fitz) e sua jovem filha com deficiência auditiva esperam o retorno
dela. Perto de completar sua missão, Paula se depara com uma descoberta e
conflitos se desenrolam. Ao voltar ao nosso planeta acaba sendo
responsabilizada por uma tragédia, modificando completamente a vida de sua
família.
Questões geopolíticas, ambições, circo midiático, dramas
familiares se entrelaçam nesse projeto que busca perguntas sobre a relação do
ser humano com o próprio sentido de existência. É um caminhar bem filosófico
que gera interpretações diversas. Há um curioso mistério que percorre os
episódios, a princípio mal definido nos dois primeiros capítulos mas conforme vamos
juntando as peças tudo começa a fazer um certo sentido. O choque entre o dilema
de Paula na espaço e os dramas que sofre sua família na Terra é o combustível
desse roteiro que objetiva encontrar um norte entre esses paralelos.
O ponto mais interessante é quando entendemos sobre o que de
fato é essa história. Aqui a humanidade é colocada em evidência, dentro do
ciclo vicioso já mencionado, a partir das possibilidades de descobertas sobre o
que há pelo universo. A ganância, a imposição militar, o reconhecimento, as
loucuras que a mente é capaz de projetar, são alguns dos elementos que estão
associados as ações vistas que traçam paralelos com a realidades de conflitos
de diversos cotidianos. O eterno embate entre as ações individuais e coletivas,
dentro de um sentido da essência do ser humano pondera o certo e o errado.
Na sua incessante busca pelos conflitos emocionais de uma
protagonista em crise nos dilemas que percebe na sua trajetória, algo
necessário para entendermos a construção e desconstrução da personagem, a
narrativa pode se tornar confusa em alguns momentos com um uso excessivo de
flashbacks onde a variável tempo e seu vai e vem se tornam constantes. Mas o
contexto acaba sendo uma peça chave, e mesmo caminhando pela previsibilidade, encontra
um desfecho que não deixa de ser surpreendente, com um simbolismo importante
para os nossos tempos.