Indo de encontro ao impossível, o decifrar, explorando todas as facetas, de um ícone da música brasileira o documentário Milton Bituca Nascimento teve sua primeira exibição na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Batendo forte na tecla de que os começos é que são eternos, com a fragilidade e a fortaleza se encontrando numa trajetória, o músico nascido na tijuca - mas que logo virou mineiro de coração – tem aqui os olhares dos outros para contar sua própria história.
Diferente de outras obras documentais, onde a lógica era
tentar que o próprio centro das atenções contasse sua história, o documentário
dirigido por Flavia Moraes aposta em
menos canções com Milton à frente, investigando respostas de lacunas nunca
preenchidas através de quem o admira, que logo se torna um desvendar cheio de
caminhos de um dos mais enigmáticos artistas que nosso país já conheceu.
O tempo, a imortalidade, ganham atmosfera poética e até
filosófica que inclui uma narração constante feita pela grande Fernanda Montenegro. O processo
criativo através de depoimentos de outros expoentes da arte ganha força na tela
explorando todas as facetas de um exímio conector de talentos, conhecido pelas
melodias diatônicas. A contagem regressiva dos palcos parece ditar o tom das
quase duas horas de projeção sempre com um discurso que atravessa a
complexidade em busca de respostas sobre o que é e o que representa.
O projeto é bem corajoso, poderia ter seguido muitos caminhos
mas resolve arriscar-se jogando-se num desmistificar pensamentos e conclusões
do que é um artista completo que são preenchidos por entrevistas, imagens da
turnê de despedida, tendo a trajetória de Bituca como referência. Milton Bituca Nascimento joga luz e
passa pela história do Brasil além de questões sociais que vemos em constante
debate até os dias hoje. Durante a turnê de despedida, um dos epicentros que
compõe a narrativa, a emoção é vista em cada olhar, em cada sentimento.