Trazendo um recorte maduro sobre dependências, relações e o machismo, além do engolir sapos no sentido de situações desagradáveis, o longa-metragem brasileiro Os Sapos, adaptação da peça homônima escrita pela carioca Renata Mizrahi mescla a tragédia do comportamento humano e da moral, com a comédia. Com um roteiro inteligente, cirúrgico, e uma ótima direção brilham em cena Thalita Carauta e o restante do elenco.
Ao longo de um dia vamos conhecendo um pouco da chegada de
Paula (Thalita Carauta) a uma casa
isolada no interior que pertence ao amigo de infância Marcelo (Pierre Santos). Chegando nesse lugar,
se depara com as histórias de dois casais, além de sentir na pele o assédio e o
machismo descarado conforme o tempo passa.
Em apenas um cenário, um lugar distante de conexão com a natureza,
uma enriquecedora série de situações são provocadas a partir da visão da protagonista
em relação a tudo que presencia dos casais que aparecem. Paralelos com a
realidade podem ser sentidos para muitas pessoas que acompanharem esse filme. O
machismo, o depender, os lapsos do sentir a liberdade se amontoam em uma mostra
da sociedade.
Pelas entrelinhas - ou de forma descarada - o projeto
apresenta contextos que soltam reflexões para todos os lados. O clima bucólico
e intimista logo se torna uma bomba relógio passando pelos relacionamentos
tóxicos que também encosta nas dependências no campo emocional. É impressionante
o que se consegue trazer para debate com apenas 77 minutos de projeção.