Conseguindo o efeito de uma poderosa bomba criativa que chega na raiz dos seus conflitos de forma acachapante, o filme A Caverna apresenta, de forma contundente, um recorte de uma relação intensa entre mãe e filha. A narrativa, com seus toques alegóricos certeiros, se liberta no denso terreno das emoções, formando uma experiência envolvente que facilmente fisga o olhar de quem enxerga algo próximo de alguma realidade.
Exibido na Mostra Competitiva de Curtas Nacionais da 2ª Edição
do Festival de Cinema de Xerém, esse interessante projeto parte do princípio de que tudo
em cena importa, utilizando muitas vezes de um incomodar para chamar a atenção
do público. Associado a isso, logo o temporal que se cruza, busca nas
infinidades do cinema uma porta de entrada para o ‘fora da caixa’.
Mãe e filha se veem em momentos distantes, com a segunda
prestes a sair da casa onde sempre morou e descobrir o mundo que se apresenta
através do seu olhar como artista. Nesse conflito, que também tem lampejos do
forte amor desse laço eterno, ambas buscam soluções para a relação já
fragmentada por cuidados em excesso. Num lugar figurativo, cheio de
possibilidades de entendimento - uma caverna - se torna o espaço onde soluções
podem ou não serem alcançadas.
Um dilema aliado ao discurso - o ficar ou abandonar –
guiados por duas inspiradas artistas em cena (Patrícia Saravy e Natália
Garcia), se mostra uma base importante para pensarmos sobre a sociedade e
os obstáculos na interrelação. Associado a isso, trazendo um olhar para o real
através de um assunto que não se mostra completamente, a Síndrome do Pânico,
vamos percorrendo embates fervorosos.
Escrito e dirigido por Luísa
Fiedler, esse curta-metragem dá margens para interpretações sem perder um
ponto fixo onde seu desabrochar acontece.