27/02/2014

10 Filmes para você assistir e fugir do carnaval



Brasil, terra do futebol, das lindas mulheres, da corrupção, dos governos festeiros, e, óbvio, a terra do carnaval. Uma data festiva, que todos comemoram, vista por muitos como importante para o turismo em nosso país. Agitos dos trios elétricos mais barulhentos do planeta, bundas rebolando, curtição, bebedeira, pegação, Ivete, Claudia, calor e uma ressaca terrível no dia seguinte. Legal! #sqn. Para quem foge de momentos como esse, vista o seu abadá cinéfilo, vá ao cinema, alugue um montão de filmes, entre no ar condicionado e faça a sua folia! 

Abaixo, 10 filmes para você curtir o carnaval se deliciando como todo e bom cinéfilo:

10) Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum

Com uma introdução musical belíssima, o novo trabalho dos irmãos mais famosos do mundo do cinema pode ser considerado uma baladinha Folk dentro do cinema. Tecnicamente excelente, Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum mostra uma incrível jornada, rumo ao fundo do poço, ao mundo do Entretenimento musical norte-americano, trajeto vivido por uma alma conturbada e deveras sonhadora. A história fica engessada no protagonista mas bons coadjuvantes ajudam a contar esse conto sonhador moderno.

Esse filme mostra que cantar é a alegria e a expressão da alma. Quando o protagonista chega ao limite de suas forças, coadjuvantes surgem para contribuírem com um certo tipo de direção ou mesmo aprendizagem para o jovem cantor solo. Assim, vemos aparições relâmpagos de Justin Timberlake, a sempre ótima Carey Mulligan e o excelente John Goodman que dá um verdadeiro show com seu personagem folgado por si só que vai tirar risadas a todo instante da plateia.

A melancolia do personagem principal e a forma como vê e sente o mundo ao seu redor é muito parecida com as letras das canções de Folk, gênero imortalizado pelo grande Bob Dylan (que é mencionado e interpretado em uma rápida sequência). Driblando sua própria desarmonia, somos testemunhas do sofrimento e desenvolvimento de um homem em busca do seu tão sonhado eldorado. É possível nos identificarmos facilmente com esse ótimo personagem, seu jeito enrolado de ver o mundo reflete o sentimento de muitos do lado de cá das telas.

Com o Folk tomando conta da telona, você vai sair do cinema querendo ter o cd com todas as músicas cantadas neste projeto. Mesmo sendo considerado Cult, o trabalho deve e merece ser assistido por pessoas de todas as idades, gostos cinéfilos, gostos musicais. Mais um acerto dos Coen. Viva essa experiência, bravo!

O que esse filme ensina: O Folk é um gênero musical bem melhor que qualquer trio elétrico. Assistir a esse ‘show’ no ar condicionado e sem abadá, é o que há!


09) Clube de Compras Dallas

Até onde um homem vai em busca de sua salvação? Uma das grandes sensações em festivais importantes mundo à fora, e um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme neste ano, Clube de Compras Dallas é um retrato escancarado de um homem em busca da cura para uma doença que já matou milhões de pessoas neste planeta. Dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée (que comandou o ótimo A Jovem Rainha Victoria) e com uma atuação digna de Oscar dos atores  Matthew McConaughey e Jared Leto, o drama deve comover do início ao fim qualquer um que tiver a sorte de assistir a este belo trabalho.

O longa-metragem aborda muito bem toda a mentalidade da população perante aos riscos do vírus HIV. O preconceito exacerbado (para muitos, quem tinha Aids era porque tivera relações homossexuais), as dúvidas sobre os tratamentos confiáveis pelos portadores do vírus, as brigas judiciais entre fabricantes de medicamentos norte-americanos e pessoas que procuravam novas soluções para combater a doença. Clube de Compras Dallas não deixa de ser uma crítica à indústria farmacêutica que lucra milhões anualmente. É um trabalho inteligente e muito corajoso de Vallée e toda a equipe.

Todo o elenco esteve inspirado durante o período de gravações. O antes rejeitado pelos cinéfilos, Matthew McConaughey consegue a melhor atuação de sua carreira (que decolou com muito mais talento nos pelos menos últimos cinco filmes que participou) e tem reais chances de conseguir um dos Oscars na próxima noite da grande festa. A certeza maior de prêmio é para Jared Leto. O cantor/ator mais uma vez interpreta um personagem envolvido no mundo das drogas e mais uma vez mostra que é um artista completo, magnífica atuação. Até a mulher do ex-novo Batman Ben Aflleck, Jennifer Garner, consegue desempenhar com muita eficácia sua complicada personagem.

Clube de Compras Dallas é um filme que conquistará muito fãs no Brasil e no mundo. A qualidade cênica é importante para toda a história fluir e captar a atenção do espectador durante toda a fita. Esse é um daqueles filmes impactantes que marcará a carreira de todos seus participantes.

O que esse filme ensina: A nossa vida vale muito e lutamos por ela todos os dias.


08) Grand Central

Quando o amor não basta, o medo consome. Para falar sobre as problemáticas nucleares, uma pincelada crítica dos abalos energéticos de muitos países, a diretora Rebecca Zlotowski (em seu segundo longa-metragem) utiliza uma cobertura romântica protagonizada pela mais nova musa do cinema francês, Léa Seydoux. Grand Central pode ser definido também como a história de homens e seu traiçoeiro trabalho que geram conflitos emocionais, físicos e familiares muito bem reproduzidos na telona.

A conflituosa relação que o destino cravou gira quase que exclusivamente em torno do protagonista, um homem que nunca esteve apaixonado e que vive de maneira intensa sua vida. Nas mesas de sinuca ou na estrada andando como nômade à procura de uma razão para sua existência, encontra no amor seus conflitos mais profundos. Um jogo de paixão, desejo e razão vão se misturando, deixando o personagem à deriva de ações inconseqüentes.

Obviamente, a intenção da fita era transmitir e criar uma discussão em cima da problemática e os perigos das usinas nucleares. Só que a história que a princípio viria em segundo plano, o amor singelo e bruto entre dois personagens, acaba tomando o papel de protagonista no processo de interação com o espectador muito por conta da intensidade e competência da atriz Léa Seydoux, iluminada (mais uma vez) em cena.
Longe de ser o melhor filme da coadjuvante principal de Azul é a Cor Mais Quente (nem tão pouco seu filme mais polêmico), Grand Central merece ser conferido por todos os cinéfilos pois consegue encontrar em suas subtramas uma inteligente razão de existência.
O que esse filme ensina:  Nas histórias mais confusas encontramos os amores mais intensos.

07) Pais e Filhos

Depois do maravilhoso trabalho O Que Eu Mais Desejo, o diretor japonês Hirokazu Koreeda volta a falar sobre a relação da família no seu mais novo projeto, o cativante Pais e Filhos. Usando de uma simplicidade e uma delicadeza impressionante, o filme é uma grande jornada sentimental nas escolhas difíceis que pais e filhos se envolvem. O espectador é alvo fácil de cada palavra, cada sentimento, contidos em todas as linhas desse roteiro.

O que mais deixa o público envolvido com a história é a construção belíssima do personagem Ryota. Um Workaholic assumido, deixa sua família em segundo plano, assim como seu pai no passado fizera com ele. Perdido em meio ao caos emocional estabelecido pela trágica notícia, Ryoto, a cada passo que tenta dar pra frente se esquece dos pequenos detalhes afetivos e comete uma série de ignorâncias, fruto de sua frieza característica. Quando a mudança se torna eminente, o filme ganha contornos tão emocionantes que fica impossível os olhos não se encherem de água.

Se você já teve uma relação difícil com seus pais, esse filme chegará como um cometa colorido que vai atingir a superfície de seu coração. O poder dessa história, juntamente com a mágica do cinema, é enorme e pode fazer você querer mudar certas situações, quem sabe até mesmo perdoar. As lições são inúmeras, esteja de coração aberto para receber esse lindo trabalho. Sábio, é o pai que conhece o seu próprio filho. E vice-versa. Não perca esse filme.

O que esse filme ensina: Pais e filhos é uma relação eterna de amor, na maioria do tempo.


06) Fruitvale Station - A Última Parada

Em seu primeiro longa-metragem, o cineasta californiano Ryan Coogler surpreende o mundo do cinema com um poderoso drama baseado em fatos reais que gera indignação e calafrios do início ao fim. Fruitvale Station: A Última Parada é aquele tipo de filme que faz o espectador não conseguir desgrudar os olhos da telona. A impactante trama não deixa de ser uma bandeira contra a violência policial e o despreparo da segurança, que ainda ocorre em muitas grandes cidades ao redor do planeta.

Fruitvale Station: A Última Parada é um filme independente. Partindo desse ponto, já sabemos que a força cênica precisa funcionar, exatamente para conseguir criar toda a atmosfera de sofrimento que a trama pede. A vencedora do Oscar Octavia Spencer domina o filme com sua sofrida, controlada e bastante racional personagem. Aos olhos dessa mãe em desespero por dentro mas controlada por fora, o público se sente, cada minuto que passa, mais próximo desta trágica história.

O projeto como um todo, pode ser visto como uma grande crítica às injustiças do destino, ao despreparo de policiais e ao preconceito que ainda cisma em sobreviver nesse mundo. Ao causar indignação do público, ou para todos que não conheciam essa história, o diretor consegue que a mensagem seja passada de forma muito objetiva nas telonas. Fruitvale Station: A Última Parada é um filme que pode e deve ser usado em salas de aula, principalmente em disciplinas ligadas à sociologia e direito. Essa é, sem dúvidas, uma fita que todo cinéfilo precisa conferir.


05) Breathe In

As músicas mais bonitas são aquelas que chegam ao coração de alguém que nos entende. Depois de conquistar plateias no mundo todo com o tênue romance Loucamente Apaixonados, o cineasta californiano Drake Doremus dirige e assina o roteiro da atraente fita Breathe In. Falando sobre a redescoberta da arte do viver em meio a um caos familiar derivado das conseqüências de atos naturais e impensáveis, o drama possui um enredo envolvente que vai conquistar o público do primeiro ao último minuto de fita.

A profundidade em que chegam os personagens quando são atingidos por novas perspectivas é visto nas telas com uma verdade tocante. A trama gira toda em cima de Keith que teve uma vida cheia de alegria interrompida muito cedo por conta da gestação de sua namorada e atual mulher. Um certo complexo de juventude paira pela cabeça dele com a chegada da linda Sophia. Qualquer lembrança sobre como era mais divertida sua vida vivendo de música e na cidade grande, é motivo para um isolamento instantâneo que só Sophia parece entender.

Uma relação madura e carinhosa de desejo entre homem e mulher (e também pela arte que conhecem) vai dominando os dois personagens. Um encontra no outro um porto seguro. O jeito que se olham, aquele brilho no olhar, a maneira como sentem e se identificam com a música levam essas duas almas a um relacionamento de respeito, desejo, confiança e carinho, por mais que o restante dos envolvidos (mais precisamente a filha imatura e a passiva mulher de Keith) sofram as conseqüências desses atos.

Selecionado no Festival de Sundance em 2013, Breathe In é um daqueles trabalhos em que a força dos personagens faz a riqueza da história. As melancolias, os dramas, as situações constrangedoras são passadas ao público de maneira muito verdadeira. Os últimos 20 minutos de fita são cheios de momentos intensos, dramáticos, surpreendentes e avassaladores. Vocês não podem perder esse ótimo filme, afinal, quem nunca buscou novos sentidos para sua vida?

O que esse filme ensina: A felicidade está ao alcance de quase todos nós. Os opostos não se atraem.


04) Enquanto você Dorme

Já trancou direito a porta da sua casa hoje? A nova fita espanhola “Enquanto Você Dorme” é um drama misturado com suspense que deixa o espectador completamente abismado com o que está vendo em cena. O roteiro assinado por Alberto Marini mostra o dia-a-dia de um condomínio sob os olhos do psicótico César, um porteiro que controla tudo e todos, que possui uma avassaladora obsessão por uma das moradoras, a bela Clara.  Esse Thriller, muito bem dirigido pelo catalão Jaume Balagueró (um dos diretores de “Rec”), é uma grata surpresa e por conta do desfecho em aberto pode muito bem ter uma continuação. Os cinéfilos adorariam.

Na história, acompanhamos o porteiro (César) de um edifício. A princípio tudo aparentemente normal, até que aos poucos vamos sendo introduzidos à mente desse curioso personagem. Completamente insano despeja infelicidade ao seu redor, pois isso, é um remédio para sua tristeza e solidão. Está à beira do suicídio em muitos momentos, principalmente quando se sente dominado pelos raciocínios negativos de sua mente com problemas. A nova obsessão de Carlos tem apenas um nome: Clara. Completamente sem juízo, toda madrugada, invade o apartamento dessa moradora, aplica um mecanismo de dormência e se deita junto dela. Conforme os dias da semana vão passando a obsessão só cresce, a sorte de Clara é que alguns acontecimentos prejudicarão a continuidade da maluquice de César.

O veterano ator espanhol Luis Tosar (do eletrizante Cela 211) dá vida ao protagonista. Extremamente complexo e muito bem executado em cena, César é um dos melhores papéis de Tosar no cinema. A atriz Marta Etura, que interpreta Clara, também está muito bem e passa todo o clima de tensão que vive sua sofrida personagem. Fato curioso: Luis Tosar e Marta Etura são namorados na vida real.

Um filme tenso, com pitadas de loucura, que possui ótimas interpretações e personagens bastante originais. Não deixem de conferir! Merece uma continuação! Hitchcock ficaria feliz se visse esse filme!



03) As Delícias da Tarde

Em seu primeiro longa-metragem, a ex-roteirista de seriados famosos, Jill Soloway resolve abordar os dramas familiares e as problemáticas diárias que o sexo pode provocar em alguns casais na dramédia As Delícias da Tarde. Contando com um elenco oriundo de diversas séries norte-americanas, a estreante procura dar liberdade na composição dos personagens causando alguns exageros mas no geral uma fórmula que dá muito certo em cena.

É possível falar sobre sexo no cinema sem ser piegas ou ofensivo. As Delícias da Tarde é um grande consultório onde todos nós somos convidados a participar dos debates que acontecem entre os carismáticos personagens. A relação da protagonista com todos os outros coadjuvantes são excelentes, comovem e ajudam a contar essa boa história. O destaque para essas tramas secundárias fica para a ótima participação de Jane Lynch (Glee) na pele da psicóloga totalmente maluca Lenore.

Jill Soloway ganhou o prêmio de Melhor Direção no prestigiado Festival de Sundance deste ano. Realmente a direção surpreende positivamente, conseguem transformar uma história complicada em um filme gostoso de assistir. A liberdade que o elenco teve para criar os personagens poderiam ser um problema por conta do formato que estão acostumados (seriados) mas o saldo final é muito positivo e os personagens se sustentam com louvor até o final da história.

O único pecado é que o filme não tem data definida para ser exibido no Brasil. Os sortudos que frequentaram o Festival do Rio deste ano – assim como quem vos escreve – são os únicos brindados com essa delícia, seja ela de manhã, de tarde ou de noite. Se pintar por aqui, não esqueçam, anotem na agenda e vão ao cinema, essa história vocês precisam conferir.


02) 7 Caixas Paraguaias

O sonho e a violência ganham contornos surpreendentes no elogiado drama paraguaio 7 Caixas Paraguaias. Dirigido pela dupla Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori, o filme é uma grande caixinha de surpresas onde o espectador é o grande privilegiado. O longa-metragem (a maior bilheteria da história do cinema paraguaio) mostra o sonho, nos gestos e expressões do jovem protagonista que leva uma vida na pobreza, trabalhando duro todos os dias em um mercado de muambas, uma espécie de 25 de março (SP) ou Uruguaiana (RJ).

Em 7 Caixas Paraguaias somos apresentados a Víctor (Celso Franco), um carreteiro de 17 anos, que trabalha dia e noite em um famoso mercado no centro de Assunção (Paraguai) sonhando em algum dia ser famoso e aparecer nas telinhas das televisões que lotam as lojas do grande mercado. Certo dia, recebe uma proposta diferente e misteriosa, transportar 7 caixas de madeira até um lugar, cujo conteúdo ele desconhece, em troca de uma nota rasgada ao meio de 100 dólares. Assim, ao lado de sua amiga Liz (Lali Gonzalez) precisa chegar até o seu destino fugindo de todos que não querem que isso aconteça.

O drama vira suspense em questões de minutos. Somos jogados em uma história envolvente de ambição, segredos e assassinato. Com um ritmo ao melhor estilo Corra, Lola, Corra (1998), a câmera dos diretores apresenta uma realidade impressionante, sempre tremendo e captando as expressões dos personagens de maneira detalhista mesmo que alguns cortes secos mal feitos e enquadramentos esquisitos apareçam de vez em quando.

Os diálogos e situações inusitadas que acontecem são bem recebidos pelo público que executa gargalhadas em muitas sequências. O ritmo dinâmico, a inversão rápida entre os gêneros drama, suspense e comédia são uma ótima sacada e conquistam a todos. Dê uma chance aos nossos vizinhos, os vinte minutos finais de filme valem o ingresso. Bravo!

O que esse filme ensina: Você pode fazer sucesso a qualquer minuto. O Cinema paraguaio será outro depois desse filme.


1) Tiranossauro

Com uma história intensa que fala sobre raiva e redenção de maneira muito comovente, o ator e agora diretor Paddy Considine (que assina a direção e o roteiro) faz a alegria dos cinéfilos com seu novo trabalho, “Tiranossauro”. O nome assusta um pouco, tem gente que acha até que o filme é de ficção científica, porém, qualquer suposição é apenas ilusão. O filme é recheado de pontos positivos e com duas atuações pra lá de convincentes.

Na trama, conhecemos Joseph um homem rodeado por desilusões e que está à beira da loucura dominado completamente pelo ódio que sente. Um certo dia, após beber todas em uma tarde, acaba indo parar na loja de Hannah, uma simpática vendedora que também possui seus problemas no cotidiano. Aos poucos, entre um drama e outro, vai surgindo entre eles uma amizade muito forte que acaba virando um conforto para essas duas almas perturbadas por fantasmas que os assombram à muito tempo.Ao analisarmos os dois personagens percebemos dois lados em cada um deles.

O longa possui cenas fortes e marcantes provocadas pela fúria sem limite dos personagens principais. O desfecho caracteriza um novo caminho e a liberdade de alguns desses carmas passado, porém, toda ação tem suas consequências. Bruto, intenso, brilhante!  Você não pode perder essa fita irlandesa que foi um dos filmes sensação dos últimos festivais do Rio de cinema.

O que esse filme ensina: A vida não é fácil pra ninguém
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24/02/2014

Crítica do filme: 'Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum'



Com uma introdução musical belíssima, o novo trabalho dos irmãos mais famosos do mundo do cinema pode ser considerado uma baladinha Folk dentro do cinema. Tecnicamente excelente, Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum mostra uma incrível jornada, rumo ao fundo do poço, ao mundo do Entretenimento musical norte-americano, trajeto vivido por uma alma conturbada e deveras sonhadora. A história fica engessada no protagonista mas bons coadjuvantes ajudam a contar esse conto sonhador moderno.

Na trama, acompanhamos todos os passos de Llewyn Davis (Oscar Isaac) um músico, especialista em músicas do gênero Folk, que após perder seu grande parceiro musical, caí na realidade e nas dificuldades de voltar a fazer sucesso. O músico, que possui uma terrível habilidade de brigar com qualquer pessoa ao seu redor, vive em dificuldades constantes e dorme a cada dia na casa de um dos seus pacientes amigos. Em uma época onde pedir carona era uma coisa comum, Llewyn (sempre com seu cigarrinho na boca) anda com seu violão de um lado para outro em busca de seu objetivo.

Esse filme mostra que cantar é a alegria e a expressão da alma. Quando o protagonista chega ao limite de suas forças, coadjuvantes surgem para contribuírem com um certo tipo de direção ou mesmo aprendizagem para o jovem cantor solo. Assim, vemos aparições relâmpagos de Justin Timberlake, a sempre ótima Carey Mulligan e o excelente John Goodman que dá um verdadeiro show com seu personagem folgado por si só que vai tirar risadas a todo instante da plateia.

A melancolia do personagem principal e a forma como vê e sente o mundo ao seu redor é muito parecida 
com as letras das canções de Folk, gênero imortalizado pelo grande Bob Dylan (que é mencionado e interpretado em uma rápida sequência). Driblando sua própria desarmonia, somos testemunhas do sofrimento e desenvolvimento de um homem em busca do seu tão sonhado eldorado. É possível nos identificarmos facilmente com esse ótimo personagem, seu jeito enrolado de ver o mundo reflete o sentimento de muitos do lado de cá das telas.

Com o Folk tomando conta da telona, você vai sair do cinema querendo ter o cd com todas as músicas cantadas neste projeto. Mesmo sendo considerado Cult, o trabalho deve e merece ser assistido por pessoas de todas as idades, gostos cinéfilos, gostos musicais. Mais um acerto dos Coen. Viva essa experiência, bravo!
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10 filmes para você assistir quando nada mais faz sentido em sua vida



“Eu preciso mudar todo dia, pra escapar da rotina dos meus desejos por seus beijos. Os meus sonhos, eu procuro acordar e perseguir meus sonhos, mas a realidade que vem depois não é bem aquela que planejei”. Quem nunca se sentiu assim? Um grande amor perdido e ainda não superado, um sonho realizado mas parece que não está ainda completo, você chegou ao topo mas sente que deixou um amor, um alguém e nada mais faz sentido. Somos seres humanos, sofremos e vivemos de experiências desse tipo. Aquela volta pra casa que se torna a mesma de dias atrás, lembranças de situações e momentos felizes que chegam a arrepiar o nosso coração.
Mas porque não acreditar que todos esses momentos bons podem se repetir?

Uma das vantagens de termos a sétima arte em nossas vidas é que essa se torna sabiamente um porto seguro para você que vive, viveu e vai viver momentos assim. Um bom filme muda uma cara fechada, um sorriso torto, um coração sofredor. Indo mais a fundo e buscando filmes que nos fazem pensar em nossas vidas, separei uma lista de 10 filmes que vão fazer você enxergar a vida de outra maneira e quem sabe ajudar você a curar esse dor mais rapidamente.

10) Short Term 12
Ajudar ao próximo a superar os problemas é uma maneira mágica de ajudar a si mesmo. Sensação em muitos festivais de cinema independente no mundo todo, o profundo drama Short Term 12 é um daqueles filmes que de tão bonito vira lembrança inesquecível dentro dos nossos corações. Escrito e dirigido pelo desconhecido cineasta hawaiano Destin Cretton, o simpático projeto aborda a boa ação em ajudar ao próximo sem pedir absolutamente nada em troca para isso. Com uma atuação fantástica da jovem Brie Larson, esse trabalho se consagra como um dos grandes filmes dessa temporada. Por isso, desde já a nossa torcida para que ele chegue nas telonas brasileiras.

O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é primoroso. Cada arco de construção dos personagens é meticulosamente bem feito. A apresentação da protagonista vai acontecendo com o decorrer da projeção. Grace se coloca como os olhos do público durante todos os 96 minutos de fita.  A fórmula mágica de conquistar o espectador com simples sequências acontece muito por conta da atuação mais que inspirada da atriz Brie Larson. Seus diálogos sobre a vida, histórias do passado e relações amorosas, com seu namorado Mason (interpretado por uma das estrelas do aclamado seriado Newsroom, John Gallagher Jr.) são ótimos.

Short Term 12 é um trabalho para ser admirado por todo mundo que gosta de pensar vendo um filme. Não tem nenhum apelo comercial e por isso deve ser muito difícil chegar aqui nos nossos cinemas. Por isso, vale muito nossa torcida para que isso ocorra. Esse é um filme que todo mundo que faz o bem merecer assistir. Afinal, quais são os pilares da nossa sociedade? Esse longa-metragem ajuda a todos nós encontrarmos essa e outras respostas. Bravo!

O que esse filme ensina: Ajudando ao próximo e vivendo a cada dia com esperanças renovadas, sua vida pode dar um salto rumo à felicidade.


09) Jimmy P.

Em qual língua você sonha? Depois de uma série de filmes sem expressão pelo mundo do cinema, o cineasta francês Arnaud Desplechin consegue finalmente alcançar um certo brilho em sua estrela apagada. Com ótimas tomadas e movimentos intrigantes de sua nervosa câmera consegue que uma história densa se torne um delicioso passatempo para quem curte cinema de boa qualidade. Jimmy P. é o tipo de filme que vai te conquistando aos pouquinhos chegando ao seu clímax quando os seus personagens principais, maravilhosamente interpretados por Benicio De Toro e Mathieu Amalric, passam da necessária superficialidade dos diálogos ao embarque em uma linda jornada de amizade e profundidade dessa relação.
Os diálogos, carregados de sotaques, cada qual no seu qual, ganham certo destaque na trama. O público se surpreende quando aqueles papos muito loucos no começo da história se tornam ferramentas inteligentes para entendermos melhor os dois ótimos personagens. O quebra-cabeça de sonhos, analogias e esquisitas verdades são interpretadas brilhantemente pelo antropólogo interpretado por Amalric. Falando de maneira leiga e deveras audaciosa, é uma espécie de confronto amistoso entre a corrente de sonhos de Jung e as espertezas sobre a sexualidade, essa, de Freud.
O trabalho de Del Toro e seu personagem é meticuloso, espanta pela verdade que passa em cada palavra pronunciada. O ganhador do Oscar mostra mais uma vez como é um artista versátil. Mas quem comanda o show é o francês Mathieu Amalric, a alma da história passa pela sua intensidade e sagacidade em buscar uma solução para o paciente em questão. A dupla consegue manter a atenção do público nessa longa trama de quase duas horas.

Passado no ano passado para a exigente plateia e júri do Festival de Cannes, Jimmy P. é um daqueles filmes que acaba mas não termina, por conta das inúmeras discussões que vai gerar. Um prato cheio para qualquer estudante de antropologia, psicologia, psiquiatria e para todo mundo que gosta de filmes feitos para refletir. Não importa em qual língua você sonha, Jimmy P. mostrará a você que o importante é superar os traumas e ser feliz.

O que esse filme ensina: A busca pela felicidade está relacionada aos laços de amizade que você encontra em sua trajetória. Faça o máximo de amigos verdadeiros que puder e conte com eles quando precisar. Faça o mesmo se alguém precisar de você.


08) Gloria

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” Não há frase melhor do que essa pérola do saudoso Chaplin para definir o indicado do Chile ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, Gloria. Dirigido pelo talentoso Sebastián Lelio, o longa-metragem já conquistou plateias de todo o mundo, principalmente em Berlim onde recebeu o concorrido Urso de prata de Melhor atriz. As dancinhas desajustadas logo no início do filme já davam a dica de que estariam prestes a acompanhar uma mulher de personalidade cativante que nos transportaria para um filme emocionante e inspirador.

O ritmo do filme é ditado pela espetacular atuação da atriz Paulina Garcia. Pulando de Bungee Jumping, brincando de Paintball, dançando loucamente nas pistas da vida, vamos conhecendo Gloria aos mínimos detalhes. Não há como não gostar dessa personagem. Por trás de seus óculos gigantes, se esconde uma mulher insegura, carente que possui um talento especial e inusitado para passar batom. Procurando todo e qualquer tipo de atividade para não se sentir sozinha, encontra nos bailes noturnos e dançantes um porto seguro. A composição da personagem é algo sublime, magnífico. O quebra-cabeça emocional em que vive Gloria é jogado na tela com veracidade à flor da pele, fruto do talento de Paulina.

Já no desfecho, em meio a um inusitado bombardeio de bolinhas de tinta, Gloria dá um ponto final em uma situação que a incomodava e isso marca novamente um novo recomeço. A brincadeira entre ficção e realidade chega nessas verdades implícitas em cada cena deste filme. Nos familiarizamos com os dramas que somos testemunhas e passamos a questionar nossa própria vida. Afinal, a vida não é a eterna arte de recomeçar? 

O que esse filme ensina: A vida é uma eterna arte de recomeçar.


07) The Spectacular Now

Sonhos para quem sonha. Futuro para quem trabalha para ele. Mas, que tal os dois? Baseado na obra homônima de Tim Tharp, a grande surpresa do último Festival de Sundance, The Spectacular Now, é muito mais do que um filme maduro sobre o retrato da juventude. Dirigido por James Ponsoldt (que comandou o interessante Smashed: De Volta a Realidade), o drama promete conquistar todo o tipo de público principalmente por conta de seus diálogos para lá de envolventes.
O contraste dos personagens é um ponto interessante a se destacar. Aimee é uma delicadeza em pessoa que acabara de passar para a faculdade, sonha em trabalhar na Nasa e ter uma família perfeita. Já Sutter é um acomodado, malandro por si só, que não almeja nada além de piadas prontas para seu vasto repertório de conchavos. Os dois passam por problemas com suas respectivas famílias, a primeira por ter que lutar por sua independência acadêmica e o segundo por ter sido abandonado pelo pai muito cedo prejudicando sua relação com a mãe.

Não é um absurdo dizer que o filme lembra em alguns momentos (claro, cada qual no seu qual) os excelentes diálogos do clássico Antes do Amanhecer, principalmente por conta da maturidade e harmonia que são executadas as cenas pelos protagonistas.  O público é brindado com um enorme carisma que eles passam. Shailene Woodley e Miles Teller são os grandes responsáveis por toda essa positiva interação. Os jovens artistas dão um verdadeiro show em cena. Orçado em U$$ 2,5 Milhões, o longa-metragem ganhou o prêmio especial do Júri no Festival de Sundance 2013 em uma categoria de desempenho dos atores em cena.

Dos mesmos produtores de 500 Dias com Ela, The Spectacular Now é um daqueles filmes que todo cinéfilo vai gostar de ter em seu acervo.  Falando sobre a arte do sonhar e do amadurecer, a história vai cativar até os corações mais difíceis de agradar. Imperdível.

O que esse filme ensina: Um grande amor pode nos mostrar o caminho, mesmo se esse amor plantar coisas boas e fugir de sua vida da mesa maneira que entrou, como um cometa lindo que deixou marcas.


06) A Vida Secreta de Walter Mitty

Você já fez algo realmente extraordinário? Com um roteiro do sempre competente Steve Conrad (À Procura da Felicidade), baseado em um personagem fantástico criado pelo escritor americano James Thurber no conto publicado na revista The New Yorker em 1939, o novo trabalho como diretor do astro de Hollywood Ben Stiller A Vida Secreta de Walter Mitty se propõe em ajudar ao público a encontrar a verdadeira beleza do sonhar contido dentro de todos nós.

O roteiro é muito consistente deixando o público louco para saber o que virá na sequência das ações do protagonista. O filme mistura fantasias mirabolantes e realidade, o espectador precisa ficar atento para saber o que cada cena significa. Entre paisagens lindas, diálogos cômicos, e uma cena impagável fazendo analogia ao ótimo filme de David Fincher O Curioso Caso de Benjamin Button, A Vida Secreta de Walter Mitty é mais um daqueles filmes que ficará dentro de sua memória cinéfila durante muito tempo.

A trilha sonora assinada por Theodore Shapiro (O Diabo Veste Prada) é espetacular, o espectador se sente a todo instante fazendo parte da jornada de Walter Mitty. Outro ponto a ganhar destaque são as cenas entre Ben Stiller e Kristen Wiig (quem diria (2)?!). Essa última, quando deixar de fazer comédias pastelões inúteis e ridículas como Missão Madrinha de Casamento, mostra que tem potencial de algum dia ser uma atriz muito interessante.

Contando também com a participação mais do que especial do ganhador do Oscar Sean Penn, A Vida Secreta de Walter Mitty se consolida a cada minuto de fita como um retrato maduro entre a realidade e a ficção. Então pessoal, o jeito é seguir o ABC de Walter Mitty. Veja o mundo. Os perigos que virão. Chegue mais perto. Sinta. Esse é o propósito da vida. Não percam essa fabulosa experiência cinematográfica que Jung iria amar. Bravo!

O que esse filme ensina: A vida é uma eterna aventura se você quiser realmente viver, amar, sonhar e aprender.


05) Arthur Newman – Meus Dias Incríveis

Dirigido pelo estreante Dante Ariola, Arthur Newman é quase uma grande brincadeira de faz de contas onde a realidade vai ficando para trás dando lugar a sonhos, desejos e ações executados por alter egos diversos. O filme, que conta com mais uma atuação maravilhosa de Colin Firth, é uma grande estrada sem direção, o que pode incomodar alguns. A falta de objetivos dos personagens é abordada dentro da trama. Eles são guiados por desejos reprimidos, fantasias do que acham ser a felicidade. Tem uma personalidade de um road movie mas na verdade é um drama profundo e inteligente que tem como pano de fundo a relação entre pais e filhos.

Por incrível que pareça, e a sinopse não entrega isso de jeito nenhum, o longa-metragem roteirizado por Becky Johnston (que escreveu o roteiro do maravilhoso Sete Anos no Tibet), é um grande drama familiar, com foco na relação pais e filhos. Conforme somos apresentados aos fatos do passado dos personagens, subtramas ricas em emoção, principalmente os diálogos interessantes que surgem entre o filho abandonado e a atual mulher abandonada surgem para completar as lacunhas de algumas dúvidas que surgem sobre os objetivos dos personagens.

O filme tem alguns momentos água com açucar mas ganha um ritmo bacana quando os personagens começam a viver a vida de outros casais, isso acontecendo na história, o filme eleva sua qualidade guiado pela ótima sintonia entre os protagonistas. É um longa muito indicado para psicólogos, sociólogos e professores. Esses últimos, terão vários assuntos para discutir com seus alunos em sala de aula. Não percam!

O que esse filme ensina: Ir atrás da felicidade é fundamental para ser feliz e amar de verdade alguém.


04) Os Belos Dias

Com uma atuação maravilhosa da veterana atriz francesa Fanny Ardant (A Mulher ao Lado), Os Belos Dias é um trabalho simpático que inspira não só aos mais velhos mas a todos que gostam de sonhar. Dirigido por Marion Vernoux, o longa-metragem de pouco mais de 90 minutos vem conquistando adeptos de público e crítica por onde passa e para sorte dos cinéfilos que não puderam conferir no último Festival do Rio, o filme desembarcou nesta semana nos cinemas brasileiros.

Os problemas na relação entre Caroline e seu marido Philippe (interpretado pelo sempre ótimo ator Patrick Chesnais) dão o ar de sua graça do início ao fim do filme. O desenvolvimento repleto de conflitos e incertezas deixam o público curioso em saber qual será o desfecho desse casal que se ama mas já não se entende tanto assim. Aonde foi parar o amor deles? Porque Caroline se apaixonou por outra pessoa, ela queria viver apenas uma aventura? São algumas das perguntas que vão rondar a cabeça do espectador.

Um dos pontos altos da trama é a forma como a protagonista rende positivamente nas mãos da musa europeia Fanny Ardant (que aparece por poucos segundos, mas com o mesmo sorriso cativante, no novo longa de Paolo Sorrentino, A Grande Beleza). A atriz de 64 anos e mais de 80 filmes na carreira dá um verdadeiro show em cena. Cativante e se sentindo-se super à vontade no papel, brinda os cinéfilos com uma atuação sólida, verdadeira e que emociona de verdade. Poucas atrizes no mundo desenvolveriam tão bem essa personagem como Ardant, a escolha foi certeira, ela é o filme!É um filme para ser conferido por cinéfilos de todas as idades.

Os Belos Dias, é aquele tipo de longa-metragem francês que vale a pena pagar o ingresso, você sai do cinema renovado tendo assistido uma ótima história com personagens que vão demorar a sair de sua memória, principalmente a carismática protagonista que faça dias feios ou dias belos você sempre vai lembrar. Bravo!

O que esse filme ensina: Para amar não existe idade. O amor pode sufocar mas ainda sim continua sendo amor quando fortes pilares foram vividos e criados.


03) Deixe a Luz Acesa

Em um relacionamento, as pessoas se somam ou se complementam? Para falar de amor a um nível intenso, cheio de dramas e conflitos, o diretor Ira Sachs (Vida de Casado) aborda todas essas variáveis aplicadas a um relacionamento homossexual no excelente drama Deixe a Luz Acesa.  Além da direção primorosa, o longa conta com uma atuação espetacular de seu protagonista, o dinamarquês Thure Lindhardt (Velozes e Furiosos 6).

A falta de maturidade é a grande questão abordada do magnificente roteiro. O relacionamento dos protagonistas se torna descontrolado, há amor, paixão e amizade mas ambos não conseguem dosar suas atitudes, vícios de drogas e sumiços sem explicações. Traições se tornam frequentes, levando ambos para o fundo do poço. Um dos personagens ainda consegue desafogar suas mágoas no excelente núcleo familiar comandado pela carismática e querida pelos cinéfilos Paprika Steen (Amor é Tudo o Que Você Precisa).

O filme não é em nenhum momento vulgar e não possui cenas desnecessárias de nudez e sexo. Tudo é muito bem dosado nos excelentes planos e enquadramentos de Sachs. Há um grande preconceito contra filmes que falam de maneira aberta e clara sobre relacionamentos homossexuais. Esse drama é uma aula de cinema, há pureza e poesia nesta história que vai marcar quem a conferir.

A entrega dos atores que mais circulam pelas lentes de Sachs é um ponto importante para criar a mais possível veracidade da história. Thure Lindhardt e Zachary Booth (Um Novo Despertar) dão um verdadeiro show em cena. Como o filme é repleto de altos e baixos, contando a saga deste conturbado relacionamento, os artistas precisam ser fiéis a seus personagens, rindo e chorando ao limite. Um esforço que vemos do primeiro ao último minuto. Merece ser conferido! Bravo!

O que esse filme ensina: Nem sempre o amor basta para ser feliz. Lute o tempo que for e faça de tudo para ser feliz mas o destino precisa cooperar.


02) O Último Elvis

Festas para uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90 minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos que preenchem aos poucos a telona.

Nesse drama existencial, acompanhamos a trajetória de Gutierrez, metalúrgico uniformizado durante o dia, Elvis Presley Cover com calça de boca de sino durante a noite. O protagonista personifica a figura de Elvis, não só nos palcos mas em todo o seu dia-a-dia. A dupla jornada do protagonista nunca é quebrada mesmo quando problemas com sua ex-mulher colocam em risco seus objetivos.O mundo dos covers é apresentado de maneira verdadeira e não se escondendo nada. As dificuldades dos artistas que vivem no anonimato, imitando os grandes astros é escancarada de maneira dura. Entre belas canções, roupas e expressões de uma época toma conta da telona. A direção é muito inteligente, molda as sequências apresentando todos os detalhes e principalmente colocando o espectador dentro das cenas.

O roteiro muitas vezes parece sem pretensão ou propósito mas o protagonista, excêntrico por si só, gera ótimas sequências guiando o público para um desfecho emblemático. Quando sobe ao palco, o jeito pacato e triste se modifica, transformando-se em alegria e carisma aos olhos do público. A voz é idêntica, só faltam o dinheiro e o glamour. As canções são arrepiantes, o ator John Mc Inerny tem uma atuação muito convincente.

A inconsequente busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!

O que esse filme ensina: Ir atrás dos seus sonhos não tem preço


01) O Lado Bom da Vida

Partindo da premissa: Você não pode ser feliz o tempo todo, foram moldados personagens nus e crus, cada um com sua loucura. Esse é o grande achado dessa ótima fita O Lado bom da vida. O bipolar que não entende piadas parece que está em constante observação pela comunidade, pela família, um certo descontrole controlado é instaurado e muito bem retratado pelos artistas. O descontrole emocional é frequente mas não é restrito ao protagonista. Seu terapeuta indiano, fã de futebol americano, o ajuda a controlar certos impulsos mas demonstra em várias cenas um certo tipo de descontrole.

A direção é detalhista, é parte importante para que toda a essência seja passada de maneira correta em cada cena. O destaque nessa questão vai para as corridas de desespero, uma trajetória ansiosa em busca de um sentido real para sua vida. Quando Jennifer Lawrence entra em cena, o longa começa a ter mais sentido. Os personagens se completam de uma forma peculiar, diálogos e reações completamente fora da normalidade. Mais um excelente trabalho desse exuberante atriz da nova geração. Bradley Cooper (Sem Limites) consegue se doar ao personagem. A sua construção cênica é inteligente e não se perde em nenhum momento. Merecida sua indicação ao Oscar desse ano. Robert de Niro volta a ser marcante em um papel depois de uma série de filmes terríveis. Bom ter o velho touro indomável de volta.

Linguagens e termos americanizados são frequentes durante a projeção. O espectador precisa ser no mínimo antenado com alguns termos e expressões. Quem não conhece absolutamente nada de futebol americano pode sentir certa dificuldade de compreensão em alguns diálogos.

O ritmo dançante transforma o filme em uma deliciosa história de amor, louco como qualquer romance do lado de cá da telona.  A trilha sonora é muito boa, vai se encaixando com as sequências como uma moeda entrando num cofrinho. Há algumas previsibilidades mas nada que atrapalhe a interação com o público. Ótimas atuações, roteiro afiado e direção perto do impecável. Já viveu um louco amor? Não perca O Lado bom da vida.

O que esse filme ensina: Sempre existe o lado bom da vida, descubra o seu!
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