13/05/2018

Crítica do filme: 'Submersão'

A intensidade do amor improvável e as incertezas de um futuro não preparado para ele. Com pitadas de melancolia profunda e ao mesmo tempo trazendo generosas doses de encanto em atos de romantismo, o longa-metragem Submersão é antes de qualquer coisa uma junção de paradigmas entre dois universos totalmente incompatíveis mas que resistem à oportunidade do amar mas não sabem lidar com as incertezas do eminente futuro cheio de escolhas. Dirigido pelo craque Wim Wenders e baseado na obra homônima de J.M. Ledgard, Submersão não tem meio termo, ou você gosta, ou você não gosta. Vamos expor alguns desses porquês.

Na trama, conhecemos o misterioso James (James McAvoy), um homem com certa ligação com agências internacionais. Durante uma passagem em um lugar aconchegante e paradisíaco conhece Danielle (Alicia Vikander), uma estudiosa exploradora do oceano (mais especificamente usa a matemática aplicada à biologia) que descobre um novo desafio no abismo Ártico. Após dias de amor e paixão, eles precisam encontrar seus destinos, James acaba acusado de ser um espião por jihadistas africanos em Nairobi e Danielle embarca em uma jornada perigosa rumo as profundezas do oceano. 
Ambos ainda pensam um no outro, mas será que ainda há possibilidades de voltarem a se encontrar?

O roteiro é não linear, busca nesse recurso explorar idas e vindas, modos de pensar, durante e após o encontro entre os pombinhos. O filme fica confuso em alguns momentos, deixando margens para uma certa ambiguidade nessa linha temporal proposta. Mas um certo carisma nessa relação se torna importante e funciona em cena. Cada um no seu destino, fica claro que não estavam preparados para o amor na altura da fase de vida que estão, fato que os surpreende, traz o medo e o desejo de não abandonar. É um retrato do amor sem todas as fases, reunindo a saudade de maneira intensa, o que dá forças, influencia, causa preocupação.

O desfecho aberto traz asas à nossa imaginação. Tratado como metáfora e lapidado com tons poéticos, tendo o mar como referência em muitos momentos, Submersão é a forma de Wenders dizer que o cinema possui pulsações mas que nem todos conseguem sentir.

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Crítica do filme: 'A Noite do Jogo'


Rir pra não chorar. Incluindo diversas críticas sobre o relacionamento humano, seja entre amigos, entre marido e mulher, em forma de humor, A Noite do Jogo, que estreou no circuito brasileiro na última semana (10), mostra as facetas humanas escancaradas em situações para lá de inusitadas tendo como ponto de interseção a obsessão da competitividade oriunda de um trauma entre irmãos. A fórmula é bastante interessante e funciona na maior parte do tempo, mesmo que em alguns pontos parecem que as peças se desmontam e ficam um pouco sem lógica. Mesmo assim, e muito por conta disso, pela diversão bem encaixada, é um filme que muitos vão gostar. O longa-metragem é dirigido pelos jovem John Francis Daley, e pelo experiente produtor e cineasta Jonathan Goldstein, que juntos também dirigiram Férias Frustradas (2015).

Na trama, conhecemos Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams), um casal super apaixonado que se conheceu em um estabelecimento quando estavam em um jogo de perguntas e respostas. Foi amor a primeira vista, já que os dois são bem competitivos. Assim, logo quando vão morar na mesma cada, resolvem que a cada semana chamariam amigos próximos para jogos em sua residência. Certo dia, com a chegada do irmão bem sucedido de Max, Brooks (Kyle Chandler) à cidade, resolvem chamá-lo para o dia do jogo da semana, mas tudo sai fora do script pois dois homens encapuzados invadem a casa e levam Brooks seqüestrado. Só que os amigos acham que tudo não passa de uma brincadeira feita pelo irmão de Max.

O roteiro, assinado por Mark Perez, mistura ação e comédia de maneira muito dinâmica (mesmo que confuso muitas vezes), preenchendo lacunas óbvias com soluções criativas de desfecho de ações. Tem clichê mas foge de muitos outros.É um filme onde rimos durante boa parte do tempo, a sintonia de Bateman e McAdams é ótima, conseguem mostrar todas as características de seus personagens e até onde pode ir a loucura que existente dentro deles por conta dessa vontade de ser o vencedor de tudo que fazem. Da maneira como foi amarrado o roteiro, dá margem para uma continuação. Estará, sem dúvidas, ou na tela quente ou na sessão da tarde daqui algum tempo.

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