26/07/2015

Crítica do filme: 'Manglehorn'

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Depois do ótimo Joe, melhor filme protagonizado por Nicolas Cage nos últimos dez anos, o jovem cineasta norte-americano David Gordon Green volta as telonas dessa vez para dirigir uma lenda do cinema, Al Pacino. Manglehorn é um filme que caminha lentamente rumo ao fundo do poço de uma alma em martírio por atitudes não tomadas em seu passado. O projeto beira ao inusitado, com algumas cenas estranhas e um protagonista que não consegue se desenvolver ao longo dos 97 minutos de projeção. O filme concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza 2014, além de ser exibido nos festivais de Toronto e do Rio em 2014.

Na trama, conhecemos o chaveiro Manglehorn (Al Pacino), um homem que vive em meio a tristeza de seu cotidiano tedioso. Seu relacionamento com o filho é quase inexistente, não consegue mais entender os sentidos das coisas, vive dentro de uma depressão profunda e desabafa para si mesmo os erros do passado. A única parte do dia que lhe dá algum tipo de satisfação é quando chega em casa e interage com seu gato de estimação. Assim, ao longo da trama, vamos acompanhando o cotidiano do personagem principal, esperando por alguma surpresa que possa transformar essa história.

Manglehorn é um filme muito difícil de se conectar. O uso de metáforas em forma de situações peculiares deixa o espectador confuso. O personagem principal tenta ser empático a todo instante, muito pela delicadeza de Pacino em sua interpretação. Porém, o roteiro, às vezes detalhista demais, às vezes com falhas, tornam a história quase insuportável. Os personagens coadjuvantes, que geralmente ajudam a contar uma história densa como essa, não conseguem provocar no espectador qualquer tipo de interessante.


Sem previsão para estrear no Brasil ainda, provavelmente deve chegar ao circuito neste ano ainda, esse novo trabalho de Al Pacino é bem abaixo dos últimos filmes deste espetacular ator (O Último Ato e Não Olhe para Trás). Este projeto prova que não adianta ter em seu elenco atores acima da média se a sua história não é bem construída para ser exibida na telona. 
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22/07/2015

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Crítica do filme: 'Pixels'

Será que a vida é um grande jogo de videogame? Voltando a décadas passadas, pura nostalgia para grande parte do público, chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 23.07, a nova aposta do humorista Adam Sandler, Pixels. Estimado em mais de 110 milhões de dólares e dirigido pelo experiente cineasta norte-americano Chris Columbus (Esqueceram de Mim), o longa-metragem é uma grande decepção do início ao fim. Personagens sem carisma, embalados ou não pelas piadas americanizadas de Sandler, um roteiro repleto de falhas, uma direção que beira somente ao razoável transforma Pixels em uma grande e intensa experiência sonolenta.

Na trama, conhecemos logo no início e ainda crianças, os nerds Brenner (Adam Sandler) e Cooper (Kevin James), o primeiro é um grande campeão dos jogos estilo arcade e o segundo seu fiel escudeiro. Os anos passam e Brenner se tornou um homem desiludido que trabalha em uma empresa de montagem de equipamento, já Cooper se tornou o todo poderoso presidente dos Estados Unidos. Durante uma invasão inusitada à Terra, Cooper precisará de todo o conhecimento de Brenner para combater um mal nunca antes visto.

Uma característica inusitada deste blockbuster é que principalmente em seu início, o filme já veste a camisa do impossível. Partindo desta ideia o roteiro deveria pelo menos mostrar uma certa direção para a história, coisa que não acontece. O filme tenta se sustentar em diálogos repleto de improvisos, atuações bem abaixo da média, até mesmo do ótimo Peter Dinklage (Game of Thrones). Brian Cox, outro baita ator parece uma marionetes dentro de um projeto que deixa muito a desejar. Fora as atuações, a direção parece em alguns momentos meio equivocada exagerando no uso da tecnologia e esquecendo da origem da história. Tudo é muito confuso neste projeto.


Não adianta colocar o Pacman, disparado o melhor 'ator' do filme, e tentar fazer menções a clássicos do videogame das antigas se não há o mínimo de evolução na trama. É um tipo de entretenimento que até mesmo os amantes nerds podem não gostar do resultado final.
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Crítica do filme: 'Um Reencontro'

Encontrar você ou nunca mais ver você. Falando sobre o amor quântico e todas as possibilidades que podem haver em uma atração amorosa, a diretora francesa Lisa Azuelos utiliza de uma trilha sonora contemporânea para contar um quase poema sobre o amor. Uma das qualidades do filme é que a apresentação dos personagens é direita, simples e objetiva. Um Reencontro fala sobre a essência do amor, com uma visão e interpretação sobre o sentimento puro que vem espontaneamente quando um outro alguém desperta o diferente em você. O projeto deve incomodar a alguns, muito pelo fato dos eternos clichês do gênero que realmente são incorporados na trama mas de nada atrapalham a emoção que nasce das escolhas dos personagens.

Na trama, somos rapidamente apresentados ao advogado criminalista Pierre (François Cluzet) e a sensual escritora Elsa (Sophie Marceau). Os dois pombinhos se conhecem em uma festa e logo de início cativam a atenção mútua. O problema é que Pierre é casado e Elsa não gosta de senvolver com que já tem uma dona. Assim, entre idas e vindas que o destino sempre reserva, tanto nos filmes como na nossa própria realidade, os dois precisarão ter forças para combater esse forte e crescente sentimento.

Cluze e Marceau formam um dupla harmônica que navegam no rio da atração, deixando o espectador se identificar com a história que é contada com uma verdade escancarada (as vezes cutuca os clichês dos filmes românticos) sobre as nuncias e consequências da relação criada. Marceau usa e abusa de sua sensualidade. A simpatia e o astral de sua personagem, deixam o público grudados na telona.


Somos desafiados a encontrar as peças de um quebra-cabeça de acordo com o que pensamos ou sentimos sobre o amor. A diretora Lisa Azuelos, que também faz uma ponta no filme, coloca em prática um exercício arriscado mas sempre deixando claro o seu ponto de vista sobre as possibilidades dessa história de amor. Sem dúvidas, Um Reencontro é um filme para almas sensíveis que adoram o livre arbítrio do sonhar.
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19/07/2015

Crítica do filme: 'Que Mal Fiz a Deus?'

O segredo da felicidade é escolher a comédia e largar o drama. Dirigido pelo desconhecido francês Philippe de Chauveron, chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 06 de agosto uma das mais engraçadas comédias francesas dos últimos anos, Que Mal Fiz a Deus? Contando com uma atuação para lá de inspirada do veterano ator Christian Clavier, o filme se sustenta nas irritações hilárias do personagem principal que entra em total desespero quando sabe dos pretendentes das suas quatro filhas.

Na trama, conhecemos o tradicional Claude Verneuil (Christian Clavier), um homem com uma vida boa que vive seu final de vida ao lado da esposa com quem tem quatro filhas. A pacata vida deste orgulhoso cidadão francês é completamente abalada quando é apresentado aos pretendentes de suas filhas, cada um dos noivos tem uma religião diferente e o tradicional Claude entra em total loucura quando sabe desta informação. Sua esperança era a última filha que vai casar mas surpresas o aguardam.

O roteiro é simples, nada que não tenhamos já visto em outros filmes europeus, mas a qualidade na direção e atuações fazem a diferença para tornar esta fita diferente. Faz leves críticas a assuntos muitas vezes tratados com demasiado drama, isso é a forma inteligente do filme mostrar que o bom senso existe. A mensagem é passada e todos saem satisfeitos com o resultado. É o tipo de filme que o público ama mas os críticos as vezes não gostam, principalmente quando pensamos sobre os clichês que acabam sendo cerejas nesse bolo cinematográfico francês.


Que Mal Fiz a Deus? É um dos filmes que você vai rir do início ao fim. O roteiro apresenta suas imperfeições principalmente nos arcos finais mas nada que atrapalhe tamanha simpatia dos atores em cena. É, sem dúvidas, uma das melhores comédias francesas dos últimos anos. O público, que já pode conferir o longa-metragem no último Festival Varilux de Cinema Francês, saiu das salas de cinema com o ânimo lá em cima. Vai ser um sucesso no circuito comercial brasileiro. Não percam!
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12/07/2015

Crítica do filme: 'Uma Nova Amiga'

O desejo é uma árvore com folhas. Já a esperança, uma árvore com flores. Já o prazer, árvore com frutos. Depois de inúmeros trabalhos marcantes, o excelente cineasta francês François Ozon volta ao cinema depois de um hiato de um ano para contar uma insólita história que mais uma vez, como em outros trabalhos dele, escancara para o público a intimidade dos personagens. Nesse belo drama de pouco mais de 100 minutos, um dos grandes pontos altos, o ator francês Romain Duris, dá um verdadeiro show em cena. Vale o ingresso.

Na trama, acompanhamos a trajetória sofrida de Claire (Anaïs Demoustier), uma mulher de meia idade que não se desgrudava da amiga Laura (Isild Le Besco). Ambas cresceram juntas e ao longo do tempo desenvolveram uma amizade muito forte. Tudo ia bem até Laura falecer precocemente. Claire, fica muito abalada e sem saber direito como seguir em frente sem a amiga. Até que um certo dia, em uma visita a casa da amiga, ela é surpreendida com a descoberta de um segredo de David (Romain Duris), marido de Claire.

Uma Nova Amiga é um filme muito difícil de escrever sem soltar algum spoiler importante. Pensando sempre no inusitado e colocando os olhos do público no buraco da fechadura, François Ozon é um mestre em decifrar as intimidades alheias. Nesse filme, como em outros, os personagens parecem que são lapidados para mostrar as verdades que acontecem entre quatro paredes. David, é fascinante do primeiro ao último minuto em cena, talvez pela forma impactante como esse nos é apresentado, talvez pela força cênica que possui Romain Duris, seu intérprete.

O desejo também é pauta importante para analisarmos esse trabalho. Longe de ser ofensivo para tratar do tema, o diretor busca de maneira inteligente alinhar o psicológico pós-trauma com sentimentos presos que despertam após determinadas situações. Claire é o exemplo disso, em todos os arcos ela que acaba ditando o ritmo da história e uma série de conflitos emocionais vão brotando em suas ações deixando-a sem saber entender direito os impulsos que seu corpo provoca.


Uma Nova Amiga é, antes de tudo, um filme muito honesto com o público. O fator originalidade também ganha força deixando essa história com um certo ar de suspense, principalmente em seu arco final. Com ótimas atuações e uma direção genial, não tem como vocês perderem né?
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11/07/2015

Crítica do filme: 'Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível '

O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência. Depois de dirigir o último filme da franquia Missão Impossível (Missão: Impossível - Protocolo Fantasma) o ótimo cineasta norte-americano Brad Bird embarca em um projeto arrojado que fala sobre as mil maravilhas, ou não, de um futuro com o uso de recursos de maneira mais inteligente do que fazemos em nossos tempos. Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível é protagonizado pelo astro George Clooney e pela novata que vai cada dia mais conseguindo fixar seu nome em grandes produções hollywoodianas, Britt Robertson.

Na trama, acompanhamos as aventuras da jovem Casey Newton (Britt Robertson),  uma adolescente com enorme curiosidade pela ciência que vive com o pai em uma cidade norte-americana. Certo dia, encontra personagens inusitados e consegue descobrir uma maneira de se transportar quase que automaticamente para uma realidade paralela, criada pelo cientista Frank Walker (George Clooney), um frustrado homem que agora vê uma chance de redesenhar seu futuro.

Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível é o tipo de filme que todo mundo quer assistir mas quando termina de ver, acaba gerando uma certa frustração com o roteiro apresentado (principalmente). O filme tem bons momentos, como as partes de desenvolvimento da protagonista no arco inicial, algumas cenas divertidas de ação e aventura mas alterna com péssimos momentos recheadas de historinhas bobinhas bobinhas, diálogos sonolentos e coadjuvantes que não conseguem entrar no ritmo da já fraca história.


Se você for pensar pelo lado da sustentabilidade e todas as menções que o longa-metragem deixa ao longo dos 130 minutos, sua experiência ao assistir ao filme pode até se tornar positiva. Se você se fixar a essência da trama, personagens e pensar do gigante potencial que o filme praticamente joga fora, sua experiência poderá ser bem sonolenta.
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05/07/2015

Crítica do filme: 'Paper Planes'

Produzido pelo ex-Hulk Eric Bana, com uma música na trilha sonora, Do or Die, escrita por Jared Leto e com o intérprete de Jake Sully no elenco, chega da Austrália um dos filmes mais água com açúcar do ano, Paper Planes. Quando você lê a sinopse já imagina como pode ser o filme, bobinho e cheio de elementos para fazerem emocionar o público. O filme é exatamente isso, um classificado ‘sessão da tarde’ made in terra dos cangurus.

Na trama, conhecemos Dylan (Ed Oxenbould), um menino que vive dificuldades em seu relacionamento com o pai após o falecimento precoce de sua mãe. Certo dia, se envolve em um concurso de aviões de papel e consegue uma surpreendente classificação para um torneio de esfera nacional. Assim, reunindo os poucos recursos que possui, tentando ter uma melhor relação com o pai e fazendo novas amizades, Dylan embarca em uma jornada que o levará até o campeonato mundial de aviões de papel, realizado no Japão.

Nem mesmo o bom jovem ator Ed Oxenbould consegue preencher todas as lacunas para classificar esse trabalho com um bom filme. É um filme feito para família, com inúmeros elementos fantasiosos mas que não conseguem criar um certo sentido dentro do atrapalhado roteiro. Talvez falte um pouco de coragem para tornar essa história um pouco mais real, ficando apenas a analogia na dificuldade entre pais e filhos como uma espécie de respiro do mundo real.  


Esse filme foi feito na Austrália, mas poderia ser feito em qualquer outro lugar do mundo. É o tipo de história simples e repleta de clichês, onde o espectador sabe desde o início como vai terminar a fábula. Os coadjuvantes são mal aproveitados, brilham raramente em alguns segundos, como alguns diálogos e situações com o avô do protagonista (interpretado pelo veterano ator australianoTerry Norris). Muito pouco para um filme que foi selecionado para Berlim este ano. 
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Crítica do filme: 'Muitos Homens num Só'

Com apenas um mês de filmagens, um tempo bem curto na média para um projeto de produção cinematográfica, Muitos Homens num Só é uma livre adaptação baseada no livro Memórias de um Rato de Hotel (1912), de João do Rio. Contando com uma direção que possui bons momentos, um roteiro que deixar a desejar principalmente quando resolve preencher as lacunas investigativas que a história pede por historinhas de amor novelescas e um elenco que desenvolve seus personagens de maneira consciente mas sem ser muito profunda, o filme vem fazendo uma carreira interessante no circuito nacional. Às vezes sendo suspense, às vezes sendo um drama romântico, Muitos Homens num Só comete um pecado capital: se perde em seu caminho que tinha tudo para ser vitorioso.

Na trama, conhecemos Arthur (Vladimir Brichta), uma alma inquieta, um homem com um olhar atento que faz provar a teoria de que a política da vida está no improviso de cada dia. No início do Século XX, Arthur se especialista em furtar pertences de moradores e turistas dos mais badalados lugares da cidade maravilhosa.  Certo dia, em um roubo em que se meteu para pagar uma dívida de um amigo, acaba se apaixonando por Eva (Alice Braga), uma desenhista que vai mudar de vez sua vida. Paralelo a isso, o investigador Félix Pacheco (Caio Blat) começa uma caça ao ladrão, utilizando alguns métodos inovadores para a época, como a impressão digital.

Arthur, tinha tudo para ser um dos personagens mais marcantes do cinema nacional neste ano. Não possui armas, somente a habilidade. Em uma sociedade machista de anos atrás se dedica ao exercício da vadiagem. Observa o que ninguém vê mas que está diante de nossos olhos. O motivo é simples, o mundo que o cerca é intrigante. Porém, o roteiro assinado pela dupla Leandro Assis e Nina Crintzs se perde no clichê de tentar preencher lacunas extras na historinha de amor que é projetada na história, deixando de lado a interessante investigação feita pelo ótimo personagem interpretado por Caio Blat, Félix Pacheco.


Talvez o ponto mais positivo do filme, a trilha sonora é assinada pelo ex-guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos (que já havia composto a trilha de Malu de Bicicleta e O Inventor de Sonhos) é simplesmente ótima. Villa-Lobos deveria fazer essa incursão ao universo cinema mais vezes. De resto, Muitos Homens num Só é mais um filme nacional com potencial gigantesco que acaba naufragando. 
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Crítica do filme: 'Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken)'

Baseado no livro homônimo de Peter R. de Vries, Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken) é baseado em fatos reais e conta com certos detalhes o seqüestro de um dos chefões da cervejaria Heineken, que aconteceu na década de 80, na Holanda. Para dirigir essa explosiva história, foi chamado o cineasta sueco Daniel Alfredson (A Rainha do Castelo de Ar e A Menina Que Brincava Com Fogo) e para interpretar o representante da família Heineken Anthony Hopkins. Por mais que seja um projeto corajoso e com pontos positivos, existe uma falha óbvia nas sustentações dos personagens, Sam Worthington (Avatar) compromete bastante a trama e tem uma atuação bem abaixo da média. Jim Sturgess não brilha como poderia e Hopkins fica meio esquecido, não podendo contribuir com sua força cênica.   

Na trama, voltamos ao ano de 1983 na Holanda, onde o magnata holandês de cervejas Freddy Heineken (Anthony Hopkins) foi seqüestrado e ficou preso, junto de seu motorista, durante 3 semanas em um galpão.  Ambos só foram soltos depois do pagamento de 35 milhões de guilders holandeses (aproximadamente 21 milhões de dólares) aos criminosos, o valor mais alto da história pago por um sequestro. O bando de criminosos era comandando por Cor Van Hout (Jim Sturgess) um desiludido homem que a beira do desespero e com a esposa grávida resolve arquitetar este plano juntamente com outros quatro colegas.  

O roteiro tem fundamental importância para a baixa harmonia que vemos entre história e personagens. Em seu primeiro arco, resolve modelar todo o pensamento e os porquês por trás do seqüestro, apresenta características familiares dos envolvidos e as possíveis conseqüências de seus atos. Quando acontece o roubo e no momento onde tínhamos que conhecer melhor o ponto de interseção das histórias, O Sr. Heineken,   o filme praticamente esquece de modelar quem é esse personagem e mostrar mais dos dias dele em cativeiro. O foco quase total nos seqüestrados resolveria a questão da interação com o público caso esses personagens conseguissem ser empáticos ou bem desenvolvidos pelos seus intérpretes, fatores que não acontecem. Todos no elenco tem atuações apenas regulares ou ruins.


Assim, Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken), se caracteriza como mais um filme mais ou menos que tem pessoas famosas no elenco. Não deixará lembranças na memória cinéfila e ainda e somente cutucará a curiosidade sobre mais elementos dessa história, já que, Peter R. de Vries, revelou em uma entrevista que não foi à première do filme por ter desaprovado a versão final do filme, afirmando que o mesmo ficou muito diferente do que realmente aconteceu. Será que numa segunda versão, o resultado como filme seria melhor?
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Crítica do filme: 'A Dama Dourada'

Podes ter de travar uma batalha mais de uma vez, para a vencer. Após o interessante Sete Dias com Marilyn, o cineasta britânico Simon Curtis volta à direção de uma longa-metragem, dessa vez para falar sobre uma história incrível de determinação e inteligência baseada em fatos reais. A Dama Dourada, passado na década de 80, na Califórnia, é um drama com cirúrgicas pitadas de humor, oriundo da interpretação digna de Oscar de uma das grandes atrizes britânica em atividade: Helen Mirren. No elenco ainda o excelso Daniel Brühl e a surpreendente atuação do ex-Lanterna Verde, Ryan Reynolds.

Na trama, conhecemos Maria Altmann (Helen Mirren), uma senhora inteligente e com muito bom humor, que por um longo tempo viveu os horrores da guerra. Sobrevivente do Holocausto e vivendo nos Estados Unidos a muito tempo busca a ajuda de um jovem e inexperiente advogado, neto de um grande compositor austríaco, Randol Schoenberg (Ryan Reynolds) para recuperar a obra de arte, Retrato de Adele Bloch-Bauer I, do pintor austríaco Gustav Klimt, que ficou mais conhecido como The Lady in Gold . Essa obra de arte pertencente à sua família e foi roubada pelos nazistas durante a guerra. Assim, o sonho dessa senhora é recuperar o quadro que está exposta em um museu na Áustria, para isso vai processar o governo austríaco e lutar pelos seus direitos.

Existe muito carisma em cena. Helen Mirren e Ryan Reynolds, surpreendentemente encontram uma química maravilhosa. O surpreendente referido, não é pela ótima Mirren mas sim pelo quase sempre fraco em atuações Reynolds. A competência de Simon Curtis é de fundamental ajuda para ficarmos sem conseguir tirar os olhos da telona. O roteiro é muito dinâmico/inteligente e fecha todos seus arcos explicando com cuidado e muita sapiência. Os coadjuvantes são muito bem representados por Daniel Brühl já que Katie Holmes, que interpreta a esposa de Randol Schoenberg (Reynolds) praticamente nem aparece em cena, sendo anulada completamente da história.


As situações apresentadas dentro de ambientações na época para o decorrer dos fatos daquele tempo, transportam o espectador para dentro de uma história repleta de drama sobre uma família, que assim como milhares, sofreram os horrores da guerra, tendo seus bens roubados e principalmente suas vidas alteradas para sempre. Nesta bela fita, que estreia aqui no Brasil em agosto, há muita delicadeza e atuações acima da média para tratar de um tema tão pesado como as ações dos nazistas na mais famosa das guerras mundiais. 
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03/07/2015

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Crítica do filme: 'Meu Verão na Provença'

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. Depois do ótimo Amor é Ódio no já distante ano de 2010, a cineasta Rose Bosch volta a direção, dessa vez em um filme muito bonito que mostra todas as fases de uma família contada de uma maneira deliciosa. Somando-se a isso, o longa-metragem que estreou no circuito brasileiro na última quinta-feira (02.07), conta com uma atuação maravilhosa do excelente ator francês Jean Reno.

Na trama, conhecemos três irmãos de personalidades diferentes, entre eles um jovenzinho com deficiência auditiva, que partem, forçadamente, de férias para a bela cidade de Florença, na Itália, logo depois de um abalo na estrutura familiar que estavam acostumados. Meio sem saber o que será do destino deles, chegam à casa de Paul (Jean Reno) e Irene (Anna Galiena), seus avós que não viam a muito tempo. Por conta de brigas familiares, não conheciam direito seu avô, um idoso rabugento que vai aprender com a juventude a sorrir novamente.

A primeira vista, parece que Meu Verão na Provença não passa de um filme bobinho, aguinha com açúcar, que avançará por clichês durante todos os 105 minutos de duração. Bem, o filme é muito mais profundo do que isso. O entrosamento dos atores em cena é um dos pontos de sustentações da história, que contém uma premissa bem simples, um conflituoso choque de gerações oriundos, em partes, de escolhas do passado. O desenvolvimento desses personagens ao longo do filme é delicado e só realmente percebemos o quanto que a história é cativante no arco final. Alguns podem até achar alguns diálogos bobinhos mas garanto a vocês, de bobinho esse filme não tem nada.


O foco da trama gira em torno do personagem de Jean Reno, Paul, um quase velhinho amargurado, rabugento, que na verdade sofre internamente com saudades de seu passado underground onde passava dias e dias viajando numa levada Hippie. Como em time de futebol, no cinema acontece a mesma coisa, quando você tem um super talento na sua equipe você joga a bola para ele que o mesmo resolve. Jean Reno, com muita habilidade em cena consegue agarrar o espectador do primeiro ao último minuto e o melhor de tudo: não decepciona! Sem dúvidas, uma das melhores atuações deste grande astro do cinema mundial.
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