31/03/2013

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Crítica do filme: 'Kon Tiki'

Até onde vai a coragem e o sonho de homem? Os cineasta noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg (Bandidas) chegam aos cinemas brasileiros contando uma história real sobre uma aventura inacreditável que o explorador  Thor Heyerdahl viveu na década de 40  à bordo de um barco frágil enfrentando os perigos do mar. Com imagens belíssimas e um roteiro atraente e voltado aos conflitos pessoais, a produção escandinava conseguiu a proeza de estar na lista final que concorreu ao Oscar deste ano (lista que não teve o sucesso popstar Os Intocáveis), merecidamente diga-se de passagem.

Em Kon Tiki (filme que leva o nome do barco da missão) conhecemos mais de perto a história do lendário explorador de sociedades Thor Heyerdal que após muitas pesquisas, reunidas em um trabalho de quase uma década, resolve convencer seus patrocinadores a investirem em uma travessia de 4.300 milhas para dentro do oceano Pacífico navegando em uma jangada de madeira obsoleta, no ano de 1947, para provar sua teoria de que era possível para os sul-americanos, navegar e chegar na Polinésia pela América do Sul em tempos pré-colombianos.

O filme se sustenta nas crises pessoais de cada um dos integrantes dessa aventura, que são muito bem apresentados, principalmente seu protagonista, durante toda a história. A saudade, a esperança, a dúvida, o foco e o medo são elementos marcantes que vão consumindo os personagens nos momentos de tensão. Entre belas imagens e diálogos calorosos, o público é praticamente colocado dentro daquele barco de expedição não desgrudando o olho da telona.

Com um orçamento que passou dos U$$ 16 Milhões o filme demorou para ser realizado. O produtor executivo, Jeremy Thomas, queria fazer o longa desde 1996 mas só foi concedido o direito de contar essa história, pelo próprio Sr. Heyerdahl, pouco antes de sua morte, em 2002. O interessante disso tudo é que a tecnologia, utilizada para melhorias no mundo do cinema, teve inúmeras melhorias durante esse período e dezenas de recursos que antes não eram possíveis agora conseguem aproximar cada vez mais o espectador do que acontece nas telonas.

Muito bem produzido, Kon Tiki deve levar muitos amantes do gênero aventura aos cinemas, afinal, quem não gosta de se emocionar com uma história de conquista de um homem que sonhou e realizou?
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26/03/2013

Crítica do filme: 'O Último Elvis'


Festas para uns, vida para outros. A subida lenta pela escada, logo no início do filme mostrava que muitos detalhes seriam mostrados durante os poucos mais de 90 minutos do ótimo drama argentino O Último Elvis. Dirigido pelo cineasta Armando Bo, o longa personifica o drama em torno de um pai de família que busca uma vida melhor, paralela ao sonho que sempre teve. A maneira comovente que é apresentada essa história aproxima o público na série de fatos que preenchem aos poucos a telona.

Nesse drama existencial, acompanhamos a trajetória de Gutierrez, metalúrgico uniformizado durante o dia, Elvis Presley Cover com calça de boca de sino durante a noite. O protagonista personifica a figura de Elvis, não só nos palcos mas em todo o seu dia-a-dia. A dupla jornada do protagonista nunca é quebrada mesmo quando problemas com sua ex-mulher colocam em risco seus objetivos.O mundo dos covers é apresentado de maneira verdadeira e não se escondendo nada. As dificuldades dos artistas que vivem no anonimato, imitando os grandes astros é escancarada de maneira dura. Entre belas canções, roupas e expressões de uma época toma conta da telona. A direção é muito inteligente, molda as sequências apresentando todos os detalhes e principalmente colocando o espectador dentro das cenas.

O filme, em determinado momento, foca na relação pai e filha. Essas sequências apresentam um choque quando as irresponsabilidades entram em confronto com as responsabilidades fazendo o protagonista refletir até certo ponto. O personagem, amargurado por não conseguir com seu sonho se vê em torno do famoso dilema shakespeariano: Ser ou não ser, eis a questão.

O roteiro muitas vezes parece sem pretensão ou propósito mas o protagonista, excêntrico por si só, gera ótimas sequências guiando o público para um desfecho emblemático. Quando sobe ao palco, o jeito pacato e triste se modifica, transformando-se em alegria e carisma aos olhos do público. A voz é idêntica, só faltam o dinheiro e o glamour. As canções são arrepiantes, o ator John Mc Inerny tem uma atuação muito convincente.

A inconsequente busca de um sonho nem sempre é uma história feliz. A sessão nostalgia e as canções que nunca sairão da memória são detalhes muito bem aproveitados pela história. Afinal, quem inventou o rock and roll nunca sai de moda!
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24/03/2013

Crítica do filme: 'A Caça'


O que começa em novembro e não termina nunca mais. Discussões em familiares, bebedeiras e caça entre amigos, o novo trabalho do aclamado diretor, criador do movimento Dogma 95, Thomas Vinterberg (Submarino) é um daqueles filmes inesquecíveis onde sentimos do lado de cá da telona toda a angústia e injustiça que ocorre nas sequências desse que até o momento é, disparado, o melhor filme do ano.

Em A Caça, conhecemos um professor alto astral, de bem com a vida, que é muito querido por toda a comunidade em que vive. Certo dia, uma acusação de uma de suas alunas (filha de seu melhor amigo) deixa o professor exposto em um caso de pedofilia. Ao seu lado, somente sua nova namorada, seu filho e um dos seus inúmeros amigos. A agonia e aflição do protagonista é algo que chega de maneira intensa ao espectador. A dor, o medo, as incertezas são moldadas genialmente pelo intérprete do personagem. Mads Mikkelsen (O Amante da Rainha) tem uma atuação magnífica, impactante. Um dos melhores atores desse planeta, não tenham dúvida disso.

A construção dos personagens dentro do contexto, especialidade de Vinterberg é o grande pilar desse drama comovente que gera uma comoção do público. Poucas vezes assistimos um filme e já pensamos nos debates que podem acontecer.  O absurdo maior fica com as atitudes da dona do colégio e como a mesma guia suas terríveis suspeitas. Acaba virando uma vilã inconsequente aos olhos de quem sofre junto com o personagem injustiçado. Cruel e demonstrando uma total inexperiência na função de diretora, gera indignação de todos na sala de cinema.

A desconfiança, a busca pelos seus direitos, a destruição de uma vida. Na segunda metade do longa, vemos as consequências dos acontecimentos que abalam de vez aquela pacata cidade e principalmente a vida do homem marcado por uma denúncia imatura de um certo porão imaginário. Vinterberg sabe como poucos explorar histórias conflituosas, como essa. O desfecho é emblemático, a licença para a caça do filho de alguém que sempre terá um olhar desconfiado dos seus próprios amigos.

A culpa, o perdão, a indignação. Sentimentos que andam em conjunto destruindo emocionalmente os personagens e brindando o público com uma verdadeira obra de arte. Cinema bom é assim mesmo, faz o público refletir. Bravo!


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17/03/2013

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Crítica do filme: 'Os Croods'


Não se esconda, viva! Siga o sol, chegue até o amanhã! A nova animação da Dreamworks, Os Croods, chega para conquistar o coração dos pequenos cinéfilos (e dos papais também) com muito humor, um ótimo roteiro e personagens cativantes. Dirigido pelos criadores de Space Chimps (Kirk De Micco) e Como Treinar Seu Dragão (Chris Sanders), a aventura com ar épico é a primeira animação da DreamWorks distribuída pela Fox.  Parece que será a primeira de muitas, o filme é uma delícia! Recheada de elementos que transformam a ida ao cinema em uma grande diversão para todas as idades!

Vivendo em um mundo onde ter medo é igual à sobrevivência, conhecemos uma grande família, Os Croods. Morando em uma caverna, todo dia é uma aventura. Cheios de regras para não correrem riscos, conflitos familiares (desde a idade da pedra) ocorrem o tempo todo principalmente entre o pai e a filha mais velha, que possui um certo ar de liberdade. A força dessa família é a união para conseguir superar os obstáculos. Após ficarem desabrigados, ganham um novo amigo que usa o fogo como aliado, assim são guiados para um mundo novo, cheio de novas criaturas e muita luz.

Colocando os primeiros sapatos, criando uma inusitada maneira de brincar de jogo da velha, fazendo sem querer pipocas gigantes, surfando nas pedras, o primeiro encontro com a chuva, as diferenças entre o viver e o sobreviver é a grande lição que todos vão aprendendo. Adoram contar e ouvir histórias, o que aproximam ainda mais a criançada dos simpáticos personagens que aparecem ao longo da projeção. A importância da ideia, a descoberta do abraço, os shows de marionetes, todos os personagens são especiais, passando ao público todo um carisma que impressiona.

O grande barato é a questão filosófica que é abordada na história do filme. Quando a família resolve mudar as regras que os mantinham na escuridão, somos guiados a uma analogia maravilhosa ao Mito das Cavernas, aquele mesmo narrado pelo famoso pensador no livro VII do clássico A República.  Cada cena mostra claramente que através do conhecimento, é possível captar a existência do mundo sensível e do mundo inteligível. Platão para a criançada, um máximo! Louvável!

Há muito tempo não vale tanto a pena ir ao cinema com a criançada. Até os adultos se divertem! Umas das melhoras animações dos últimos tempos, inteligente e emocionante. Bravo!
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15/03/2013

Crítica do filme: 'Vai que Dá Certo'


Com uma abertura no melhor estilo Detona Ralph, o novo filme do cineasta Maurício Farias (Verônica) chega aos cinemas tentando convencer o público de que possui um diferencial em relação a outras comédias lançadas recentemente. Filmado em Campinas (SP), Vai que Dá Certo é a junção de sketches transformada em um longa metragem, onde, flatulências e piadas sem graça ganham espaço, tornando a história previsível e boba.

Na trama somos apresentados a um grupo de amigos que estão passando por sérias dificuldades financeiras. Certo dia, após uma oportunidade bater a porta, resolvem bolar um plano para roubar um carro forte. Demonstrando total inexperiência e arranjando confusão a todo instante o grupo de amigos terá que achar uma solução para todos os problemas que se multiplicam a cada cena.

Os personagens são completamente estereotipados. O que acaba ocasionando um exagero na maneira de passar essa peculiaridade ao público. É tudo muito exagerado onde uns personagens acabam brilhando bem mais que outros. Os coadjuvantes praticamente não existem, não ajudam de maneira alguma a dar algum tipo de qualidade na interação entre o que acontece em tela e o público. Gregório Duvivier (Não se Preocupe, nada vai dar certo) é o melhor em cena. Seu personagem, extremamente imaturo, rende boas risadas com seu leque de analogias entre o mundo dos desenhos com os dos filmes. Discussões sobre a boemia do Batman e o histórico de mulherengo de James Bond estão entre os melhores diálogos do filme.

O filme tem partes engraçadas mas novamente, como em outras produções recentes do gênero, cai na mesmice não conseguindo transmitir nenhum diferencial. Sequestradores com Ak-47, roupas de seriados americanos dos anos 90, simulações de danças em Pole Dance, os artistas fazem de tudo um pouco para tentar agradar o público. Parece um show de Stand Up Comedy, cada um tem seu minuto e juntos tentam compor uma história de quase 90 minutos. O roteiro praticamente não existe, o que sustenta o espectador em sua poltrona são algumas boas sequências de palhaçadas, fruto da experiência de alguns dos atores no teatro.

Cervejinha, futebol e muito piada. Para tentar conquistar o público essas são as armas usadas. Vai que dá certo...
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12/03/2013

Crítica do filme 'A Fuga'


Depois do ótimo longa Os Falsários, o cineasta austríaco Stefan Ruzowitzky chega aos cinemas brasileiros apostando no suspense A Fuga. Protagonizado por Eric Bana (Hanna) e Olivia Wilde (As Palavras), o filme é uma verdadeira confusão. Nada se encaixa, tudo se repete. É tanto clichê que o público começa a fazer analogias com outras produções, nada é original. Há muitos personagens para pouca história. Os problemas são inúmeros: atuações ruins, personagens mal escritos e uma trama que se perde entre as muitas histórias que são apresentadas em 95 minutos de projeção.

Rodado no Canadá e estimado em U$$ 12 Milhões de Dólares, o suspense segue dois irmãos (Bana e Wilde) que sempre cuidaram um do outro em diversos golpes por diferentes cidades. Até que um dia, na sequência de um assalto mal sucedido a um cassino, os dois se separam e vão parar em uma cidade gelada. O irmão, indo pelo caminho mais complicado atravessa impiedosamente a todos que vê pelo caminho, já a irmã se apaixona no meio da estrada por um jovem que acabou de sair da prisão. O reencontro improvável entre ambos vai ocorrer durante a celebração de uma família no meio da comemoração do Dia de Ação de Graças.

O roteiro é o grande problema deste filme. É muito difícil amarrar um roteiro com tantas histórias paralelas. Irmãos unidos pelo crime e desunidos pelas características distintas que possuem. Paralelo a isso vemos um ex-boxeador que acaba de sair da prisão e tem que conviver com o desdém do seu pai. Uma terceira história, a de uma jovem policial que acaba de passar na prova do FBI acaba aparecendo, trocando o foco da premissa, deixando a história cada vez mais confusa aos olhos do público.

As subtramas são muito mal aproveitadas. O desenvolvimento de um dos personagens, o homem da esquerda mortal, o ex-boxeador é muito mal explorada. A história de amor que nasce, de repente, é muito acelerada, em uma sequência estão se conhecendo, 5 minutos depois já viraram almas gêmeas. Uma perseguição é instaurada pelo irmão de 9 dedos  mas os envolvidos não tem um objetivo específico levando-os a um acaso que só em filmes mesmo para existir.

Com tantos pontos negativos levantados, não precisa nem de nota. Se é para dormir na cadeira do cinema, melhor fazer isso no conforto de nossa casa.

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Crítica do filme: 'Pieta'


Até aonde a falta de amor materno é importante para a formação do caráter de um homem? O vencedor do Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza 2012, Pieta é um filme bruto, nu, cu e nada delicado. Escrito e dirigido pelo cineasta sul-coreano Kim Ki-duk (Casa Vazia), o longa apresenta cenas muito fortes que deixarão alguns cinéfilos incomodados. É um filme difícil de digerir. Nessa complexa trama, os rostos dos personagens são expressivos. Uma agonia muito transparente fica estagnada em tela. A plateia sai do cinema raciocinando sobre todos os eventos que acompanhou durante os minutos, tensos, de projeção.

Na história, conhecemos Mi-Son um cobrador de dívidas que é conhecido como um decepador de membros dos que não cumprem seus acordos. Assim entramos pelas histórias desses trabalhadores coadjuvantes, sempre pelos olhos depressivos do protagonista, um homem frio, avesso à irresponsabilidade, insano, maldoso, cruel que adota muitas vezes humilhações (como, por exemplo, uma surra com um sutiã) como arma contra os devedores. O feitiço vira contra o feiticeiro quando uma misteriosa mulher chega em sua casa dizendo ser sua mãe que o abandonou a 30 anos. A partir desse fato, o inescrupuloso homem passa a ter medo de prováveis vinganças de todos aqueles que um dia foram atingidos, de alguma forma, por ele.

Nesse filme extremamente polêmico, o público se pergunta: Será que o personagem principal sofre de síndrome do abandono? Uma relação de mãe e filho, neste caso, que começa com ódio e vai se desenvolvendo, carregada de rancor e sofrimento pelo triste passado sozinho do protagonista. Uma dependência de ambas as partes é notoriamente observada, fato que leva os personagens a difíceis decisões já no desfecho da história. Há um carinho embutido em cada sequência, mesmo as mais fortes, que é fruto dessa relação de duas pessoas que não se conheciam.

Quando revelações bombásticas são feitas, durante o decorrer da história, muitos amantes do cinema lembrarão rapidamente de outro longa oriental, Oldboy. O vai e vem do roteiro deixa o clima de suspense no ar. Não sabemos ao certo para onde a história nos levará, então, se o espectador conseguir ser envolvido e passar confiante pelas cenas de mutilação, receberá um desfecho impactante de um filme que começa muito gelado e termina de maneira arrasadora.

Os gritos antes dos créditos finais aliviam aos que queriam que terminasse logo todo aquele sofrimento. Para outros pode fechar com chave de ouro o desfecho emblemático, cheio de simbolismo, clássico dos filmes orientais.  
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11/03/2013

Crítica do filme: 'Linha de Ação'


O que fazer quando não há heróis? Quando somos simplesmente envolvidos em situações incontroláveis? Dirigindo pelo norte-americano Allen Hughes (Nova York, Eu Te Amo), Linha de Ação é um suspense político que mostra as muitas facetas de personagens intrigantes que se envolvem constantemente em ótimos diálogos, fruto do primeiro roteiro para cinema do jovem escritor Brian Tucker. Tramas políticas costumam ser maçantes mas esse apresenta diferenciais e muitas saídas para o seu desfecho deixando o público com os olhos fixos em cada cena.

Em uma cidade recheado de intensas tramas políticas, conhecemos o ex-policial Billy Taggart (que demora três segundos para rejeitar uma bebida, por conta de seu problema com alcoolismo) que vive a sete anos em busca de uma redenção após estar envolvido em um crime que chocou uma comunidade. Alguns anos depois do ocorrido, nos dias atuais, a vingança vai rondar sua mente já que novamente está de frente com o mundo das chantagens e traições e sua figura mais poderosa o prefeito Nicholas Hostetler (Russell Crowe).

O protagonista é cheio de defeitos e eles são brilhantemente reunidos em um liquidificar de emoções, muito bem executado pelo ator que o interpreta. Não é nenhum absurdo de dizer que Linha de Ação é um dos melhores trabalhos de Mark Wahlberg (Ted) nas telonas. Os coadjuvantes não são esquecidos, se destacando, cada um com seu personagem, para o melhor entendimento da trama. Eles conseguem espaço e comandam o ritmo intenso do que vemos no cinema. A personagem coadjuvante Katy Bradshaw, interpretada pela novata Alona Tal, rouba a cena em muitos momentos, tem ótimas sequências com o personagem de Wahlberg.

O longa não tem heróis, todo mundo comete erros. Os pecados do passado são as surpresas, ou melhor, uma espécie de pistas que são jogadas pelo enredo deixando a todo o público sem a mínima ideia do que vai ser de cada destino envolvido. Quando antigos demônios do passado perseguem o personagem principal, somos jogados a um descontrole intenso e inconsequente o que transforma a trama em um suspense inteligente com um final sugestivo onde é mostrado que todo mundo uma hora tem que pagar as suas dívidas.

Um suspense que prende a atenção do espectador do início ao fim. Vale muito a pena conferir esse ótimo thriller que estreia na próxima sexta-feira nos nossos cinemas. 
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07/03/2013

Crítica do filme: 'A Busca'


Aflição à flor da pele de memórias que não voltam. Em seu primeiro longa metragem o cineasta Luciano Moura apostou em uma história diferente dentro de um gênero que não é a comédia batida que infelizmente estamos acostumados com as produções brasileiras. Estrelado pelo melhor ator brasileiro atualmente, Wagner Moura (O Homem do Futuro),  A Busca é uma trama corajosa, onde não há exageros. Consegue reunir elementos envolventes e um protagonista que passa verdade, pecando apenas pelo esquecimento dos personagens coadjuvantes.

Wagner Moura interpreta Théo um homem desesperado que encontra-se à beira do caos com sua família desestruturada.  Não se entende com sua mulher e filho, atitudes de amor e ódio circulam entre as cenas. Mariana Lima (Amor?) interpreta a doutora Branca, mulher de Théo que está em profunda tristeza com o declínio de seu casamento. O casal tem um filho chamado Pedro que certo dia resolve fugir de casa para uma aventura com um objetivo secreto que vai abalar para sempre os laços dessa família.

Seguindo em seu carro com a gasolina infinita (uma licença poética, quem sabe), atravessando dois estados, de casa em casa, totalmente sem destino, fazendo parto, roubando celular de um lugar que só tem um aparelho disponível, atravessando dois estados, Théo vai conhecendo pessoas, descobrindo histórias e conhecendo melhor a si mesmo. O sofrimento da família é despejado e retratado no personagem, o que deixa os coadjuvantes em completo segundo plano.

A busca tinha tudo haver com o personagem principal, muito mais do que ele pensava. Nessa hora o roteiro cresce tentando mostrar o caminho que leva o personagem ao autodescobrimento. Wagner Moura (O Homem do Futuro) transborda talento e emoção em cada cena. Intenso, profundo, emocionante. Um dos grandes atores do planeta cinema. Lima Duarte (Colegas) aparece poucos minutos em cena. É o que precisa para fazer o público se emocionar. Arrepiante atuação, complementa o personagem de Moura de maneira visceral.

Conflitos familiares de proporções extremas são vistos ao longo dos 99 minutos de projeção. A câmera do diretor apresenta os detalhes e expressões de cada um dos envolvidos nas sequências. É uma composição que ajuda a melhorar a percepção do espectador. O resgate da esperança é um complemento que é alcançado pelas lentes da direção principalmente a construção e a desconstrução emocional de cada um dos envolvidos na história.

Mesmo não sendo perfeito, a busca de um pai e o recomeço de um filho é uma ideia que contagiará o público a conferir o filme.  Que não haja dúvidas! A Busca é um bom filme nacional e enche os olhos cinéfilos com atuações que valem o ingresso. 
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Crítica do filme: 'Amor é Tudo o Que Você Precisa'


Será que o destino é o fator que define uma história de amor? Escrito pelo competente Anders Thomas Jensen (Em um Mundo Melhor) a nova comédia dramática romântica Amor é Tudo o Que Você Precisa aborda a questão familiar de maneira inconsequentes, tendo como pano de fundo um casamento repleto de confusão. Vocês já viram algo parecido em outros filmes? Exatamente! Para ser diferente, e fugir dos clichês, a diretora ganhadora do Oscar Susanne Bier (Em um Mundo Melhor) peca por não conseguir encontrar o ritmo certo. A trilha de Johan Söderqvist é entusiasta se adequando as sequências, às vezes deixa o filme com ar de fábula o que pode ser uma coisa desinteressante para o público alvo que se propõe o longa.

Amor é Tudo o Que Você Precisa conta a história de dois personagens, um homem e uma mulher, que se encontram de maneira inusitada após uma batida automobilística. O primeiro é um  workaholic norte-americano (que ganha de presentes inusitados ao longo do filme, como um salto de paraquedas e um sapato de salto alto para dançar tango), Executivo do ramo alimentício, viúvo, que vive triste e solitário. A segunda é uma cabeleireira que perdeu os cabelos por conta do seu tratamento contra um câncer. Os dois vão se encontrar de maneira inusitada após um acidente de carro e vão juntos até o casamento de seus filhos.

A personagem Ida, de longe, é a que mais sofre com as inconsequências dos outros personagens. Uma mulher que está lutando contra um câncer e surpreendentemente flagra o marido com uma funcionária no sofá de couro de sua casa. Tem um filho que vai para a guerra e uma filha prestes a se casar. Raspar o cabelo, nadar como veio ao mundo e um enquadramento de nu frontal estão completamente dentro do contexto. Nada é gratuito. Uma doação tocante da atriz Trine Dyrholm (O Amante da Rainha).

Bom ver o ex-James Bond Pierce Brosnan (Não Sei Como Ela Consegue) depois de muito tempo se associando a filmes ruins, resolver dar uma guinada na carreira. Já é o terceiro filme de drama, sendo competente em seu papel, que lança em pouco tempo (os outros foram Lembranças e Em Busca de uma Chance). Os cinéfilos agradecem.

As situações dramáticas que cocorrem no casamento levam o público a tomar partido de alguns personagens. O roteiro gira em torno da personagem principal feminina. Exagerado nos dramas pessoais e abrindo brecha para que alguns sonhos virem realidade, o que acaba deixando o filme previsível, do começo ao fim. Não há um diferencial de Bier nesta direção. Seu olhar precisava das inusitadas situações que ocorriam em seus outros filmes, mas nesse caso, como no filme Coisas que Perdemos pelo Caminho (2007), não há muita química em cena, por mais que seus dois protagonistas tentam a todo tempo envolver a plateia exalando o carisma de seus personagens.

Dessa vez, Bier não acerta mas não deixa de ser um filme que pode emocionar alguns. Um clássico filme raso, estilo sessão da tarde.  
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