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17/04/2012

Crítica do filme - 'Eu Receberia as Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios'

Um amor carnal e um amor por consideração, tudo isso em forma de poesia filmada. No novo trabalho dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca, “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos”, somos apresentados a Lavínia, uma mulher complicada que passou por muitas fases em sua conturbada vida. Vive num triângulo amoroso com um pastor e um fotógrafo, que os leva à um esgotamento até a alma, terminando em um desfecho para lá de simbólico. Com um ritmo lento em alguns momentos, principalmente em seu início, o espectador pode ter uma grande dificuldade de se conectar com a história, porém, já segue o conselho desse amante da sétima arte: Não importa a lentidão, veja-o até o fim é um magnífico trabalho, em muitos sentidos.

O triângulo amoroso que é moldado leva os personagens a um extremo em suas ações e na sua maneira de pensar. É uma fita viril quando tem que ser, carnal como toda relação em alguns momentos.  Se tivesse uma versão estrangeira desse filme, um remake propriamente dito, o diretor mais indicado para comandar esse barco poético seria Steve Mcqueen. Um casamento interessante, não acham?

A trama tenta seguir em sua linha poética, às vezes entre guaches e beijos, muitas vezes via fotografias e expressões artísticas que são muito bem trabalhadas pela lente objetiva dos diretores. Vemos parte da história ser contada por fotografias belíssimas em meio à obsessão do personagem principal por sua musa Lavínia. O veterano ator de teatro Gustavo Machado (que está muito bem no papel) dá vida à Caubi, um fotógrafo que se apaixona por uma mulher casada e vive um intensa paixão que gera consequências à todos, acaba sendo colocado de encontro à frase: “Na terra de cego, quem tem olho é rei”. O Pastor Ernani, outro vértice dessa forma geométrica, é interpretado por ZéCarlos Machado (também excelente no papel). Possui paralelos com a história da mulher que acolhe, vê muito do seu passado naquela jovem alma, parece sofrer junto dela. Lavínia é uma mulher complicada que conhece o marido em circunstâncias terríveis e pouco tempo após esse encontro acabou tendo sua alma salva por esse pastor de fala objetiva. Camila Pitanga passa uma aflição com seu olhar penetrante. Sua Lavínia é um grande enigma, a princípio não sabemos como foi o caminho dessa personagem e impressiona como essa linda atriz consegue interpretar tantas em uma só. Fantástica atuação dessa musa do nosso cinema.

Há cenas muito difíceis para os artistas executarem, há uma entrega grande de todos os envolvidos, é nítido nas sequências. O personagem Victor e suas cutucadas poéticas são um contraponto, ótimo, excelente interpretação de Gero Camilo. O final tem pitacos de crítica social muito bem amarrados no sólido roteiro de Beto Brant, Renato Ciasca, Marçal Aquino.

Falsos finais prolongam a fita até o angustiante desfecho, trágico para alguns e simbólicos para muitos. Em meio a muitos cortes, Beto Brant e Renato Ciasca realizam uma direção muito competente com a câmera esperta e olhares únicos sobre aquela história que saiu dos livros e ganhou uma bela vida na telona.

Recomendado! Dê uma chance ao nosso cinema!

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