Será que o destino é o fator que define uma história de
amor? Escrito pelo competente Anders Thomas Jensen (Em um Mundo Melhor) a
nova comédia dramática romântica Amor é Tudo o Que Você Precisa
aborda a questão familiar de maneira inconsequentes, tendo como pano de fundo
um casamento repleto de confusão. Vocês já viram algo parecido em outros
filmes? Exatamente! Para ser diferente, e fugir dos clichês, a diretora
ganhadora do Oscar Susanne Bier (Em um Mundo Melhor) peca por não
conseguir encontrar o ritmo certo. A trilha de Johan Söderqvist é entusiasta se
adequando as sequências, às vezes deixa o filme com ar de fábula o que pode ser
uma coisa desinteressante para o público alvo que se propõe o longa.
Amor é Tudo o Que Você Precisa conta a história de dois
personagens, um homem e uma mulher, que se encontram de maneira inusitada após
uma batida automobilística. O primeiro é um workaholic norte-americano (que ganha de
presentes inusitados ao longo do filme, como um salto de paraquedas e um sapato
de salto alto para dançar tango), Executivo do ramo alimentício, viúvo, que
vive triste e solitário. A segunda é uma cabeleireira que perdeu os cabelos por
conta do seu tratamento contra um câncer. Os dois vão se encontrar de maneira
inusitada após um acidente de carro e vão juntos até o casamento de seus
filhos.
A personagem Ida, de longe, é a que mais sofre com as
inconsequências dos outros personagens. Uma mulher que está lutando contra um
câncer e surpreendentemente flagra o marido com uma funcionária no sofá de
couro de sua casa. Tem um filho que vai para a guerra e uma filha prestes a se
casar. Raspar o cabelo, nadar como veio ao mundo e um enquadramento de nu
frontal estão completamente dentro do contexto. Nada é gratuito. Uma doação
tocante da atriz Trine Dyrholm (O Amante da Rainha).
Bom ver o ex-James Bond Pierce Brosnan (Não Sei Como Ela Consegue) depois de muito tempo se associando a filmes ruins, resolver dar uma guinada na carreira. Já é o terceiro filme de drama, sendo competente em seu papel, que lança em pouco tempo (os outros foram Lembranças e Em Busca de uma Chance). Os cinéfilos agradecem.
As situações dramáticas que cocorrem no casamento levam o
público a tomar partido de alguns personagens. O roteiro gira em torno da
personagem principal feminina. Exagerado nos dramas pessoais e abrindo brecha
para que alguns sonhos virem realidade, o que acaba deixando o filme
previsível, do começo ao fim. Não há um diferencial de Bier nesta direção. Seu
olhar precisava das inusitadas situações que ocorriam em seus outros filmes,
mas nesse caso, como no filme Coisas que Perdemos pelo Caminho (2007),
não há muita química em cena, por mais que seus dois protagonistas tentam a
todo tempo envolver a plateia exalando o carisma de seus personagens.
Dessa vez, Bier não acerta mas não deixa de ser um filme que
pode emocionar alguns. Um clássico filme raso, estilo sessão da tarde.