03/07/2016

Crítica do filme: 'Como eu era antes de Você'



Baseado no livro de sucesso da escritora britânica Jojo Moyes, o drama Como eu era antes de Você é um daqueles filmes que tentam, a cada segundo de projeção, fisgar nossos corações e mexer com muitas emoções profundas.  Dirigido pela debutante em longas metragens Thea Sharrock, o projeto tem boas coisas, como a atuação emocionante de Emilia Clarke (a Daenerys Targaryen de Game of Thrones) e a sutileza de muitas cenas difíceis. Mas como nem tudo são flores, há um excesso de açúcar demais em algumas sequências o que perde um pouco da intensidade que o filme poderia ter. 

Na trama, conhecemos Will Traynor (Sam Claflin), um jovem que tinha tudo mas que após um infeliz acidente envolvendo uma motocicleta perdeu quase todos os movimentos de seu corpo. Vivendo em um lugar lindo, vigiado a todo instante por sua protetora mãe Camilla (Janet McTeer), Will precisa de uma nova assistente para ajudá-lo com as rotinas básicas diárias. Assim, surge na vida dele a impactante e delicada Lou (Emilia Clarke), uma jovem que abandonou a faculdade para poder ajudar seus pais e que em poucos meses vai mudar pra sempre a rotina da família Traynor. 

Se muita gente curtir o filme, muito se deve a atuação da estonteante Emilia Clarke. Sua Lou é o sonho de qualquer sogra: um sorriso impactante, uma energia profundamente positiva, um ar de ingenuidade misturado com uma garra que só se encontra em pessoas especiais. Praticamente desfilando em uma passarela imaginária (a dos sonhadores), seu figurino certamente será bastante lembrado, Lou traz ao outro protagonista uma dose inesquecível de esperança mesmo que essa já tenha tido seu prazo esgotado. É um rasteiro paralelo com a fé nossa de cada dia personificada em uma pessoa com as mais sinceras intenções. 

Mas aí, entra a questão dos açúcares mencionados na introdução. Para transformar essa trama em um filme, abusaram da melosidade. Não era preciso. A força da história está certamente na simplicidade de sua protagonista, por mais que o raio-x de qualidades e defeitos tenha sido feito com muita maestria, o roteiro acaba entrando em uma espécie de licença poética e adiciona demais em cenas que precisavam de elementos simples para criar o tal do boom da emoção inesquecível. Como eu era antes de Você perdeu a chance de ser lembrado e entrar em uma galeria cinéfila ao lado de PS Eu te Amo e Questão de Tempo.