05/11/2016

Crítica do filme: 'Doutor Estranho'

Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço. Um dos mais aguardados filmes do ano, desembarcou no Brasil no último dia 03 de novembro. Doutor Estranho é personagem dos quadrinhos criado pelo verdadeiro mago Stan Lee e Steve Ditko no início da década de 60. Arrogante e crendo apenas no que os livros e a dedicação lhe ensinaram ao longo de sua trajetória de vida até o momento que descobre muitas coisas sobre a essência do ser, do tempo e um mundo mágico que abre sua mente para novas revelações. Com todos esses elementos profundos e características bastante peculiares, o desafio do diretor escalado para dar vida a esse grande personagem nos cinemas, Scott Derrickson (Exorcismo de Emily Rose) era gigante mas esse passa com louvor e dirige com bastante maestria essa ótima aventura. No papel principal, o britânico sempre competente Benedict Cumberbatch, que mais uma vez desenvolve com eficiência e sabedoria seu complexo personagem.

Na trama, ao longo de 115 minutos muito bem explorados por Derrickson e Cia, conhecemos o Dr. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), um dos melhores neurocirurgiões de Nova Iorque, porém, arrogante por si só, é extremamente odiado por grande parte de sua equipe, exceto pela doutora Christine Palmer (Rachel McAdams). Certo dia, após sair para uma conferência sobre neurologia e dirigir de jeito completamente desleixado, sofre um grave acidente e sua mãos ficam incapacitadas levando Strange a uma busca desenfreada pela cura. Um dia, conhece um homem que conseguiu se curar indo para um lugar no Himalaia e resolve juntar duas últimas finanças para ir em busca dessa oportunidade. Chegando lá, se torna aprendiz de uma grande mestre (Tilda Swinton) que o ajuda aos poucos se tornar um grande mago.

Mestre das Artes Místicas, recheado de características filosóficas, uma inteligência oriunda de uma dedicação profunda aos livros. Doutor Estranho é um personagem tão fascinante que assim que soubemos que o filme iria acontecer bateu um medo gigante de como iriam fazer cinema de uma história que nos quadrinhos é genial. Para o bem de todo o coração cinéfilo nerd, a maioria das peças de encaixam com harmonia. Você se diverte, presencia ótimas atuações, para um pouco também para refletir sobre algumas questões existenciais e ainda percebe várias pontas soltas (de propósito) para serem encaixadas em futuros filmes de outros super heróis da Marvel.

Mas voltando ao filme em si, destaque, sem dúvidas, aos efeitos especiais que simplesmente são fantásticos. Não seria nenhuma loucura achar que um Oscar pode ser ganho por esse filme nesse quesito.  Às vezes nos sentimos em uma espécie de Matrix da Marvel, uma experiência bem interessante para quem está na cadeira do cinema vendo tudo de pertinho. O desenvolvimento de Stephen também é muito bem escrito e atuado. Vemos muitas fases do personagem, seus medos, suas virtudes, sua arrogância que vai diminuindo conforme o egoísmo vai saindo aos pouquinhos da mente do herói. Essa virada na trama, do pense em todos não pense só em si, é fundamental para que o protagonista execute com sua máxima eficiência tudo que aprendeu e o levou a ser um mago extremamente poderoso e inteligente.

O ponto negativo talvez seja o vilão da trama. Mais uma vez, em um filme da Marvel, quem enfrenta o protagonista não consegue ter desenvolvimento, mesmo, no caso, interpretado por um dos grandes atores europeus da última década, Mads Mikkelsen. Ta realmente muito difícil conseguir um vilão tão genial e bem interpretado como Loki (Tom Hiddleston), esse, mencionado num diálogo pós créditos desse filme.

De qualquer forma, Doutor Estranho é um dos grandes filmes da Marvel esse ano, empolgante e passa uma lição muito bonita que os livros ajudam mas o enxergar o planeta com um espírito coletivo é o grande aprendizado do universo. Bravo!